Blogagem Coletiva do Blog "Café com Bolo",
da amiga Glorinha L de Lion
Tema: Sentimentos
Hoje: A Inveja
Este tema é por demais complexo.
Como escrever sobre algo que não existe.
Conceitua-se o que é inveja.
Sim, isto é verdade.
É tão importante que é um dos Pecados Capitais.
Se é pecado capital, assim tão grave,
nos leva ao infortúnio,
nos remete aos abismos infernais do ser!
Quem inventou a inveja?
Como sabe o que é, sua forma, cor e cheiro?
Ninguém assume que o é!
Ora, quem inventou a Inveja foi o primeiro Homem que a"sentiu".
E ninguém diz ser o pai do filho feio!
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Quem inventou a inveja:
O invejoso ou a inveja?
Complicada situação...
chego a pensar que seja um tema para estudos metafísicos.
Procurei por aí, sem sucesso...
ninguém confessa ser invejoso!
Existe o verbo conjugado:
Eu invejo Tu invejas Ele inveja
Nós invejamos Vós invejais Eles invejam.
... chegamos à conclusão que só existe na realidade
duas pessoas implicadas,
que apontam o dedo em riste:
- Ele me inveja!
- Eles me invejam!
O Eu ...
ah, este não confessa!
Encontrei uma boa definição:
"Os ataques de inveja são os únicos em que o agressor, se pudesse,
preferia fazer o papel do outro"
(Niceto Zamora)
Deseja-se ter e ser como o outro.
Quer o homem tudo de bom que o outro conseguiu para si.
Até lembrei-me da minha aguellita espanhola
quando dizia que:
"Quem diz que todo mundo é ladrão... desconfie, é ele o ladrão."
E estendendo o que Dona Izabelita dizia,
posso ponderar se...
"todo aquele que acha que é sempre invejado... não será ele o invejoso?"
Como pode entender tanto deste "sentir" tão vil?
E falando em Inveja, lembrei-me do filme "Amadeus",
dirigido por Milos Forman em 1984.
Filme baseado na adaptação feita por Sir Peter Shaffer,
inspirada numa pequena peça de Aleksander Pushkin,
chamada "Mozart e Salieri".
Amadeus - filme que não é uma biografia,
nem existe dados que confirmem a veracidade desta trama:
Antonio Salieri corroído até sua morte
pelo sentimento de louco rancor e terrível inveja
ao jovem Wolfgang Amadeus Mozart.
Como Deus concedeu a um jovem tão profano
a glória de saber expressar tão bem a Obra Divina?
Por que não a dera a ele , Saliere,este dom, ele tão mais fiel ao Senhor Deus!?
Cenas de AMADEUS:
As opiniões divergiram quanto ao filme e o drama ali retratado.
Muitos conhecedores de música alegam que o filme
denegriu a imagem do compositor Saliere,
tido como um excelente músico, carreira invejável,
sendo talvez o favorito em Viena no seu tempo.
Entre seus méritos o de ser professor de nomes como Beethovem e Liszt.
E quanto a Mozart, verdadeiro prodígio, desde cedo demonstrou
o seu grande talento, algo que seu pai Leopold, compositor e violinista,
não demorou a notar. Levou seu filho em suas excursões pela Europa,
sendo seu primeiro e único professor.
Mozart compôs sua primeira peça para piano aos cinco anos,
aos seis sua primeira sonata, sua primeira sinfonia aos oito
e sua primeira ópera aos onze.
Sua personalidade era muito bem humorada, às vezes vulgar,
mas não tão exagerada como o filme retrata.
Sua irreverência pode ser comprovada em cartas ao pai, sim.
Porém, nunca foi provado ser dono daquela risada patética e histérica,
daquela personalidade egoísta, nada o emocionando além da música.
Puro efeito hollywoodiano para ambos os músicos!
Entretanto, podemos analisar:
quantos saberiam da existência da excelsa música de Mozart
e mais ainda, quem conheceria Salieri sem a existência do filme?
Mozart foi exageradamente retratado
e Saliere saiu do esquecimento para ser o eterno vilão!
Mostro, então, uma bela obra de Antonio Saliere:
"Requiem de Saliere"
Na verdade Amadeus foi uma bela ficção,
onde Mozart não é o foco central do filme,
tampouco Salieri, nem a sociedade vienense do século dezoito...
Foi sim uma Obra Prima sobre Orgulho e a Inveja!
A inveja de um enlouquecido Salieri pela genialidade de Mozart!
Toda a trama nos deixa estarrecidos
perante a enorme capacidade destruidora
deste sentimento vil: a Inveja.
Ela corrói e fere mais a quem é possuído por ela.
