Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sábado, 28 de dezembro de 2013

E quem inventou que o ano é novo?



 Hoje é sábado. 
Quando criança e nem me recordo o porquê...
não gostava desse dia.
Eu era uma infante, 

meu mundo fisico era tão pequenino.
E acredito que os pequeninos 
tem seus motivos,
faz parte da infância.
Só sei que alguma coisa me incomodava no sábado.
Vá saber, coisas de criança!

E o que isso no hoje me importa, 
ficou no passado, fechei a porta.
Se o mundo físico era minúsculo, 
do tamanho de meu frágil corpo,
não correspondia ao tamanho imenso do meu imaginário.
Este parecia, é minha visão do que sei agora,
um somatório dos sonhos de todas as crianças do mundo!
Um oceano, povoado de seres, mitos e lendas.
Fantasias.
Eu mesmo quase que voava a cada dia, 
sentindo-me presa naquela minha casinha pequenina
e eu, em sonhos, liberta viajava nas estrelas.
E o tempo passava, inexorável, impiedoso,
nunca pedindo permissão pela ousadia de me fazer crescer.
Que desalento, que tolice.
E quem se importa de perguntar a opinião de uma criança 
se estava preparada para sair correndo, 
para ir subindo a escada do tempo.
O tempo não tem tempo para nada.
Ele não caminha,
assim como a humanidade,
em passos titubeantes e lentos.
Ele avança. 
Ele corre apressado, o tempo!
Até hoje não sei para onde vai o tempo.
Vezes penso que ele caminha para o nada!
Outras,  dou-lhe créditos, penso que vai de encontro do tudo!

O Senhor do Tempo só aparece de sete em sete anos
para nos sabatinar sobre o que de bom 
estamos fazendocom as experiências 
que ele e a vida colocam no nosso caminho.

Uma análise bem correta do tempo que temos nas mãos:
dias, meses e um ano inteiro para viver e realizar tudo que sonhamos 
e, muitas vezes, imersos nessa contagem ano a ano.
desperdiçamos cada hora vivida boa parte de nosso rico tempo.
E no Ano Novo soltamos fogos de artífício, 

cantamos e dançamos 
na esperança de realizar tudo aquilo 
que desperdiçamos a cada minuto,
 por estarmos "ocupados demais" 
ou "distraídos", 
apenas a sonhar!
 

Drummond, na sua genialidade, 
afirma no poema " Cortar o Tempo"
que, ao dividir o tempo em pedaços - anos,
o homem foi genial 
na industrialização da esperança.
E eu, fico a meditar sobre essa sua visão de mundo.
Leia, veja se concorda, afinal, aqui trocarmos idéias,
nada é definitivo, 
só é vero
que, enquanto pensamos,
a vida passa cada vez mais rápida.
Logo pensa rápido.
Não hesite, 
nem se espante com o poeta,
leia atentamente 
e pense ou repense, 
aproveita, vai -
enquanto há tempo
e estamos vivos!
Podemos recomeçar a fazer novos anos 
sem datas marcadas, cronológicas 
e socialmente divididas. 

"CORTAR O TEMPO"

 "Quem teve a idéia de
cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de Ano,
foi um indivíduo genial. 

Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar
no limite da exaustão. 

Doze meses dão para
qualquer ser humano
se cansar
e entregar os pontos.
aí entra o milagre da renovação.


(Carlos Drummond de Andrade)


E tudo começa outra vez,
com  outra vontade de acreditar
que daqui pra diante 
vai ser diferente!
Recomeça, traça novos inícios, 
outros fins que mais te agradem,
mas não esquece: 
Vai profundo, 
mergulha...
pois na superfície somos levados 
por vãs aparências.

- Maria Izabel Viégas -  

domingo, 22 de dezembro de 2013

O meu presente para você, amigo: palavras e sentimento!



