Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sábado, 28 de dezembro de 2013

E quem inventou que o ano é novo?



 Hoje é sábado. 
Quando criança e nem me recordo o porquê...
não gostava desse dia.
Eu era uma infante, 

meu mundo fisico era tão pequenino.
E acredito que os pequeninos 
tem seus motivos,
faz parte da infância.
Só sei que alguma coisa me incomodava no sábado.
Vá saber, coisas de criança!

E o que isso no hoje me importa, 
ficou no passado, fechei a porta.
Se o mundo físico era minúsculo, 
do tamanho de meu frágil corpo,
não correspondia ao tamanho imenso do meu imaginário.
Este parecia, é minha visão do que sei agora,
um somatório dos sonhos de todas as crianças do mundo!
Um oceano, povoado de seres, mitos e lendas.
Fantasias.
Eu mesmo quase que voava a cada dia, 
sentindo-me presa naquela minha casinha pequenina
e eu, em sonhos, liberta viajava nas estrelas.
E o tempo passava, inexorável, impiedoso,
nunca pedindo permissão pela ousadia de me fazer crescer.
Que desalento, que tolice.
E quem se importa de perguntar a opinião de uma criança 
se estava preparada para sair correndo, 
para ir subindo a escada do tempo.
O tempo não tem tempo para nada.
Ele não caminha,
assim como a humanidade,
em passos titubeantes e lentos.
Ele avança. 
Ele corre apressado, o tempo!
Até hoje não sei para onde vai o tempo.
Vezes penso que ele caminha para o nada!
Outras,  dou-lhe créditos, penso que vai de encontro do tudo!

O Senhor do Tempo só aparece de sete em sete anos
para nos sabatinar sobre o que de bom 
estamos fazendocom as experiências 
que ele e a vida colocam no nosso caminho.

Uma análise bem correta do tempo que temos nas mãos:
dias, meses e um ano inteiro para viver e realizar tudo que sonhamos 
e, muitas vezes, imersos nessa contagem ano a ano.
desperdiçamos cada hora vivida boa parte de nosso rico tempo.
E no Ano Novo soltamos fogos de artífício, 

cantamos e dançamos 
na esperança de realizar tudo aquilo 
que desperdiçamos a cada minuto,
 por estarmos "ocupados demais" 
ou "distraídos", 
apenas a sonhar!
 

Drummond, na sua genialidade, 
afirma no poema " Cortar o Tempo"
que, ao dividir o tempo em pedaços - anos,
o homem foi genial 
na industrialização da esperança.
E eu, fico a meditar sobre essa sua visão de mundo.
Leia, veja se concorda, afinal, aqui trocarmos idéias,
nada é definitivo, 
só é vero
que, enquanto pensamos,
a vida passa cada vez mais rápida.
Logo pensa rápido.
Não hesite, 
nem se espante com o poeta,
leia atentamente 
e pense ou repense, 
aproveita, vai -
enquanto há tempo
e estamos vivos!
Podemos recomeçar a fazer novos anos 
sem datas marcadas, cronológicas 
e socialmente divididas. 

"CORTAR O TEMPO"

 "Quem teve a idéia de
cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de Ano,
foi um indivíduo genial. 

Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar
no limite da exaustão. 

Doze meses dão para
qualquer ser humano
se cansar
e entregar os pontos.
aí entra o milagre da renovação.


(Carlos Drummond de Andrade)


E tudo começa outra vez,
com  outra vontade de acreditar
que daqui pra diante 
vai ser diferente!
Recomeça, traça novos inícios, 
outros fins que mais te agradem,
mas não esquece: 
Vai profundo, 
mergulha...
pois na superfície somos levados 
por vãs aparências.

- Maria Izabel Viégas -  

domingo, 22 de dezembro de 2013

O meu presente para você, amigo: palavras e sentimento!