Mata aos poucos, tortura e vai, pouco a pouco,
minando a sanidade do invejoso.
Cria para ele um mundo louco,
no qual ele é o real prisioneiro de si mesmo.
Realmente, como a citação lá do topo:
tortuosa é a vida de um "agressor",
ardentemente desejando ser em tudo igual à sua "vítima".
Não quero mais falar de Inveja!
Inveja cansa!
Mata e dói na alma!
Quero falar do meu sentimento de puro prazer,
minha incontida paixão
perante a Obra Magnífica do eterno...
Wolfgang Amadeus Mozart.
Sinto meu coração bater diferente ao ouvi-la.
Amo Mozart desde que me conheço!
Melhor falar da música paixão que nos aquece o coração...
que da triste e doente inveja que pesa e o machuca!
Minhas Memórias
Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -
13 comentários:
Olá, Maria Izabel!
Menina, que interessante, escolhemos o mesmo tema - Mozart e o invejoso Salieri, mas nada comprovado sobre este com relação ao sentimento que no filme Hollyoodiano retrata.
No entanto, o filme apesar de falar sobre o grande Mozart é mais sobre o próprio Salieri e este sentimento devastador e mortal.
Todas as vezes que penso sobre inveja, chamo logo a pessoa de Salieri. Aquele Salieri está me sufocando! Meu marido já até sabe o que quero dizer, pois a imagem de Salieri ficou personificada como Inveja para mim.
Este filme, já o vi 3 vezes, é uma obra prima e imperdível.
Pode conferir meu post também.
um grande abraço carioca
Nossa, vale chorar, não é?!Eu como bailarina, não posso me esquivar, sou apaixonada por músicas. Ah, os clássicos...Tenho sido felizarda, pois onde tenho passado sou contemplada com a oferta de um dos Grandes! Obrigada!
Agora , voltando-me para o tema da postagem. Eu também fui felizarda, porque encontrei alguém maravilhoso, que não escondeu o que sentiu, num momento de descuido.
Seu post reune vários elementos que nôs tocamm a alma...Lindo!
Grata pela oportunidade de apreciar...!
Beijo, e bom fim de semana.
Olá,
A VERDADE nos liberta...
Tenhamos ótimo dia e reflexão com essa sugestão da Glorinha!
Abraços fraternais e serenidade para discernir...
Izabel, iluminada, amada!
Andei lendo e vendo a blogagem coletiva e me lembrei que ano passado escrevi, em 16/10, sobre "Inveja e Gratidão" e o mote eram coisas que observava no meu engatinhamento enquanto blogueira:
Já tem tempo que venho observando a dificuldade que as pessoas tem em elogiar o outro seja na aparência, naquilo que faz, nas conquistas, nas mudanças. Nesse mundo de tanta competitividade se alguém elogia é porque têm segundas, terceiras intenções... E o elogiado mentalmente se pergunta: o que ele quer? Com certeza vai me pedir algo? Reconhecer o esforço, o trabalho e as conquistas do Outro então, nem se fala! Mais fácil apontar aquele defeitinho. E compartilhar o caminho das pedras que você encontrou? Nunca, jamais, em tempo algum. Você que rale sozinho, eu não ralei? Vou te dar de bandeja? Assim? De graça? Por muitos razões – principalmente minha clínica – venho examinando o fenômeno da inveja. Um cliente me conta que trouxe do interior um colega de infância, abriu-lhe a casa e a família, arranjou-lhe lugar na própria firma, e tudo ia muito bem, quando daí a anos notou que o outro estava fraudando a empresa e tentando arruiná-la. Chamou-o para uma conversa e o amigo fez-lhe revelação dolorosa: sentia-se “sufocado” pela generosidade do outro, tentou ser como ele, imitá-lo. Não conseguindo, resolveu destruí-lo. Melanie Klein, psicanalista, em seu ensaio “Inveja e Gratidão” nos explica a relação entre os dois sentimentos. E, pode acreditar, ela existe.
Para M.Klein a criança tem, em relação ao seio materno, uma sensação de amor, realização e gratificação, ou um sentimento de ódio, inveja e destruição. Existe um componente oral e anal sádico na inveja. Para outros, como Karl Abraham, o invejoso é um sujeito com problemas mal resolvidos na fase anal de sua formação. Seja como for, é melhor acompanhar a sabedoria popular e colocar uma cabeça de alho sobre a mesa de trabalho, andar com um ramo de arruda na orelha, porque a inveja e o mau-olhado podem matar.
