Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Palavras de Oscar Wilde

Oscar Wilde
em "Retrato de Dorian Gray"



"Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma.
O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos
ou de arder com as suas próprias paixões.
As suas virtudes não lhe são naturais.
Os seus pecados, se é que existe tal coisa,
são tomados de empréstimo.
Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel
que não foi escrito para ele.
O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio,
a total percepção da própria natureza,

é para isso que cada um de nós vem ao mundo.

Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias.

Esqueceram o maior de todos os deveres,
o dever para consigo mesmos.
É verdade que são caridosas.
Alimentam o esfomeados e vestem os pobres.
Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas.

A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar
nunca a tivemos realmente.

O temor à sociedade, que é a base da moral,
e o temor a Deus, que é o segredo da religião,
são as duas coisas que nos governam."


Confesso que muitas vezes, ao observar pessoas reunidas em torno de uma tragédia, tais como crimes, assaltos, discussões políticas e religiosas, agindo como expectadoras ávidas de detalhes, num afã de informar-se, não para precaver-se - o que seria o sentido básico de subsistência , mas para ter mais assuntos na discutir no cotidiano....
fico a repensar estas palavras de Oscar Wilde:
São almas esfomeadas, que esqueceram de si mesmas.

Vi na biografia do autor que nasceu em 1854 e faleceu em 1900,
preso por acusações de conduta homossexual,
após ser sentenciado a dois anos de trabalhos forçados,
morreu em prisões de calamitosas condições.
Por puro preconceito.

Diziam na minha família que antigamente havia mais moral.
Eu, na minha adolescência já olhava com estranheza esta afirmativa.
Como, se eu sabia de muitos homens, alguns conhecidos
e que conviviam com a nossa família ( não a de meus pais e eu)
mas tios, tias primos etc...
tinham sua "santa esposa" em casa e amantes na rua?
Nelson Rodrigues, colocou a sociedade em reboliço ao mostrar
em suas crônicas no jornal "Última Hora" a realidade crua e nua.
Era-nos proibido lê-lo, hoje ele é reverenciado!

"Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma"

E não é isso que fazemos quando educamos alguém?
Como fazer, então?
Claro que Wilde se referia á educação que lhe fora imposta.
Que falava de si mesmo e de sua alma.

Cada um de nós ao escrevermos passamos tudo aquilo
que nossos sentidos captaram, nossa mente registrou,
o coração sentiu e o que se transformaram em nossos valores.
Se são valores que nos foram impostos, pode ser.

E é para isso que crescemos, que vivemos nessecprocesso de constante
amadurecimento do nosso verdadeiro ser.

E a vida se encarrega de colocar à nossa frente os testes para que façamos nossas próprias escolhas.
Quem segue os valores dos outros, certamente, ficam à margem de si mesmo.
Vive uma pseudo - vida, cedo ou tarde começa a apresentar
sintomas "psicológicos e físicos"
de que algo não anda bem na sua existência.
Existe culpa nisso?
Não sei.
Depende do grau de cegueira que o ser se impôs.

E certamente vai depender do que faremoss com tudo aquilo que os outros nos fazem.

Vivemos numa sociedade,
vivenciamos relacionamentos,
justamente para que possamos enxergar quem realmente somos.
Nós não saberíamos quem somos, sem o espelho do outro.
Sozinhos seríamos sempre
o personagem único e principal da história.
E isso, absolutamente não existe na vida.

Logo ao nascermos já saímos do eu sozinho
para o primeiro contato com o outro,
o seio que nos alimenta.
Surge nosso primeiro valor, nossa fonte de alimentação.

Seremos mais saudáveis ou não de acordo como somos recebidos aqui neste lado da vida.

Mas, vamos num crescente aquirindo outros modos de ver o mundo.
A questão maior é:
quando nos libertaremos das amarras desse valor material.

Lembro-me das definições do que é a casa 2 de um mapa natal,
a casa dos valores:
Valores materiais, morais e espirituais.
Uma ordem bem harmônica.

Eu me descubro, sou gente tenho o corpo como morada.
Eu convivo com os demais seres,
preciso definir os meus padrões de comportamento,
que tipo de moral vou usar para bem me relacionar...
que são exatamente a escolha de nossos valores morais.
Assumi-los ou assumir o imposto pelo entorno?
Uma boa opção para reflexão que vai até o final de nossa vida,
pois que até para morrer, temos que adquirir mais um aprendizado.

À medida que a vida vai se mostrando hostil ou amigável,
no meio dos inevitáveis vitórias e fracassos...
vamos nos fortalecendo e , paralelamente,
vamos preenchendo nossos vazios
sob a forma de carências.

E, num continuum, elevamos nosso olhar para entender o "inexplicável.
Começa a busca da alma.
Sedentos de consolação...
procuramos o apoio doGrande Pai,
de uma fonte que nos proteja daquilo que o mundo tangível não nos alimenta.
Neste nosso retorno à nossa essência maior,
já com a nossa visão de mundo, fixamos nossa filosofia de vida.