Pensar, vivo pensando.
Sentir, vivo sentindo.
E é por pensar e por sentir, 
por tudo isso,
que parece pouco 
na vida de uma pessoa;
mas ledo engano,
isso é o tudo.
E por falar nos natais que eu não gosto assim tanto.
E por sentir que você, amigo, pode gostar assim tanto.
Que eu parei de pensar
e fui sentindo 
um sentimento imenso
de que é para você, 
que eu aqui estou
e penso e sinto.
E fui tomada de uma vontade tamanha
De falar mais do que eu penso.
De sentir o seu sentimento de natal 
Ir além, muito além 
do que eu gosto e sinto!
Ir ao seu encontro, 
querido amigo,
ofertar-lhe um presente natalino.
Ser eu aquela que traz a mensagem do amor que eu penso.
E transformá-lo num sentimento doce e manso de amor,
este tanto de amor que sinto. 
O que faço?
O que posso oferecer em troca 
desse seu olhar atento, 
presente sempre aqui 
no meu pequeno mundo?
Qual a mensagem que seja a mais sincera?
A que seja o cantar do meu coração vibrante?
Eis que Deus e o Menino Jesus me enviou um anjo.
Uma amiga me deu este presente:
Palavras
Como são ricas as palavras!
Como são sementes prenhes de sentires!
Ganhei-as de Anne Heloise, sorvi o encanto!
Ofereço a você, 
amigo que me lê agora.
Passo-as adiante, 
pois palavras 
hão de transformar todos os natais dos homens;
hão de mudar um dia todo o sentimento do mundo!
Havemos de repeti-las 
como um mantra, 
como uma prece,
uma oração...
Toma, é sua!







"Se eu pudesse 
deixar algum presente a você,
deixaria acesso ao sentimento 
de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo 
o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos 
para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
 Deixaria para você, se pudesse, 
o respeito àquilo que é indispensável:
 Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
 E, quando tudo mais faltasse, 
um segredo:
O de buscar 
no interior de si mesmo 
a resposta e a força 
para encontrar a saída."

- Mahatma Gandhi -


Seja Feliz neste Natal de Jesus, amigo!
Que os céus escutem as suas preces 
E que se cumpra!

- Maria Izabel Viégas -

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Dia 25 dezembro, a data em que Jesus dividia a festa com o aniversário da minha avó!




Consegui abolir de minha vida a loucura do comércio das festas natalinas, mas não sem ter que romper com exigências dos que me cercavam.
Fui menina criada num ambiente em que se necessitava, e eu percebi desde cedo, a ir além do momento Natal.
Não era ruim, era até a grande festa, mas não o aniversário de Jesus.
Era a comemoração mais esperada por meu coraçãozinho ansioso, pequeno passarinho preso ainda numa gaiola branquinha, toda cheia de esperança;
era a espera contada dos dias do aniversário de minha avó.
Ela, tão cercada, amorosamente rodeada por seus filhos e netos, a verdadeira heroína.
Não havia espaço para Papai Noel, dele sabia-se que era mito.
E, sinceramente, era uma reunião tão amorosa e alegre, que Jesus simplesmente perdia para minha avó Izabelita.
Não precisavam presentes, árvores nem bolas.
Enfeites eram as presenças, a nossa presença.
Era ela a rainha da festa,
por coincidência, mais tarde, descobri que Jesus nasceu no mesmo dia!
E, pensava a menina pequenina, como Jesus deve ter ficado contente por nascer no dia dela!
Não se falava em religião.
Era uma festa, cantava-se, dançava-se, comia-se comidas gostosas.
Dividia-se o pão.
E isto era bom.
Ria-se com piadas dos nossos tios, casos lá do passado, memórias dos antepassados
Nós, os pequenos, brincávamos.
Bem, eu sempre tive a mania de me afastar das crianças, embora eles estivessem juntas.
Surgia uma chance, lá estava eu a sorver a palavra dos mais velhos.
Natal era escutar as histórias dos meus ancestrais.
Abraçada ao meu pai, tinha o privilégio de ouvi-lo falar sobre coisas muito mais importantes.
As  mulheres faziam a comida colocavam a mesa farta e serviam aos homens
E, sinceramente, os assuntos delas entravam e saiam da minha cabecinha.
Que me interessava como se fazia aquele quitute!
O dia que eu precisasse fazer, eu faria!
(e assim foi, ninguém me ensinou a cozinhar, quando precisei fazer, eu sabia)
Mas quem mais abriria o Livro Sagrado da minha Clã?
Quem mais me falaria das minhas raízes?
Isso era imperdível.
Anos depois ao estudar o Evangelho,
 li que Jesus admoestrou Marta,
que reclamava que a ela ficavam os serviços pesados de cozinha,
enquanto sua irmã, Maria, sentava aos pés de Jesus
a ouvir-lhe os ensinamentos somente reservado aos homens.
Às mulheres, a cozinha!
Aos homens o prazer da cultura, do diálogo!.
E Marta ouviu de Jesus:
Marta, aquieta-se, faz o que quiseres, mas faça com gosto sem exigir de outros que sigam a sua servil e amorosa tarefa de nutrir os homens e ao próprio Jesus.
Deixe Maria,  está a sorver o melhor da festa, delicia-se com a melhor parte do bolo:
O Ensinamento do Meu Pai,
que está nos Céus e me enviou
para que o seguíssemos.
Faça o que quiser,  sem culpar Maria,
a escolha dela é ouvir  Minha Palavra.
Aquiete-se, não a julgue.
E quem ensinaria a Maria quando Jesus se fosse?
Como perder a oportunidade de ouvir a História do Pai de Jesus,
a mais incrível História da Clã dos Homens da Terra?
Vi que sigo ainda Maria.
Embora saiba fazer tudo que Marta fazia.
O Natal meu foi se modificando a cada transformação da menina em adolescente e mulher.
Hoje liberta estou de presentinhos (tenho o ano seguinte para dar o que é preciso),
de compras loucas consumistas, de desejar um Natal Feliz.

