Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ainda existes, esperança?


Esperança.
Eu te conheço? Quem és?
Tens forma, cor, cheiro, qual gosto se sente no momento em que entras nos seres?

Alguns poetas te comparam a borboletas, asas batendo ao sol, livres e belas.
Se és livre, como prender-te dentro de nós?
Com correntes douradas, que louvem tua beleza, não... não pode ser!
Correntes representam a dor do aprisionar.
Então, se presas, há sofrimento.

Será que aquele bater descompassado no meu peito de criança ao imaginar-me quando crescesse e fosse bem grande, cercada das coisas mais belas; quando sonhava ser alguém
que mandasse nos meus próprios passos;
que fosse respeitada pelo que seria e que ajudasse aos outros,
curando, amparando os mais fracos e injustiçados,
será que eras tu, a iniciar-se no meu pequeno ser, pequeno e inocente?

E quando, menina - adolescente, ao sonhar com o primeiro amor,
a chorar lágrimas - frenesi - paixão - suspiros
ao despertar do amor brejeiro,
a procurar ouvir sinos
tocando no primeiro beijo,
eras tu, esperança, a perseguir-me, sôfrega,
correndo atrás dos meus muitos primeiros amores?

Coitada de ti, se é que existes,
deve ter sido complicado estar comigo?
Nada me encantava.
Não te dava morada no meu inconstante coração juvenil.

E quando vi cravados em mim, pela primeira vez,
olhinhos ora assustados ora zombeteiros dos meus primeiros alunos,
era a esperança se tornando adulta, responsável,
já me fazendo parar de sonhar brincadeiras
e aprendendo a construir o meu castelo do trabalho sério?
A começar a deixar para trás os medos e a cuidar dos meus pequeninos,
alguns felizes outros tão sofridos,
que insistiam em me olhar buscando em mim
o saber, a palavra amiga, o carinho
que precisavam tanto para crescer.

Quem era, naquele momento mágico,
os portadores da esperança:
eles, os donos dos olhinhos
ou eu, me transformando
no que sonhei em ser quendo crescesse?

E no encontro com o amor da minha vida,
não aquele infante primeiro amor, mas o amor - eterno,
o amor passado e futuro, eras tu, esperança, fantasiada de festa
que chegou sem que percebêssemos
e que transformou para sempre meu destino?
Iluminando a minh'alma?

Se és como as borboletas livres dos poetas,
é porisso que a vida corria célere
traçando mais e mais caminhos.

Tenho dúvidas.
Acho que te vi um dia nos olhos azuis do meu primeiro filho.
Quando decidi guardar- te, semente - vida,
meu fruto, bem perto do meu coração.

Quando optei o caminho da maternidade,
o ser materno,
cumprindo os planos
traçados lá no outro plano...
acho que te vi passar sorrindo por mim.

Mas não eras uma borboleta,
eras um anjo!
E quando, mais duas vezes, novos frutos sementes cresceram em mim,
eu te vi , eras o anjo!
E eu os amei tanto, mais dois meninos...
eu nunca mais seria só!
Eles três eram tão bonitos,
tinham olhinhos que também me olhavam com carinho.
No entanto, nos três - algo diferente surgia -
não era mais eu a procurar-te, Senhora Esperança.

Os olhinhos deles queriam que eu lhes desse a esperança.
Mas como dá-la a eles,
se eles é que eram a doce esperança no meu amanhã?

E agora, penso hoje,
a conversar contigo:
eu que já subi e desci ladeiras,
já provei do amargo fel e do mais doce mel,
que já caí e me levantei...
sempre e sempre tentando,
que já aprendi tanto sobre o todo,
ainda duvido sobre tua existência,
no tudo que de feio e triste encontro.


Ao olhar cada árvore frondosa
derrubada pelos homens sem rosto.
Pelas águas dos rios, mares e oceanos
poluídas pelo lixo da cobiça.
Quando vejo os seres humanos
com o poder da inteligência e tecnologia,
se armarem uns contra os outros belicamente.
Quando vejo a pobreza ainda maioria num mundo tão farto,
quando vejo os humanos a construirem
novas Torres de Babel,
insanos, estonteantes, enlouquecidos,
imersos em tolas diferenças de classes e idéias religiosas.



Ó esperança,
tenho que lutar para continuar a ver-te
na simplicidade de olhares e pensamentos puros.

Escondo uma leve tristeza,
e, muitas vezes, temerosa fico,
como aquela criança que já fui um dia,
se realmente existes,
se foste apenas um sonho,
uma ilusão
ou, então,
que em desencanto...
já partiste para um outro mundo,
lá no bem distante!

