Minha escalada

Há momentos na vida em que nos sentimos pés descalços pisando em pedras brutas,
ferindo por vezes as mãos na tentativa de subir,
de escalar ao mais alto ponto onde possamos enxergar com mais clareza o caminho.
Olhando para trás vemos nossos conhecidos vales, água farta para saciar a sede.
E temeroso, nosso ser anseia por ficar ali, no conforto de acomodar-se ao conhecido.
A não se aventurar...
Enxergar tudo nos fará melhores?
Encontraremos nosso Nirvana ou mais dúvidas e sofreres?
Mas a Vida, se ali permanecermos não nos oferecerá o "mais ser",
o complemento, a superação.
Dizem que é melhor o certo que o duvidoso.
Nem sei se assim o é.
Não foi em águas calmas que construí meu ser.
O meu castelo ainda seria o de areia se ficasse no "acomodado costume".
Hoje, neste exato momento
estou seguindo... o fluxo.
E seguir o fluxo é desconstruir velhos padrões e ir rumo ao nada sei.
Com a crença firme que após esta escalada há novos horizontes, novos céus.
Tenho medo de me machucar...sim, tenho!
Mas vou, com certeza, escalar esta montanha!
Afinal, até para nascer precisei sair do ventre - mater acalanto
e gritar a dor da luta pelo ar que necessitava respirar.
Foi meu primevo teste.
E se venci este...
que muralhas vão me impedir
de subir nesta montanha chamada Vida?
E de contemplar os vales de um ponto
que hoje desconheço
mas que contém todos os porquês...
Sei que ao atingir o momentum - êxtase,
obterei a permissão da visão nítida...
é meu anseio,
pois demonstrei a força de ter seguido em frente.
Acredito, entretanto, que lá acima
no mais além das pedras escaladas,
bem no alto...
só conseguirei enxergar os vales do porvir
se mirar com os olhos do coração.
Pois que se não usarmos o potencial amor
com nosso peito aberto,
plenos do firme amor...
nada nos será permitido ver.
Ninguém lá me julgará...
não haverá justiceiros nem julgamentos externos.
Serei eu que num desatino...
por esquecimento ou desencanto,
esqueci de conjugar o verbo Amar.
Serei eu mesma o juiz de mim.
Um dia, tenho certeza...
conquistarei tal mérito!
Tenho n'alma a fé dos homens e a fé dos céus.
Ainda estou aqui... arduamente
equilibrando-me nas pedras,
intentando nelas modelar degraus e patamares
que me ofereçam o descanso
no refazer-me em novas energias.
Construindo a minha escada firme
rumo ao Centro de Tudo:
Meu Deus, Meu Pai de Amor e de Bondade.
Ele que guia minha condução,
que me fez seguir,
reencontrar e juntar-me
às almas irmãs
que assim como eu
estão a tentar
o vir-a -ser... o Ser melhor.

Ampara-me, Mestre dos Mundos...
clareia minha visão,
não me deixe arrefecer nem distrair-me,
nem tornar-me dura como as pedras
nem ressentir-me em mágoas.

Ampara e ilumina não só a mim,
mas a todos nós os caminhantes,
os viajantes companheiros de jornada,
Ó Senhor do Cosmos,
Ó Amado Senhor da Vida!