Desejo aos meus amigos que aqui comigo estão,
uma Vida toda à sua frente 
plena de alegrias e graças.
Desejo que o mundo siga 
os Ensinamentos  do Cristo 
no Sermão do Monte,  imenso esplendor e beleza, 
resumo de todos os princípios éticos - morais,
que com certeza teria unido 
e um dia unirá, assim eu creio,
todos os Homens de Boa Vontade:

" Vóis sois o sal da terra.
Mas se o sal perder seu próprio sabor
e se tornar insosso, que fará com ele?
Para nada servirá e as  pessoas o atirarão fora, por inútil.
 Vóis sois a luz
que clareia o mundo.
Não se pode ocultar uma cidade iluminada no alto da montanha.
Também não se acende 
uma lâmpada para escondê-la debaixo da mesa
ou dentro do armário.
Ao contrário, nós a colocamos 
em lugar onde possa oferecer luz a todos da casa.
Assim, portanto, que vossas 
obras sejam como lâmpadas que a todos iluminem.
E ao ver tais obras, as pessoas sejam levadas
 a reconhecer a presença de Deus."

- in Sermão do Monte ( Evangelho de Mateus)


Meus amigos amados, que nestes dias saibamos ser o sal da terra que nunca se corrompe!
Que mostremos ao mundo a luz que habita em nossos corações.
E que, nunca a escondamos debaixo da mesa ou dentro do armário.
Que brilhemos a nossa Luz iluminando o caminho dos que ainda estão à procura.
Que nossa luz se reúna 
às luzes dos Companheiros Viajantes
como nós ainda o somos aqui na Terra..
E que, juntos, iluminemos para sempre a nossa cidade!!!

Feliz Vida!
Abençoados sejam os seu dias!
Que brilhe a sua luz por todo o sempre,
 iluminando todas as mentes que duvidam e corações que sofrem !

 - Maria Izabel Viégas -

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Um causo Incrível, fantástico: meu jardineiro fiel





 Meu Jardineiro Fiel

Este é um caso "Incrível, Fantástico, Maravilhoso" que se passou na mata.
Na mata que eu acabara de comprar lá pros lados da região serrana .
Aconteceu há uns quinze anos mas deixou memórias.
O antigo proprietário realmente apreciava mato.
Mas mato mesmo,
Não aquela mata saudável, 
cheia de árvores belas, flores, jardins.
Levamos sustos.
Sentimos aquela sensação de desbravadores.
Muito mato, sem poda, cheio de formigueiros lá no topo de alamedas.
E nenhuma frutífera, o que para mim é crime inafiançável.
Bem, começamos a limpar. 
A cada limpeza descobríamos alguns tesouros;
sou obrigada a confessar, 
junto a um grande formigueiro, 
surgia uma alameda de belas hortências.
Babosas, tínhamos babosa no jardim.
E assim, fomos delineando nosso espaço.
Hoje  está ao nosso gosto, 
reflorestadamente linda,  afinal!

