Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O último negócio



O Último Negócio


"Certa manhã
ia eu pelo caminho pedregoso,
quando, de espada desembainhada,
chegou o Rei no seu carro.
Gritei:
— Vendo-me!
O Rei tomou-me pela mão e disse:
— Sou poderoso, posso comprar-te.
Mas de nada lhe serviu o seu poder
e voltou sem mim no seu carro.

As casas estavam fechadas
ao sol do meio dia,
e eu vagueava pelo beco tortuoso
quando um velho
com um saco de oiro às costas
me saiu ao encontro.
Hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas.
Mas eu voltei-lhe as costas
e fui-me embora.

Anoitecia e a sebe do jardim
estava toda florida.
Uma gentil rapariga
apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu
e apagou-se nas suas lágrimas.
E regressou outra vez à sombra,
sozinha.

O sol faiscava na areia
e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
brincando com as conchas.
Levantou a cabeça
e, como se me conhecesse, disse:
— Posso comprar-te com nada.
Desde que fiz este negócio a brincar,
sou livre. "

Rabindranath Tagore,
in "O Coração da Primavera"




Fecho os olhos e vejo
uma linha de tempo:
nela marcados os tempos vividos.
Em cada idade um sonho,
nem todos se realizaram,
vi que eram sonhos, ficaram por lá
pinturas em aquarela,
pouco a pouco se desmanchando...
sem deixar marcas nem saudade!
Olho a vida como uma roda girando,
uma espiral
cada momento um desejo
cada instante uma alegria do querer
e uma lágrima triste do não ter.
E a cada dia passado a certeza de que
minha vida não estava naquela linha.

Transcendia o tempo,
voava em volta de mim uma estrela
um sopro de luz que me carregava sempre
oscilante num ziguizague a caminho de algo
que fosse maior que todo o sonho;
que fosse mais real que a realidade.
Um dia eu o vi chegando...
olhos azuis, cabelos dourados.
Era meu anjo que trouxe nos lábios um sorriso...
Nada trouxe para mim, veio de mãos vazias, procurando o meu colo.
Neste instante percebi que a minha felicidade
veio do Nada, veio nu e descalço...
Veio de dentro de mim.
E nos olhos dele encontrei o Tudo que eu precisava.
Trouxe mais dois companheiros...
E vi que começava alí outra espiral, outras viriam.
E assim, pouco a pouco foram me ensinado o caminho
onde se encontra a minh'alma:
no amor de três pequeninos...
aprendi como querer, ser e ter!
Amo vocês , filhos meus!
São as pérolas - sonhos que tanto procurei
e estavam escondidas na concha do meu coração!
E ainda estamos a cada dia
rodopiando em novas espirais...
mais sonhos, mais realidades,
mais Vida a construir!

17 comentários:

Astrid Annabelle disse...

Minha querida amadamiga!
Que bonitos textos...os dois!
Tenho mesmo reparado a sua ausência na blogosfera...se for para o seu bem!!!
Sinto saudade sua...
A imagem que escolheu para este post é linda demais.
Que você se recupere logo...você faz falta.
Um beijo grande.
Astrid Annabelle

Manuela Freitas disse...

OLá Maria Izabel,
Rabindranath Tagore,foi de facto um escritor excepcional, gostei muito deste diálogo, que não conhecia e que faz reflectir.
Também o seu poema é tão aquilo que se pode sentir, quando já se tem uns aninhos de vida!?...
Beijinhos,
Manú

Noé disse...

Os mestres tem o poder da comunicação fluida.
E você sempre acha seus melhores textos!

Unknown disse...

Excelente .

Beijinhos meus Maria Izabel.

Michele disse...

Olá, vi o link do seu blog em outro site e achei mto interessante... Essa frase: "vi que eram sonhos, ficaram por lá
pinturas em aquarela,
pouco a pouco se desmanchando..." tem tudo a ver comigo nesse momento...
Adorei tudo!!

http://cely-umanovavida.blogspot.com

Maria Izabel Viegas disse...

Astrid amadamiga,
obrigada pelo carinho...de sempre. Como digo, um elogio da minha gurua mais bela é TUDOde BOM!
Realmente ando meio afastada, mas é pela recuperação; nossa como demora!!
Vou dar parte daquele saco de pancada!!! Um meliante!
Tudo está certo. tempo de reflexão e mudanças. E como te respondi no Navegante, muitas novidades aqui na minha vida, novos planso para atendimento em TVP e astrologia no ano próximo.
Esse menino me lembrou aquela foto linda do seu netinho na praia. Linda como teu neto!
Beijos neste amado coração!