E, chega-se aos valores espirituais.
Ama-se o Pai Criador ou o renega-se,
depende da experiência de cada um.

Sempre falo a quem analiso mapas natais que,
posso ter com aquela mandala à minha frente, uma visão do Ser que virá até minha presença.
Por tal uma consulta astrológica deve pautar-se num diálogo.
Não numa exposição do saber astrológico do astrólogo.
Olhando a simbologia ali explícita,
nunca sabemos qual a idade espiritual da pessoa.
Isso no decorrer da consulta começa a se descortinar.
E, muitas vezes, a consulta parte para um novo rumo.
Nada é prevísivel.

Assisti uma palestra num congresso de astrologia em que o tema era mapa de crianças gêmeas. Mapa idêntico, diferença de minutos.
O palestrante deu o exemplo de sua mãe e sua tia.
Na vida passaram pelos ciclos e trânsitos planetários num mesmo tempo.
O que mudou no decorrer de suas vidas?
A mãe, casada e feliz.
A tia, solteira, ranzinza e amargurada

Num determinado tempo
ambas vivenciaram o
momento do encontro com o ser amado.
Ambas passaram por situações - problema de escolhas afetivas.
Só que a mãe, um temperamento mais suave,
direcionou sua vida para a escolha do afeto, do amor e compreensão da parceria.

A irmã gêmea, ao primeiro sinal de problema, sentiu-se vitimizada,
ficou rancorosa e em nada cedeu.
Mais tarde se arrependeu, vendo o erro cometido;
foi severa, injusta,dura demais e já não dava mais tempo.
O seu amado foi embora.
Ambas eram librianas.

Creio que a diferença estava em algo que veio diferente neste pacote duplo:
Cada uma tinha uma alma, era nisso diferentes,
e cada uma veio numa idade espiritual
resultado de suas experiências anteriores, trazidas de outros tempos.

"O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo."

Feliz daquele que cedo olha no espelho e vê sua própria imagem.
Mas, sempre há tempo para recomeçar.

Não podemos ter medo de nós mesmos.
Corremos o risco de ficar nús.
Principalmente entre aqueles que pregam as religiões existem os que:
"Alimentam o esfomeados e vestem os pobres.
Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas."

O remédio que eu conheço para saciar nossa fome e sede
é O AMOR!
Como dizia Madre Teresa de Cálcutá:
" A falta de amor é a maior de nossas pobrezas".

Logo, é preciso amar.
E amar se aprende... amando!

6 comentários:

Cris França disse...

feliz de poder te ler minha querida amiga, que beleza de texto, cheio de verdadeira sabedoria.
a gente ainda tem muito a trilhar, fico inconformada com essa gente qué dá de ombros como se não tivesse mais jeito, jeito tem, basta cada um fazer a sua parte.
amando para ser amado

Regina Rozenbaum disse...

Izabel, Iluminada, amigamada!
Belíssimo texto que me remete à Kant e sua "Fundamentação da metafísica dos costumes"... Na perspectiva de Kant a distância entre moral e amor é significativa. Então moral e amor não tem nada a ver um com outro? Não! Pelo menos para Kant. Porque quando há um, não pode haver o outro. Amor é sentimento. E sentimento é um dado da natureza. Impõe-se a nós. Frente ao amor, cabe-nos constatação. Por isso, o amor não se delibera. Nem seu início, nem o seu fim. De forma que não podemos estar obrigados a amar... Assim, quem age por amor não age por moral. Porque amor é manifestação da natureza. E moral é o resto´. É do que precisamos quando a natureza não responde. Para quando não há amor. E venhamos...temos que admitir que, no mundo em que vivemos, amamos pouca coisa. Se tomarmos apenas as pessoas, amamos pouquíssimas: pais, filhos, alguns amigos,20 pessoas no máximo, para os de coração dilatado. Pois só na China há alguns milhões que não amamos. Amássemos maiiiisss, moralizaríamos menooosss! "E amar se aprende... amando"!!!
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

MARCELO DALLA disse...

Amiga querida!
Ao ler suas belas e sábias reflexões, sinto como se estivéssemos conversando. Que delícia ter amigos assim, quanta sintonia eu sinto!!!!

Parece-me que somos irmãos de alma. Será exagero meu pensar assim?
E que bom tb sentir que a sociedade está mudando, que esses velhos conceitos de moral são deixados pra trás em nome do amor.

grande bjo no seu grande coração!

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

Você sempre tão querida!

Obrigada por participar da blogagem coletiva, por espalhar amor e por divulgar!

Um beijo no seu coração e bom fim de semana!

Unknown disse...

Vi saciar-me nos teus escritos e deixar-te um beijo na alma.

Anônimo disse...

Sempre é preciso amar!
Bom fim de semana. Bjos.