Enfim, o causo:
Num entardecer uma vizinha 
que via "coisas do outro mundo", 
'dom comprovado' pelos demais dos arredores, 
passeava como sempre o fazia com sua netinha
e parando na porteira minha,
viu um senhor de cabelos branquinhos sentado calmamente numa pedra grande.
perguntou a ele por mim:

- Moço, a Izabel está?

Ela não viu nosso carro, mas podíamos ter saído.
O velhinho ainda sentado, olha-a sereno.
Sem a resposta desejada,  ela se volta, afastando-se.
Ao que escuta uma voz:

- Moça, quando a senhora encontrar a Izabel, pode dar um recado?

A vizinha retorna o olhar e com a cabeça diz que sim.

- Fala para ela que, se ela me quiser, posso ser o jardineiro daqui.
Posso cuidar do jardim dela.
Com muito gosto, viu moça?

Até aí, tudo bem, apesar da dúvida. 

O que ele estava fazendo lá dentro se não trabalhava para a Izabel?
E voltando rápido o olhar para o velhinho 
para questionar como ele entrara lá, 
a surpresa:
Onde estava o tal jardineiro!?
Não houve nem tempo nem espaço 
para ele se locomover nem se esconder.
Ele sumiu!
E ela( a vidente) correu para casa assustada!!!
(geralmente, pessoas videntes morrem de medo de suas visões)
Dias depois, quando subi a serra, o "causo" já era público.
E todos me perguntavam pelo tal.
E eu lá sabia!
Ficamos encantados.
Que beleza!
Ganhamos um protetor invisível!
Seja bem vindo!
 - eu o saudei, nós o saudamos...
se para o bem ali estivesse!
E, com certeza, estava, 
eu lhes afirmo
com meus olhos 
de quem acredita no lado invisível,
no dito sobrenatural,
pois como,
debaixo de tanto arbusto abandonado,
daquele solo maltratado,
conseguiram  florescer 
tantas e tão belas
hortênsias azuis 
da cor do céu!
Só com as mãos de luz do homem velho.
Muitos que lá já foram
ouviram assovios, 
viram gente passando, 
crianças felizes correndo,
sentem arrepios, 
outros morrem de medo,
os coitados!
outros nos falam que é abençoado,
os felizes!
Não sabem do poder do mistérios.



Existe o milagre.
Milagre é tudo aquilo que a gente não sabe explicar com a razão.

Mas  eu gosto dessas histórias, 
meus senhores e minhas senhoras!
Ora, como gosto! 
 É a Vida pulsando em todos os planos e dimensões!

Ainda em tempo:
Naquelas bandas a única casa que apareceu no meio da sala 
uma salamandra foi a minha!!!!!
Eu vi 
(e corri, subi no sofá!)
Nós vimos!
( meu marido não correu!)
Dizem que aparece em casa de bruxos.
Nossa Senhora!!!
Eu tenho uma salamandra, não sei onde, mas tenho!
Deve ter surgido do nada 
e pro nada voltou!

Foi assim que se sucedeu!


- Maria Izabel Viégas -

domingo, 15 de dezembro de 2013

O que eu acredito.


