Fui à minha Serra, volitando movida pela saudade.

Sábado voltei da Serra onde tenho um pedacinho de terra e muita mata.
Estava há tanto tempo sem ir lá, creio que todos sabem o porquê.
Senti-me um passarinho que conseguiu sair da gaiola bela,
pois me sinto bem aqui na cidade que, apesar de tudo,
ainda é a minha Cidade Maravilhosa.

Eu estava presa e tive a sensação que não estava num automóvel
e sim, VOLITANDO!

Amo montanhas.
Amo aqueles caminhos.
Amo tudo que tenho, gosto da terra, do cheiro que dela emana.

Fui recebida por bromélias que plantei
e que se multiplicaram,
formosas.


E não é que bananeiras lá naquele frio, abriram um cacho ainda verde, não muito grande... mas pelo meu olhar era gigante. Vitoriosa, pois alí não nascem bananas pelo frio.
De madrugada, fora de casa chega a 4 , 5 graus.
Ah... e um pequeno pessegueiro que plantei bem do lado da varanda, no jardim... cheio de flor!!!



Um lado bem triste, muitas avalanches perto de nós, três casas de amigos destruídas... uma sensação de medo entre todos que conversei. Temem o que virá no verão, em janeiro, quando chove muito! Sente-se um peso, um medo no olhar.
Quando eu disse que a Cidade ainda estava linda, me olharam meio que surpresos: que nada, você acha?... Nossa cidade está muito triste. Sim, há muito abandono em alguns lugares e desatinos.

Ao lado de meu terreno houve uma avalanche de terra, montanha abaixo arrastando tudo. Bem ao lado, passou ao largo do meu terreno. Mudou toda a topografia dos terrenos.
Ação do cataclisma, algo já previsível pelos cientistas, sim!
Mas, no terreno lá em cima , estes que cairam, as pessoas faziam queimadas para afastar cobras e matavam árvores.
Há muito observávamos a ação dos homens poluindo, cortando árvores sem a menor necesidade. O homem civilizado faz destas coisas... acaba com a pureza, destróe a vida.

Nós, ao contrário, quando lá nos instalamos, começamos a ver que plantas se adaptavam ao frio, quais árvores eram fortes e nativas e deixavamos crescerem. Todo meu terreno está fechado de árvores nativas!



E tudo meu estava inteiro.
Claro... não há como não se comover com o que aconteceu aqui embaixo, com pessoas que, ao contrário dos lá do alto que devastaram toda a mata, tiveram seus jardins e casas totalmente arrasadas.

Não coloco aqui as fotos tristes pois vai ficar no álbum de imagens do google e eu não quero.

Ficou em mim a certeza viva de que a mão do homem está muito longe de ser amorosa
com nosso planeta.
Acredito que um dia ele aprende... qual caminho?
Não sei, pela dor é triste e sem opções ou tempo de retorno...
ou se, pelo caminho da conscientização e cidadania, será um suave ascensão!

E que não sabemos mesmo os porquês de sairmos ilesos. E outros não.
Disseram-me que Deus nos ajudou...
Idéia absurda!
Deus não ama mais a nenhum de seus filhos.
Deus ama quem vive e quem morre.
Se Deus me protegesse e não aos outros
Ele não seria Deus!
Deus está acima de tudo que existe no mundo.
Imagina... tomar conta dos universos e galáxias.. .dá muito trabalho.
Aqui na terra já nos ensinou as leis pelos seus avatares.
Há milênios que envia mensagens.

Ele apenas aguarda com paciência infinda que nós escutemos a sua voz
no canto dos pássaros, nas águas dos rios, nas trovoadas,
na chuva que molha a lavoura, na semente que espera pacientemente
na escuridão do solo para germinar seguindo a ordem da natureza,
na flor que se abre para o encanto de nossos olhos.

Ele espera que tratemos nossos irmãos animais como parte de sua obra divina.
Espera que tenhamos dó e que não aumentemos
o sofrer dos Homens com nossa ganância...
que Ele ainda crê na nossa capacidade de usar a ciência para construir
e não para a insana destruição.

Deus nos deu uma Morada.
E nos envia todos os momentos os seus emissários divinos.
Espíritos, santos, mestres ascensos, seus orixás: pretos-velhos, oxuns e yansãs, oguns e mais e mais.
Nosso cantinho é amorosamente dedicado a Oxossi, o senhor da mata. E a todos os espíritos mestres que nos acolherem como filhos.

Meu coração exultou de alegria ao olhar minha camélia, que plantei há anos, pensando ser branca e, surpresa, é cor de rosa, cor do amor!



Agradeço a Vida pelo pássaro cantante,
por uma florzinha tímida e singela de pessegueiro,
pelo frio que me deixou gelada como um sorvete.
Mas que me deu uma lareira que me aqueceu na noite fria.

Gostaria tanto de ter uma jabuticabeira, mas ela precisa de sol,
já plantei duas, desisti.
Não abdicamos das nossas árvores...
logo me contento com um cacho "enormemente" pequenininho de bananas"!
Muito bem vindo!
E de muitas laranjinhas e tangerinas.

E tem flor mais bonita que esta?
;)

Meu poderoso pastorzinhozão alemão Luther, que se refastelou no jardim gramado. Ele é novo ( um ano de vida), não o conhecia, parece que gostou das novidades! Vai e volta conosco.

E Deus me deu olhos para ver a beleza daquelas montanhas azuis,
que de tão altas, parecem conversar com os deuses!
E um céu azul emoldurado por árvores virtuosas.



A vida é uma dádiva preciosa!
Estar aqui hoje dividindo com todos meus amigos
a minha gratidão à Vida,
ao inigualável prazer de inspirar e expirar o ar daquela Serra,
após aquele acidente que sofri
que me deixou quase um ano sem mobilidade e agilidade...
o ar da mata é uma carícia,
é uma Alegria que não tem preço.



Tem o peso de ouro.
Tem o esplendor de uma ametista.
Tem a beleza eterna de um por-do-sol.
Tem o perfume de GAIA!


Há um trecho lindo de uma canção de Luis Milleco,
que sempre me acompanha, onde eu estiver:

"Senhor,
Se Tu não não vais comigo daqui,
Jamais Te encontrarei em nenhum céu."

Encontramos Deus em todos os lugares... se o levarmos nos nossos corações!