Pensar, vivo pensando.
Sentir, vivo sentindo.
E é por pensar e por sentir, 
por tudo isso,
que parece pouco 
na vida de uma pessoa;
mas ledo engano,
isso é o tudo.
E por falar nos natais que eu não gosto assim tanto.
E por sentir que você, amigo, pode gostar assim tanto.
Que eu parei de pensar
e fui sentindo 
um sentimento imenso
de que é para você, 
que eu aqui estou
e penso e sinto.
E fui tomada de uma vontade tamanha
De falar mais do que eu penso.
De sentir o seu sentimento de natal 
Ir além, muito além 
do que eu gosto e sinto!
Ir ao seu encontro, 
querido amigo,
ofertar-lhe um presente natalino.
Ser eu aquela que traz a mensagem do amor que eu penso.
E transformá-lo num sentimento doce e manso de amor,
este tanto de amor que sinto. 
O que faço?
O que posso oferecer em troca 
desse seu olhar atento, 
presente sempre aqui 
no meu pequeno mundo?
Qual a mensagem que seja a mais sincera?
A que seja o cantar do meu coração vibrante?
Eis que Deus e o Menino Jesus me enviou um anjo.
Uma amiga me deu este presente:
Palavras
Como são ricas as palavras!
Como são sementes prenhes de sentires!
Ganhei-as de Anne Heloise, sorvi o encanto!
Ofereço a você, 
amigo que me lê agora.
Passo-as adiante, 
pois palavras 
hão de transformar todos os natais dos homens;
hão de mudar um dia todo o sentimento do mundo!
Havemos de repeti-las 
como um mantra, 
como uma prece,
uma oração...
Toma, é sua!







"Se eu pudesse 
deixar algum presente a você,
deixaria acesso ao sentimento 
de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo 
o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos 
para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
 Deixaria para você, se pudesse, 
o respeito àquilo que é indispensável:
 Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
 E, quando tudo mais faltasse, 
um segredo:
O de buscar 
no interior de si mesmo 
a resposta e a força 
para encontrar a saída."

- Mahatma Gandhi -


Seja Feliz neste Natal de Jesus, amigo!
Que os céus escutem as suas preces 
E que se cumpra!

- Maria Izabel Viégas -

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Dia 25 dezembro, a data em que Jesus dividia a festa com o aniversário da minha avó!




Consegui abolir de minha vida a loucura do comércio das festas natalinas, mas não sem ter que romper com exigências dos que me cercavam.
Fui menina criada num ambiente em que se necessitava, e eu percebi desde cedo, a ir além do momento Natal.
Não era ruim, era até a grande festa, mas não o aniversário de Jesus.
Era a comemoração mais esperada por meu coraçãozinho ansioso, pequeno passarinho preso ainda numa gaiola branquinha, toda cheia de esperança;
era a espera contada dos dias do aniversário de minha avó.
Ela, tão cercada, amorosamente rodeada por seus filhos e netos, a verdadeira heroína.
Não havia espaço para Papai Noel, dele sabia-se que era mito.
E, sinceramente, era uma reunião tão amorosa e alegre, que Jesus simplesmente perdia para minha avó Izabelita.
Não precisavam presentes, árvores nem bolas.
Enfeites eram as presenças, a nossa presença.
Era ela a rainha da festa,
por coincidência, mais tarde, descobri que Jesus nasceu no mesmo dia!
E, pensava a menina pequenina, como Jesus deve ter ficado contente por nascer no dia dela!
Não se falava em religião.
Era uma festa, cantava-se, dançava-se, comia-se comidas gostosas.
Dividia-se o pão.
E isto era bom.
Ria-se com piadas dos nossos tios, casos lá do passado, memórias dos antepassados
Nós, os pequenos, brincávamos.
Bem, eu sempre tive a mania de me afastar das crianças, embora eles estivessem juntas.
Surgia uma chance, lá estava eu a sorver a palavra dos mais velhos.
Natal era escutar as histórias dos meus ancestrais.
Abraçada ao meu pai, tinha o privilégio de ouvi-lo falar sobre coisas muito mais importantes.
As  mulheres faziam a comida colocavam a mesa farta e serviam aos homens
E, sinceramente, os assuntos delas entravam e saiam da minha cabecinha.
Que me interessava como se fazia aquele quitute!
O dia que eu precisasse fazer, eu faria!
(e assim foi, ninguém me ensinou a cozinhar, quando precisei fazer, eu sabia)
Mas quem mais abriria o Livro Sagrado da minha Clã?
Quem mais me falaria das minhas raízes?
Isso era imperdível.
Anos depois ao estudar o Evangelho,
 li que Jesus admoestrou Marta,
que reclamava que a ela ficavam os serviços pesados de cozinha,
enquanto sua irmã, Maria, sentava aos pés de Jesus
a ouvir-lhe os ensinamentos somente reservado aos homens.
Às mulheres, a cozinha!
Aos homens o prazer da cultura, do diálogo!.
E Marta ouviu de Jesus:
Marta, aquieta-se, faz o que quiseres, mas faça com gosto sem exigir de outros que sigam a sua servil e amorosa tarefa de nutrir os homens e ao próprio Jesus.
Deixe Maria,  está a sorver o melhor da festa, delicia-se com a melhor parte do bolo:
O Ensinamento do Meu Pai,
que está nos Céus e me enviou
para que o seguíssemos.
Faça o que quiser,  sem culpar Maria,
a escolha dela é ouvir  Minha Palavra.
Aquiete-se, não a julgue.
E quem ensinaria a Maria quando Jesus se fosse?
Como perder a oportunidade de ouvir a História do Pai de Jesus,
a mais incrível História da Clã dos Homens da Terra?
Vi que sigo ainda Maria.
Embora saiba fazer tudo que Marta fazia.
O Natal meu foi se modificando a cada transformação da menina em adolescente e mulher.
Hoje liberta estou de presentinhos (tenho o ano seguinte para dar o que é preciso),
de compras loucas consumistas, de desejar um Natal Feliz.