Um certo dia, assim como Clarice,

" descobri que não tenho um dia -a- dia. É uma vida -a- vida. 
E que a vida é sobrenatural"
 (C. L.)
A vida é um mistério.
Fazemos parte desta misteriosa trama.
Acredito no nosso poder de transformar nossa história;...
nada é definitivo.
Nossa consciência é nosso guia e, dependendo de nossos atos e pensamentos, será ela, somente ela, que julgará nossas ações cometidas.
Creio infinitamente num Poder Supremo Superior que nos ampara, apesar das crises e vicissitudes que passamos.
E, principalmente, apesar da ignorância e desatinos que o negligente ser humano insiste em "ferir" o nosso planeta.
Muito há que se mudar 

nos corações,
nas mentes e consciências, 
Todas as essências 
efervecerem,
evaporarem
choverem em outras formas 
líquidas e mais puras, 
amistosas e fraternas
numa troca/morte súbita, 
volver à vida noutros matizes. 
Creio, entretanto, que mudar é sempre possível!!
Sim, é o que creio... 
pelo menos, até agora!
Amanhã posso, quem sabe, realizar novas descobertas. 

Moramos num mundo tão pequeno, 
tantas estrelas espalhadas pelo Universo.
 

Quem sabe que o que é, realmente assim o é!

- Maria Izabel Viégas  -

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Acordei de um sonho ou viver é um sonho acordada?


Hoje ao acordar custei a voltar para este lado da vida.
Tenho, sempre tive, noites de mil sonhos .
Muitas imagens, umas fruto da limpeza que minha memória faz para expurgar
tudo aquilo que precisa sair, tomar vida e desaparecer no véu da noite.
Necessitam ir para fora de mim , simplesmente...
Estes não me assustam, são manifestações de meu inconsciente
que, se represados, certamente, serão meus fantasmas.
Tornam-se pesadelos se deles eu tiver medo.
E medo não tenho.

Aprendi a discernir o que é limpeza do que aquilo que chamo de viagens de minh'alma.
Hoje, entretanto,  no retorno, me trouxe uma saudade triste ...
Saudade de muitos momentos passados, de pessoas amadas que se foram,
saudades de um lugar- porto - seguro;
vultos, paisagens conhecidas que nesta vida nunca vi,
mas que guardo límpidas nos olhos lá no bem fundo.

E encontrei o rio e o oceano.
E sinto que é assim...
Nada pode ser modificado.
É a lei: seguir em frente.

Aqui na vida sou rocha firme nas águas de meu rio vejo: pessoas, vivências, momentos, alegrias e tristezas passarem por mim. Marcam-me, mas igualmente deixo nelas minhas marcas.
Eles passam e eu fico; mas vai um pouco de mim nas suas águas.
A cada ser que passa deixo nele o aroma do meu ser ou o amargor de mim.
O que serão após por mim passarem, não sei, não são mais eu, seguiram!
E eles deixam seu perfume ou amargor em forma de aprendizado em mim.

Nunca somos iguais, a cada amanhecer ressurgimos das cinzas como Fênix .
É o meu sonhar acordada e meu sono em liberta - vida.
Dormir é sempre um preparo para a grande e final partida.
E acordar é sempre um novo e maravilhoso renascer.

Sinto que hoje acordei este rio que teme e treme...
Mas não vejo ainda o oceano.
No sonho eu estava no oceano e acordei rio.
Vida... estranha vida.
Vida... misteriosa vida.
Ora sou rio...
ora sou oceano.
Lá e cá.
Ir e vir.
É assim... a vida, que nunca acaba pois é eterna!

 -  Maria Izabel Viégas   -

domingo, 8 de dezembro de 2013

Quem ouviu o choro do meu ipê - roxo?