Maria Izabel Viegas disse...

Manú querida,
é lindo este texto mesmo. Tagore nos premia com tanta sabedoria.
E, sim, ;)) só com a "matur - idade" é que conseguimos enxergar mais além. Dá para atribuir aos pesos da vida, mais leveza. muitos viram plumas que voam nos céus, abandonamo-as para que
sigam seu destino, nos libertemos!
Beijos, amada, sempre feliz em t~e-la comigo!

Maria Izabel Viegas disse...

Noé querido amigo, uau! Que bom que gostou! Posso dizer que vc tem um Blog com excelentes escolhas.
Interessante, vivemos a buscar novidades. E encontramos na Tradição, sábios que já tanto ensinaram ao mundo... uma pena que muitos nem tiveram a oportunidade de ler ou, viram e não deram a importância devida.
Feliz e honrada com tua presença!
Beijos no coração, obrigada!

Maria Izabel Viegas disse...

Manuel, amigo amado, sabes que a todo post fico aqui te esperando!!???
E ganhando beijinhos teus... MUITO BOM!! ;)))
Obrigada, meu poeta!
Beijos , muitos ...no teu coração!

Maria Izabel Viegas disse...

Cely querida,
um prazer te conhecer. Que bom que vieste,já fui ao teu Blog, amei o que li!Já estou te seguindo.
Uma jovem talentosa e espiritualizada, partilhando vivências suas e na sempre eterna busca de todos nós - PAZ!
beijos no teu coração.
Obrigada, linda!

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

O que posso dizer, se estou cá emocionada, com dois textos maravilhosos e verdadeiros.
Realmente a felicidade está dentro de nós e as vezes a vemos em nosso amor e filhos.

Um beijo e bom fim de semana!

Maria Izabel Viegas disse...

Barbie querida,
e como vc demonstra este amor!!
Sente-se no seu Blog que respira-se amor, carinho e companheirismo. E isto é o que realmente importa!
Beijos, linda amiga!
Obrigada por estar aqui comigo!

Atena disse...

Pesquisando vidas passadas no Google, acabei vindo aqui.Já fiz algumas regressões e sinto que estou precisando fazer mais, mas infelizmente moramos longe uma da outra.
De qualquer forma, gostei muito de seu blog. Será mais lido.
abraços
Atena

Glorinha L de Lion disse...

Ai amiga, estou aqui com lágrimas nos olhos...que lindo! Palavras lindas, poema lindo...tens o poder de me encantar. Até quando me fazes chorar.
Beijo grande amiga de alma!

Unknown disse...

Maria Izabel,

Um passarinho me contou que a sua vida está indo sempre em frente e para cima: novo neto, casamento de um filho, novas instalações para facilitar o seu talento de terapeuta e muito mais que a vida lhe vai trazer.

Desejo que se recupere rapidamente, pois a vida tem grandes planos para si.

Gostei muito dos textos e da ilustração.

Já desabafei isto com a Astrid: não estou a dar conta do meu recado na net. Há uns meses conseguia tempo para quase tudo e agora nem pensar. Visitar os amigos e vizinhos tornou-se demorado. Está a ver a que horas chego? Aqui, agora, são 19h14... Já é noite!!!

:)))

Beijos

António
António

sil disse...

Que lindo Izabel...
Belas palavras,adooooro te visitar.

bjooo!

Anônimo disse...

Faço minha primeira visita, suas
palavras são encantadoras, fruto de
uma luminosidade ímpar.mas muitos
anos atras tive a percepção de uma
vida minha passada, e comigo morou
em silencio,vi seu agradecimento a
um amigo que lhe deu um selo., bem
foi um livro com a imagem de um selo
que me fez ter a certeza da vida
passada, pois na época após tal
percepção, uma palavra ficou em
minha mente,tentei ver em enciclo-
pédias, e com o advento do google
tambem fiz pesquiza e nada
mas através do selo que me refiro
soube que no Antigo Egito havia
uma categoria de pessoas, muito
pobres e que ficavam a margem da
sociciabilidade, e tal era o nome
Félas , nome esse que tinha ficado
em minha mente após tal visão
intuitiva, e agora depois de tanto
tempo posso dividir consigo e todos
que lerem essa experiencia.
Se esse espaço não existisse,Eu
jamais poderia comentar e falar
sobre o assunto.Muito Prazer!!!
J.RODRIGUES