Desejo aos meus amigos que aqui comigo estão,
uma Vida toda à sua frente 
plena de alegrias e graças.
Desejo que o mundo siga 
os Ensinamentos  do Cristo 
no Sermão do Monte,  imenso esplendor e beleza, 
resumo de todos os princípios éticos - morais,
que com certeza teria unido 
e um dia unirá, assim eu creio,
todos os Homens de Boa Vontade:

" Vóis sois o sal da terra.
Mas se o sal perder seu próprio sabor
e se tornar insosso, que fará com ele?
Para nada servirá e as  pessoas o atirarão fora, por inútil.
 Vóis sois a luz
que clareia o mundo.
Não se pode ocultar uma cidade iluminada no alto da montanha.
Também não se acende 
uma lâmpada para escondê-la debaixo da mesa
ou dentro do armário.
Ao contrário, nós a colocamos 
em lugar onde possa oferecer luz a todos da casa.
Assim, portanto, que vossas 
obras sejam como lâmpadas que a todos iluminem.
E ao ver tais obras, as pessoas sejam levadas
 a reconhecer a presença de Deus."

- in Sermão do Monte ( Evangelho de Mateus)


Meus amigos amados, que nestes dias saibamos ser o sal da terra que nunca se corrompe!
Que mostremos ao mundo a luz que habita em nossos corações.
E que, nunca a escondamos debaixo da mesa ou dentro do armário.
Que brilhemos a nossa Luz iluminando o caminho dos que ainda estão à procura.
Que nossa luz se reúna 
às luzes dos Companheiros Viajantes
como nós ainda o somos aqui na Terra..
E que, juntos, iluminemos para sempre a nossa cidade!!!

Feliz Vida!
Abençoados sejam os seu dias!
Que brilhe a sua luz por todo o sempre,
 iluminando todas as mentes que duvidam e corações que sofrem !