 O vento o tirou de mim,
que culpa tem o vento?
A tempestade arrasou a cidade,
pode-se execrar a tempestade?
Aprendemos a amar a brisa.
porque nos refresca.
Aprendemos a ficar à sombra 
das árvores generosas e frondosas.
Inocentes, pois elas atraem os raios,
a fúria da natureza.
E quem condenará os raios e os trovões?
Aprendemos que os primeiros 
limpam as energias nocivas, 
miasmas psíquicos espalhados 
pelos pensamentos doentios 
do homem desavisado 
ou mal intencionado
aqui no ambiente próximo à superfície - terra.
Aprendemos a cultivar o solo sagrado
que nos dá o sustento, alimento e vida.
E quem condenará a avalanche 
que numa catástrofe aterrou 
toda  a cidade?
Aprendemos que nossa Terra é um planeta água,
cobre três quartos de sua superfície,
sentimos que a água é a nossa vida
somos água em todo nosso ser.
E quem condenará a mesma 
quando enfurecida se torna maremoto,
destrói vilarejos, 
arrastando as margens dos rios, 
matando gente.
matando bicho.
Mata porque é seu destino
seguir o curso que lhes apontaram os homens
que desviam rios e fazem hidrelétricas no meio
e que condenam à morte a terra 
dos índios, 
dos quilombolas, 
dos mais pobres, 
dos fracos e oprimidos.
Quem realmente é dono do poder aqui na terra dos homens?
Quem realmente comanda todos os destinos?
Quem manda nas forças da natureza?
Quem é o senhor do mundo?
Aprendemos, desde pequenos, 
que havia um deus supremo
que era o rei dos mundos
de todas as esferas.
E quem culparemos quando 
um índio é morto
um animal é extinto
quando se trocam florestas por pastos inúteis
que nem tem gado nele, 
só uma certidão de posse de um coronel.
Assistimos, perplexos, a omissão da justiça do homem
que permite os crimes em prol dos lucros.
Condenaremos o deus supremo?
Condenaremos tupi , 
o deus dos índios,
por omissão culposa ou danosa?
Tantos deuses...
e a lei é essa?
Só assistir a tudo e apenas rezar.
Mas rezar para quem?
Rezar para que deus?
O deus dos índios, o dos homens brancos, 
ou para mamon - o deus da cobiçada e vil moeda?

Mundo ainda lindo, nosso mundo, nosso lar,
que morre que sofre que chora que geme 
nas trevas da ignorância e do descaso.

E quem ainda ouve o choro dos que morrem antes do tempo?
Soterrados pela terra amada.
Afogados nas águas do triste destino.
Desabrigados pela fúria dos ventos
Sufocados pela falta do ar puro
que respiraria
e prolongaria a sua vida.

Quem ouve ainda o choro das árvores que morrem?

Quem escuta o lamento do silêncio dos pássaros inocentes?
Quem tem a sensibilidade de ouvir a voz da alma das coisas e gente sofredora deste mundo?

Eu hoje choro a morte de minha árvore 
nobre
bela 
altiva 
majestoso ipê - roxo.
Foi tão rápido
tão alto o seu grito 
no meio da tempestade...
Partiu-se um elo de amor
uma união de almas 
meu tronco - gente ouviu 
um lamento do seu tronco - árvore:
só um lamento:

"Adeus
ssssssssssssssssssimmmmmmmm
há Deus, sim,
acredita...
vou para o céu das árvores
no meio da mata Atlântica
há um local secreto e sagrado
que me aguarda, 
não chora!"

Mas eu, humana
deveras cansada de impunidade
das maldades, das falsas desculpas
dos homens inconsequentes e cegos,
inundada pela descrença 
no poder deste mundo
chorei tantas lágrimas tristes.
Transformei-me em 
raio, trovão, fúria,
vento, maremoto, avalanche.
Tempesteou 
todo meu ser
choveu dentro de minh'alma.

adeus
há deus
no secreto, no mistério, no mundo paralelo ao que vivemos.

 Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Do que eu entendo eu falo





"Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa todo entendimento."
- Clarice Lispector -

  
 E  eu, do que entendo e falo?

Não se preocupe em se explicar,
quem lhe ama 
o compreende.
Quem ama sabe que 
ser sincero
é o caminho para a libertação.
Que eu nunca faça Odes à Perfeição
se ainda não sei
nem caminhar com olhos fechados
no próprio solo em que nasci.
Que sim, eu celebre 
a imensa alegria
de ter a suprema oportunidade de viver
e tentar
 e tentar 
e tentar
ser melhor
do que eu mesma.

- Maria Izabel Viégas -

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Desistir jamais


Já poetiza Leminski:

"Nuvens brancas
passam
    em brancas nuvens."