* A foto primeira é:]
Green Butherfly, do fotógrafo Rhett A. Butter

15 comentários:

Beth/Lilás disse...

Que beleza de post, Maria Izabel e as imagens que escolhestes foram primorosas também!
A esperança às vezes parece nos abandonar, mas ressurge de repente e assim é que continuamos a vida, porque ela ressurge, sem ela não há vida realmente.
um grande beijo, carioca

Bloguinho da Zizi disse...

Izabel
É como uma canção o que leio aqui.
A canção da tua vida.
Mas sei que no fundo a Esperança é o sentimento que te fez chegar aqui e que como um exemplo nos faz seguir.
Beijinhos

chica disse...

Que lindo!

E a esperança não pode nos faltar! um beijo,tudo de bom,chica

Maria Izabel Viegas disse...

Minhas queridas e doces amigas

Beth/ Betinha lilás

Alzira

Chica joaninha

obrigada de coração!

Fico imensamente feliz quando recebo comentários de vcs, pessoas especiais que admiro tanto!

Realmente, como a Beth disse- o bem: vamos seguindo e por vezes, parece que a Esperança nos abandona, ou seria, que n[os deixamos por instantes de acreditar que ela sempre brilha como uma estrela.
Mas tudo passa , e como Zizi falou, creio que todas nós nascemos para traçar planos , ir em frente. E com certeza, é a esperança em dias melhores que nos impulsiona!
Ah...e a Joaninha da Chica? ;))) ela é para mim desde criança o símbolo da sorte, do bom augúrio, das esperança!
Beijos nas minhas três amigas blogueiras lindas por dentro e por fora!

Unknown disse...

"A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero."

Bjos.

Samuel Dias disse...

Oi, Izabel, como vai? Ainda lembra de mim? Bom voltar a acompanhar teu espaço. E parece que estamos um pouco que em sintonia, tenho vivido alguns momentos em que busco na presença da esperança o sentido para permanecer vivo. E ela nunca nos falta, mesmo em completo caus.

Frutos e mais frutos em tua vida!!

Forte abraço!!

Samuel!

Élys disse...

A esperança é uma força doce e suave que não se pode abandonar, pois e ela que nos faz caminhar, vencendo obstáculos e conquistando sonhos.
Beijos.

Paula Mello disse...

Querida Izabel!

Vir aqui é como deitar ao lado de um rio tranquilo, ouvindo a água passar, levando consigo nossas mágoas e tristezas... Saio mais leve, como sempre!
E apesar de todos os nãos, continuo firme e esperançosa em dias melhores, que virão!!
Vamos juntas!!
Uma sexta iluminada!!

Regina Rozenbaum disse...

Izabel, iluminada, amada!
Tô babada (pode?!)de emoção ao ler, sentir tamanha beleza...Aqui chamamos também a Esperança de Louva-Deus! E como gosto desse "nome"...A esperança não é a última que morre, a esperança é a que convive com a gente e nos move.
Beijuuss, minha querida, n.a.

Maria Izabel Viegas disse...

Manuel, querido amigo, obrigada.
O que mais belo traz contigo são sempre palavras-poesias. beijos, muitos!

Maria Izabel Viegas disse...

Oi Samuel, imagina, como esuqecer alguém como vc!!! Tenho estado e muito em falta contigo. Fui ao teu blog mas não cosegui deixar meu comentário.
E sobre a esperança, pelo que te conheço, és alguém que está sempre de coração e braços abertos è ela. Boa sorte em tudo que planejas , amigo!
Beijos!

Maria Izabel Viegas disse...

Élys amigo querido,
qando apareces sei que vou aprender algo de bom contigo. És uma fonte de sabedoria, amigo!
Obrigada!
beijos no coração

Maria Izabel Viegas disse...

Paula, amiga! Quam me dra que assim o fosse! è um dos meeus objetivos, trazer a paz para nossas vidas!
Obrigada, minha amada amiga. Estamos e seguimos juntas, sim! Claro q sim!
Obrigada. beijossssss

Maria Izabel Viegas disse...

Regina amada do meu coração,
hoje eu tirei a "sorte grande": ver teu rostinho lindo aqui!
Menina, como é bom ouvir tanta coisa boa que vc me fala., quem fica "babada" sou eu, iluminada mineirinha!
Beijos, muitos beijos!
Vem todo dia vem!!!

vieira calado disse...

Olá, boa tarde.

Não conhecia o blog.

Achei-o variado e interessante.

Saudações poéticas