 - Maria Izabel Viégas -

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Um causo Incrível, fantástico: meu jardineiro fiel





 Meu Jardineiro Fiel

Este é um caso "Incrível, Fantástico, Maravilhoso" que se passou na mata.
Na mata que eu acabara de comprar lá pros lados da região serrana .
Aconteceu há uns quinze anos mas deixou memórias.
O antigo proprietário realmente apreciava mato.
Mas mato mesmo,
Não aquela mata saudável, 
cheia de árvores belas, flores, jardins.
Levamos sustos.
Sentimos aquela sensação de desbravadores.
Muito mato, sem poda, cheio de formigueiros lá no topo de alamedas.
E nenhuma frutífera, o que para mim é crime inafiançável.
Bem, começamos a limpar. 
A cada limpeza descobríamos alguns tesouros;
sou obrigada a confessar, 
junto a um grande formigueiro, 
surgia uma alameda de belas hortências.
Babosas, tínhamos babosa no jardim.
E assim, fomos delineando nosso espaço.
Hoje  está ao nosso gosto, 
reflorestadamente linda,  afinal!

Enfim, o causo:
Num entardecer uma vizinha 
que via "coisas do outro mundo", 
'dom comprovado' pelos demais dos arredores, 
passeava como sempre o fazia com sua netinha
e parando na porteira minha,
viu um senhor de cabelos branquinhos sentado calmamente numa pedra grande.
perguntou a ele por mim:

- Moço, a Izabel está?

Ela não viu nosso carro, mas podíamos ter saído.
O velhinho ainda sentado, olha-a sereno.
Sem a resposta desejada,  ela se volta, afastando-se.
Ao que escuta uma voz:

- Moça, quando a senhora encontrar a Izabel, pode dar um recado?

A vizinha retorna o olhar e com a cabeça diz que sim.

- Fala para ela que, se ela me quiser, posso ser o jardineiro daqui.
Posso cuidar do jardim dela.
Com muito gosto, viu moça?

Até aí, tudo bem, apesar da dúvida. 

O que ele estava fazendo lá dentro se não trabalhava para a Izabel?
E voltando rápido o olhar para o velhinho 
para questionar como ele entrara lá, 
a surpresa:
Onde estava o tal jardineiro!?
Não houve nem tempo nem espaço 
para ele se locomover nem se esconder.
Ele sumiu!
E ela( a vidente) correu para casa assustada!!!
(geralmente, pessoas videntes morrem de medo de suas visões)
Dias depois, quando subi a serra, o "causo" já era público.
E todos me perguntavam pelo tal.
E eu lá sabia!
Ficamos encantados.
Que beleza!
Ganhamos um protetor invisível!
Seja bem vindo!
 - eu o saudei, nós o saudamos...
se para o bem ali estivesse!
E, com certeza, estava, 
eu lhes afirmo
com meus olhos 
de quem acredita no lado invisível,
no dito sobrenatural,
pois como,
debaixo de tanto arbusto abandonado,
daquele solo maltratado,
conseguiram  florescer 
tantas e tão belas
hortênsias azuis 
da cor do céu!
Só com as mãos de luz do homem velho.
Muitos que lá já foram
ouviram assovios, 
viram gente passando, 
crianças felizes correndo,
sentem arrepios, 
outros morrem de medo,
os coitados!
outros nos falam que é abençoado,
os felizes!
Não sabem do poder do mistérios.



Existe o milagre.
Milagre é tudo aquilo que a gente não sabe explicar com a razão.

Mas  eu gosto dessas histórias, 
meus senhores e minhas senhoras!
Ora, como gosto! 
 É a Vida pulsando em todos os planos e dimensões!

Ainda em tempo:
Naquelas bandas a única casa que apareceu no meio da sala 
uma salamandra foi a minha!!!!!
Eu vi 
(e corri, subi no sofá!)
Nós vimos!
( meu marido não correu!)
Dizem que aparece em casa de bruxos.
Nossa Senhora!!!
Eu tenho uma salamandra, não sei onde, mas tenho!
Deve ter surgido do nada 
e pro nada voltou!

Foi assim que se sucedeu!


- Maria Izabel Viégas -

domingo, 15 de dezembro de 2013

O que eu acredito.