Como a inveja é uma construção neurótica, o desaparecimento do objeto da inveja não resolve o problema. O invejoso pode trocar de objeto de inveja ou introjetá-lo de tal modo, que a única maneira de matá-lo definitivamente é matar-se a si mesmo, pensando que assim ficará livre do outro, que na verdade é uma invenção dele.
É complicadíssima a cabeça do invejoso, pois não suporta a generosidade. Agora vejam que problema para o generoso. Como entender que fazer o bem faz mal? E mais: o invejoso carrega “ansiedade persecutória”. Vive inventando que o estão perseguindo, tentando segurá-lo, boicotá-lo. Oh céus, oh vida! E uma das especialidades é o cochicho, as meias palavras, à sombra. Raramente vem à luz. Não suporta o confronto, só de viés.
Quando se elogia, compartilha conhecimento, se é generoso. A energia contida nesses elementos circula e volta, para o doador, potencializada. Tudo flui em grandeza, e aí nem precisa de arruda ou alho, o invejoso sucumbi diante de tamanha generosidade e crescimento. Que tal colocar sua nota de 100 reais no balcão? Circulando...Circulando..."(R.R)
Achei bacanérrimo a maneira como foi tecendo sua participação nessa blogagem.
Beijuuss, ILUMINADOS, n.c.
Rê
www.toforatodentro.blogspot.com
Foste maravilhosa ao eleborar essa postagem.Adorei.Ficou muito legal!beijos,tudo de bom,chica
Maria Izabel,
Sua postagem ficou ótima...muito boa mesmo.
Pra gente pensar e muito...
Beijos
Amada Maria Izabel!
Você foi genial!
Eu não consegui me inspirar para este tema...fiz um arranjo...rsss.
Muito pesado. Eu tive uma formação desde cedo onde aprendi a olhar para o meu umbigo. Os outros eram importantes, mas não para serem invejados...para serem tratados com respeito.
Gostei da leveza que deu ao post...está mesmo gostoso de ler.
Parabéns.
Beijo grande.
Astrid Annabelle
P.S. só vim hoje pois fiquei sem net...ela conectava e caia...
Maria Izabel, o assunto dá pano para muitas emuitas mangas, é verdade.
E também é sentimento que corroi e que nos faz mal, mas ainda assim durante a vida somos acometidos por ele e sim, devemos entendê-lo para evolurmos e melhorarmos, pois de fato não é e nunca será bom desejarmos o que não nos cabe.
Um beijinho
Maria Izabel
Que post mais lindo!
Adorei o filme e adorei a forma como construiu a ideia do post. Magnífico.
Beijo.
Maria Izabel,
Um post completissimo sobre a inveja, gostei muito que tivésse tocado na música clássica, porque de facto gosto muito desse tipo de música.
Concordo com o que diz sobre o filme Amadeus. houve de facto um exagero.
Eu também não gosto do tema inveja, há aquela pequena inveja mesquinha, mas a nível mais competitivo há de facto a inveja sinistra, que pode levar uma pessoa ao pior de si própria.
Beijinhos,
Manú
Talvez o "Eu" não confesse porque precisa descobrir que não há que confessar. Aqui a vida é um fluxo de energias - forma - consciência, acontece que a energia - forma - consciência ficaram assim.
É como largar algo no ar aqui na Terra: é pouco provável que não aconteça nada.
Mas se esse algo tiver consciência, pode ele mesmo escolher se quer ver onde vai sem esforço, ou fazer um esforço para. E mesmo aí será como largar algo no ar.
Não há que culpar, e não há que desculpar - acontece.
Minha querida amiga, cheguei atrasadérrima pra comentar. É um tema espinhoso realmente, e o intuito é esse como bem sabes. Abespinhar, cutucar, mexer com as coisas que temos lá dentro, as inconfessáveis. e o resultado foi o que se viu. Muitas negativas, mutos auto elogios: eu não tenho, eu não faço, eu só sei desejar, invejar nunca. Eu sabia que seria assim. Gostei muito da reflexão e da reflexão da sua amiga Regina Rosenbaum, que vejo sempre comentando em outros blogs. Beijos para as duas. E Luz pra nós todos!
Acho que inveja, sobre meu ponto de vista, todos temos este sentimento.
Ainda hoje , uma amiga partiu de mudança, para a cidade dos meus sonhos.
Fiquei feliz por que ela está vencendo mais um dos obstáculos de sua vida e que obstáculos todos temos também.
Confesso que sentí um pouco de inveja, pois gostaria de está fazendo o mesmo que ela.
Mas desejei , de coração, que ela seja feliz em sua nova morada.
Adorei sua postágem, que além de tudo falou de Mozart, que eu adoro e dos comentários dos nossos amigos blogueiros sobre assunto tão complexo.
Abraços.
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