Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 15 de junho de 2010

À procura de um Mestre I


Uma história sobre os Mestres Sufis:

O discípulo viera da Europa no intuito de aprender com os Sufis a sabedoria com aqueles que foram os Mestres de Gurdjieff. Ele aprendera no ocidente e seguia seus ensinamentos. Mas Gurdjieff morrera. E empreendeu uma cansativa peregrinação, para ele uma verdadeira Odisséia, em busca de entender e procurar as raízes do saber.
Longos foram seus caminhos até Damasco e, a cada passo, a cada questionamento seu era confrontado com perguntas que, até mesmo consideraríamos "rudes".
E como é difícil para nós, ocidentais, acostumados a perguntar sempre,
e cada vez mais... sermos levados a explicar o que realmente
e o porquê da nossa pergunta.
Somos culturalmente imediatistas.
Há uma máxima no mundo empresarial que diz:
"Não me venha com perguntas, traga soluções."
E assim, acabamos virando máquinas engenhosas, a serviço de outrem...
nem questionamos mais nada, senão perdemos o emprego.
Mas ao contrário do que ansiava tanto, o discípulo deparava-se ele com "simples" ourives, mercadores de tecidos, forjadores de cobre, calígrafos, ferreiros.
Onde e com quem Gurdjieff aprendeu?
Quem foi ou quais foram seus Honrados Mestres?
Até que um dia, após muitos encontros , indagações e evasivas respostas, recebeu ele uma palavra para se encontrar com um tal Sheik Daud Yusuf, no mercado de tecidos, na loja de Sulaiman Turki.
Transcrevo o texto do livro¹:

"Corri para lá e encontrei a loja cheia de compradores e amigos. Serviram-me chá verde e sentei-me sobre uma pilha de tapetes, demonstrando essa paciência que tentava cultivar.
A conversa era sobre tapetes... a demanda sobre certas cores e desenhos...
... Prestei pouca atenção pois algumas das línguas eram desconhecidas...
e, eu estava ali esperando alguma indicação sobre como e onde ver o Sheik...
... Nesse estado de excitação, não me dei conta de que um dos fregueses estava dirigindo-me uma pergunta em Persa.
Voltei-me da minha divagação ao ouvi-lo repetir:

- O senhor acha que este tapete seria bom para ser usado nas minhas meditações?

- Sim - respondi - não vejo por que não.

- Não vê por que não - veio a resposta devastadora - porque o senhor não o olhou.
As cores são sem harmonia e o incomodariam. A trama do desenho opõe-se à corrente do pensamento positivo e perturba a tranquilidade da mente. Com uma avaliação tão simples como esta, o senhor demonstra bem pouco talento e no entanto pretende entender coisas de um professor de Jurjizada!

Endireitei-me com um tranco.
- Então o senhor é o Sheik Daud!
- sou eu.
- Sinto muito, veja...
- Vejo claramente.
- Bem queria dizer...
- Que queria dizer?
- Necessito de ajuda.
- Com que finalidade?
- Para encontrar a mim mesmo.
- E depois?"
....

Nós nem reparamos a cor nem a textura do tapete que sentamos,
muitas vezes nem paramos para observar
se estamos num ambiente harmonioso
ou se nós estamos em harmonia...
e já pretendemos saber todos os mistérios do Cosmos.
Compreender toda a sabedoria dos Mestres.
E meditamos, meditamos...
e ao menor obstáculo ou negativa que recebemos...

Insultamos a Vida!
Clamamos por Justiça!

Vejo muito isto nos ambientes religiosos
em que se procura a cura dos males físicos ou males "espirituais",
chegam ansiosos, não permanecem no silêncio sagrado da mente quieta,
Vão em busca de cura usando trajes inadequados,
não fazem a dieta necessária,
e saem dos locais, após os passes , se atropelando,
sem a paciência de esperar a passagem até de um outro carro.
O carro de um outro "irmão", que lá fora já é "estranho"
São presas fáceis das mesmas energias negativas
que foram amenizadas ou "retiradas",
e voltam, e voltam, e voltam ...
pois continuam os mesmos.

"- Necessito de ajuda.
- Com que finalidade?
- Para encontrar a mim mesmo.
- E depois?"

E depois continuamos...
esquecidos da palavra do Mestre Jesus
ao curar os enfermos:

"Vá... e não peque mais!"

* ¹ O livro: Os Mestres de Gurdjieff
O autor: Rafael Lefort

5 comentários:

Mari disse...

Maria Izabel querida...

Vou ler com muita atenção de novo...
Um beijo

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

ADORO VIR AQUI LER ESSES TEXTOS MARAVILHOSOS!!
BEIJO

MARCELO DALLA disse...

Amiga querida! É tão verdadeiro isso que escreveu! Importante reflexão. estamos acostumados com o imediatismo. Pedimos, pedimos, reclamamos, vibramos na falta, e nos esquecemos do outro... e de agradecer!
Quero isso cada vez menos pra mim. Quero vibrar na abundância, despertar os sentidos para o milagre da vida, estar consciente e atento ao que for realmente importante...

Lindos ensinamentos, todos os que passam por aqui saem enriquecidos.

Ando pensando, intuindo sobre um trabalho que quero fazer... acho q vc poderia me dar alguma orientação. Vou lhe escrever um email.

bjo do amigo

Astrid Annabelle disse...

Olá amada Maria izabel!
Muito bonito esse conto e bom para refletirmos bastante...já o conhecia mas sempre é bom reler.
Um beijo gostoso!
Astrid Annabelle

Maria Lúcia disse...

Oi
Como diz a Mari
vou ler de novo.
Beijos...
Lúcia.