Um certo dia, assim como Clarice,

" descobri que não tenho um dia -a- dia. É uma vida -a- vida. 
E que a vida é sobrenatural"
 (C. L.)
A vida é um mistério.
Fazemos parte desta misteriosa trama.
Acredito no nosso poder de transformar nossa história;...
nada é definitivo.
Nossa consciência é nosso guia e, dependendo de nossos atos e pensamentos, será ela, somente ela, que julgará nossas ações cometidas.
Creio infinitamente num Poder Supremo Superior que nos ampara, apesar das crises e vicissitudes que passamos.
E, principalmente, apesar da ignorância e desatinos que o negligente ser humano insiste em "ferir" o nosso planeta.
Muito há que se mudar 

nos corações,
nas mentes e consciências, 
Todas as essências 
efervecerem,
evaporarem
choverem em outras formas 
líquidas e mais puras, 
amistosas e fraternas
numa troca/morte súbita, 
volver à vida noutros matizes. 
Creio, entretanto, que mudar é sempre possível!!
Sim, é o que creio... 
pelo menos, até agora!
Amanhã posso, quem sabe, realizar novas descobertas. 

Moramos num mundo tão pequeno, 
tantas estrelas espalhadas pelo Universo.
 

Quem sabe que o que é, realmente assim o é!

- Maria Izabel Viégas  -

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Acordei de um sonho ou viver é um sonho acordada?


Hoje ao acordar custei a voltar para este lado da vida.
Tenho, sempre tive, noites de mil sonhos .
Muitas imagens, umas fruto da limpeza que minha memória faz para expurgar
tudo aquilo que precisa sair, tomar vida e desaparecer no véu da noite.
Necessitam ir para fora de mim , simplesmente...
Estes não me assustam, são manifestações de meu inconsciente
que, se represados, certamente, serão meus fantasmas.
Tornam-se pesadelos se deles eu tiver medo.
E medo não tenho.

Aprendi a discernir o que é limpeza do que aquilo que chamo de viagens de minh'alma.
Hoje, entretanto,  no retorno, me trouxe uma saudade triste ...
Saudade de muitos momentos passados, de pessoas amadas que se foram,
saudades de um lugar- porto - seguro;
vultos, paisagens conhecidas que nesta vida nunca vi,
mas que guardo límpidas nos olhos lá no bem fundo.

E encontrei o rio e o oceano.
E sinto que é assim...
Nada pode ser modificado.
É a lei: seguir em frente.

Aqui na vida sou rocha firme nas águas de meu rio vejo: pessoas, vivências, momentos, alegrias e tristezas passarem por mim. Marcam-me, mas igualmente deixo nelas minhas marcas.
Eles passam e eu fico; mas vai um pouco de mim nas suas águas.
A cada ser que passa deixo nele o aroma do meu ser ou o amargor de mim.
O que serão após por mim passarem, não sei, não são mais eu, seguiram!
E eles deixam seu perfume ou amargor em forma de aprendizado em mim.

Nunca somos iguais, a cada amanhecer ressurgimos das cinzas como Fênix .
É o meu sonhar acordada e meu sono em liberta - vida.
Dormir é sempre um preparo para a grande e final partida.
E acordar é sempre um novo e maravilhoso renascer.

Sinto que hoje acordei este rio que teme e treme...
Mas não vejo ainda o oceano.
No sonho eu estava no oceano e acordei rio.
Vida... estranha vida.
Vida... misteriosa vida.
Ora sou rio...
ora sou oceano.
Lá e cá.
Ir e vir.
É assim... a vida, que nunca acaba pois é eterna!

 -  Maria Izabel Viégas   -

domingo, 8 de dezembro de 2013

Quem ouviu o choro do meu ipê - roxo?