(in livro "Toda Poesia")

Dizem alguns que em pequenos frascos se encontram perigosos venenos,
outros, refutam, que neles se armazenam os melhores perfumes.
Aqui o poeta simplesmente colocou os dois:
o perfume e o veneno.
O aroma da simplicidade, a de sintetizar toda uma filosofia de vida.
Sim, ele nos fala do nosso modus vivendi.
Quando tudo está bem, quando a felicidade alegra nossos dias nem nos damos conta de agradecer pelas benesses. Orar agradecendo aos poderes supremos o fato de que a vida anda sem tropeços.
Todos em astrologia falam do potencial de Júpiter, o Grande Benéfico.
Se estamos com o planeta num aspecto favorável, conseguimos agregar sorte,
dependendo de que planeta e quais os assuntos que ele toca.
Só que é nessa hora que nossa natureza distraída cai em armadilhas feitas por nós mesmos.
De tanta sorte, deixamos passar oportunidades.
E, lá se vai o tudo de bom  pois, afinal, o mundo gira, os planetas vão em frente.
As nuvens brancas são sopradas pelos ventos e ficamos a procurar carneirinhos no céu,
esquecidos de obrar, laborar, agir.
Chega uma oportunidade de emprego: uma, duas, três e  deixamos passar,
na certeza de que tudo tudo vai dar certo.
Na música até que vai!
Mas na vida temos que aprender a aproveitar as oportunidades.
Prestar atenção ao que chega às nossas mãos.
Saber entender os sinais.
Se não, vamos ter que aprender é quando o vento, esse ardiloso senhor, começa a soprar mais forte trazendo as tais nuvens negras.
As quadraturas, as oposições, os tracinhos vermelhos muito malvados, como dizia um amiga, que odiava os vermelhos!
Como se os vermelhos, ou seja , os problemas, as nossas próprias dúvidas e incertezas e os obstáculos que outros nos colocam à frente não fossem agentes de mobilização!
Essa amiga tinha um mapa natal  cheio de trígonos e sextis, tudo lhe era facilitado
e ela, insatisfeita, reclamava da vida!
Chegava o leite e ela reclamava que estava frio. Que ainda tinha que esquentar.
Ora ora ora!
Se não aprendemos com as coisas boas da vida, vamos ter que seguir o aprendizado pela dificuldade, repetindo os mesmos erros até que ele vire acerto.
O veneno contido está justamente na displicência com que nos acomodamos em receber sem prestar atenção na mão que nos oferece ajuda.
Esquecemos de agradecer.
E, ao primeiro sinal de problemas, nos revoltamos.
A lição para esta que aqui fala é que lá por cima das nuvens negras mora um céu azul e brilha o sol.
Que eu, meu sol, minha essência, meu eu estou sempre acima dos cumulus nimbus.
Que no céu daquele dia eu posso estar a sofrer, mas que eu sou aquele que vai se deixar abater ou não.
Que vou optar por abrir buracos no meu eu interior e deixar reluzir o sol que brilha em mim.
Bem, tem dias que dá certo.
Tem outros que fico totalmente azarada e encharcada.
Mas, caramba, não nasci para ser comandada por nuvens negras.
E nem para ficar apenas contando as branquinhas, embora as contemple com a devida alegria, são boas e nos despertam prazer.
Nasci para ser melhor do que fui na outra encarnação!
E, contabilizando
perfumes e venenos,
certa de que estou no meio do caminho
eu só sei que...
Desistir Jamais!

- Maria Izabel Viégas -

sábado, 23 de novembro de 2013

Conversando com o mal

Conversando com o Mal

"Às vezes o mal persegue o guerreiro.
Então, com tranquilidade, ele o convida para a sua tenda.
O guerreiro pergunta ao mal:
“você quer me ferir, ou me usar para ferir os outros?”
O mal finge não ouvir.
Diz que conhece as trevas da alma do guerreiro.
Toca em feridas não cicatrizadas, e clama vingança.
Lembra que conhece algumas armadilhas e venenos sutis que o ajudarão a destruir seus inimigos.
O guerreiro da luz escuta.
Se o mal se distrai, ele faz com que retome a conversa, e pede detalhes de todos seus projetos.
Depois de ouvir tudo, levanta-se e vai embora.
O mal falou tanto, está tão cansado e tão vazio, que não conseguirá acompanhá-lo."