 O vento o tirou de mim,
que culpa tem o vento?
A tempestade arrasou a cidade,
pode-se execrar a tempestade?
Aprendemos a amar a brisa.
porque nos refresca.
Aprendemos a ficar à sombra 
das árvores generosas e frondosas.
Inocentes, pois elas atraem os raios,
a fúria da natureza.
E quem condenará os raios e os trovões?
Aprendemos que os primeiros 
limpam as energias nocivas, 
miasmas psíquicos espalhados 
pelos pensamentos doentios 
do homem desavisado 
ou mal intencionado
aqui no ambiente próximo à superfície - terra.
Aprendemos a cultivar o solo sagrado
que nos dá o sustento, alimento e vida.
E quem condenará a avalanche 
que numa catástrofe aterrou 
toda  a cidade?
Aprendemos que nossa Terra é um planeta água,
cobre três quartos de sua superfície,
sentimos que a água é a nossa vida
somos água em todo nosso ser.
E quem condenará a mesma 
quando enfurecida se torna maremoto,
destrói vilarejos, 
arrastando as margens dos rios, 
matando gente.
matando bicho.
Mata porque é seu destino
seguir o curso que lhes apontaram os homens
que desviam rios e fazem hidrelétricas no meio
e que condenam à morte a terra 
dos índios, 
dos quilombolas, 
dos mais pobres, 
dos fracos e oprimidos.
Quem realmente é dono do poder aqui na terra dos homens?
Quem realmente comanda todos os destinos?
Quem manda nas forças da natureza?
Quem é o senhor do mundo?
Aprendemos, desde pequenos, 
que havia um deus supremo
que era o rei dos mundos
de todas as esferas.
E quem culparemos quando 
um índio é morto
um animal é extinto
quando se trocam florestas por pastos inúteis
que nem tem gado nele, 
só uma certidão de posse de um coronel.
Assistimos, perplexos, a omissão da justiça do homem
que permite os crimes em prol dos lucros.
Condenaremos o deus supremo?
Condenaremos tupi , 
o deus dos índios,
por omissão culposa ou danosa?
Tantos deuses...
e a lei é essa?
Só assistir a tudo e apenas rezar.
Mas rezar para quem?
Rezar para que deus?
O deus dos índios, o dos homens brancos, 
ou para mamon - o deus da cobiçada e vil moeda?

Mundo ainda lindo, nosso mundo, nosso lar,
que morre que sofre que chora que geme 
nas trevas da ignorância e do descaso.

E quem ainda ouve o choro dos que morrem antes do tempo?
Soterrados pela terra amada.
Afogados nas águas do triste destino.
Desabrigados pela fúria dos ventos
Sufocados pela falta do ar puro
que respiraria
e prolongaria a sua vida.

Quem ouve ainda o choro das árvores que morrem?

Quem escuta o lamento do silêncio dos pássaros inocentes?
Quem tem a sensibilidade de ouvir a voz da alma das coisas e gente sofredora deste mundo?

Eu hoje choro a morte de minha árvore 
nobre
bela 
altiva 
majestoso ipê - roxo.
Foi tão rápido
tão alto o seu grito 
no meio da tempestade...
Partiu-se um elo de amor
uma união de almas 
meu tronco - gente ouviu 
um lamento do seu tronco - árvore:
só um lamento:

"Adeus
ssssssssssssssssssimmmmmmmm
há Deus, sim,
acredita...
vou para o céu das árvores
no meio da mata Atlântica
há um local secreto e sagrado
que me aguarda, 
não chora!"

Mas eu, humana
deveras cansada de impunidade
das maldades, das falsas desculpas
dos homens inconsequentes e cegos,
inundada pela descrença 
no poder deste mundo
chorei tantas lágrimas tristes.
Transformei-me em 
raio, trovão, fúria,
vento, maremoto, avalanche.
Tempesteou 
todo meu ser
choveu dentro de minh'alma.

adeus
há deus
no secreto, no mistério, no mundo paralelo ao que vivemos.

 Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Do que eu entendo eu falo





"Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa todo entendimento."
- Clarice Lispector -

  
 E  eu, do que entendo e falo?

Não se preocupe em se explicar,
quem lhe ama 
o compreende.
Quem ama sabe que 
ser sincero
é o caminho para a libertação.
Que eu nunca faça Odes à Perfeição
se ainda não sei
nem caminhar com olhos fechados
no próprio solo em que nasci.
Que sim, eu celebre 
a imensa alegria
de ter a suprema oportunidade de viver
e tentar
 e tentar 
e tentar
ser melhor
do que eu mesma.

- Maria Izabel Viégas -