- Paulo Coelho -




Somos vezes inocentes quando estamos a caminhar.
Somos assediados por pessoas ou por pensamentos 
que vêm revestidos da sombra inquietando o coração.
trazem-nos medo e dúvida quanto ao como agir.
Alguns dias, adoecemos fisicamente, 
frágeis alvos dessas flechas que 
do nada, 
do oculto saem , 
amortecendo nossa capacidade de julgar.
De melhor discernir qual a melhor ação a fazer.

Este conto acima me lembra o como agem as sombras sobre nossos pensamentos.
Ou como as pessoas "doentes da alma" agem conosco:
Primeiro nos alertam que são mais fortes. 
Resistimos, quando fazem propostas que molestam nosso caráter,
Tornam-s mais ousados,
avançam, ameaçam, 
Intentando ser sutis,
falam dos nossos defeitos;
amedrontam.
E, quando encontram em nós 
resistência à sua ação maléfica, 
usam , creio eu, a pior estratégia:
nos oferecem a sua amizade, 
elogiam-nos, envolventes, 
acariciando nosso "ego".
E haja festas! 
E haja orgulho! 
E haja cegueira!

Nunca há olhos nos olhos, tudo é às ocultas.
 O mal se julga esperto.
Realimenta-se de nosso orgulho.

Esquece-se, entretanto, que há em cada ser uma centelha divina que nos conecta com a Luz.
Seu orgulho é tamanho 
- assim são os poderosos -
passam a viver uma história paralela, 
onde eles são o centro do mundo.
A mentira é tantas vezes corroborada
que torna-se a irreal verdade!
O mal, esse veneno mascarado, é tolo.
Esquece-se que fomos sementes plantadas no útero materno,
e que este ato de semeadura 
- o nascimento  aqui neste plano -
é é de tal magnitude que só o bem pode ser o mentor!
Nascer é um ato de amor!
Nascer é como a eclosão de toda uma galáxia,
é força motriz, 
é esplendor!
É o toda energia cósmica se fundindo numa só molécula.
E isso só o Bem é o poder gerador.

Ao nos curvarmos como varas frágeis ao vento forte 
já é fruto do aprendizado
que para ser grande 
vezes, é preciso ser humilde.
É preciso, muitas vezes, perder para ganhar.
Humanos somos e trazemos no inconsciente a memória dessa força que nos trouxe aqui.
Sentimos que nossa força está no coração.
Aprendemos a esperar.
Escutar em silêncio as investidas do mal.
Já vi o mal de frente muitas vezes...
Ele anda solto, volta e meia aparece, 
usa máscaras diversas, 
mas que caem... sempre.
Ele falou, 
tentou me hipnotizar, 
cantou, dançou, 
falou ternamente 
e, num dual,
impaciente, 
gritou com meu coração, 
machucando-os com incertezas.
Já ouvi, um certo dia, num tempo distante,
a voz da alma ressoando no meu coração.
A alma não mora aqui nem precisa de elogios e glórias,
nem se inquieta com as dores deste lado de cá da vida.
E nem ambiciona ser dona de nada.
A alma sabe que pertence a Deus.
Os mestres, os anjos sempre acompanham e iluminam  o caminho
daqueles que não mais optaram 
por ser escravos do medo, 
do egoísmo, das falsas vitórias, das ilusões.
Deus ilumina o peito dos guerreiros da luz.
As escolhas são nossas.

- Maria Izabel Viégas -

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dividir seu tempo entre dois mundos materiais



Uma paisagem refletida no espelho.
O mundo real e o virtual.
Qual é o real?
Qual o virtual?
Que dificuldade eu tenho para sair mais da imagem refletida onde tenho companhias que me fazem rir, me ensinam, me divertem quando estou triste;
que dificuldade de estar na imagem real e sem dar uma espiadinha. 

Ainda por cima inventaram o celular, um bem que nos ata ainda mais, um sufoco!
Que dificuldade de igualmente deixar de viver num mundo 
onde os problemas, 
as pessoas que não nos merecem,  
somem num simples clique.
Onde existem mais sorrisos que no real.
Onde se tem mais tempo de dizer 

Olá!!! 
Bom Dia, Mundo!
Como vai?

Na vida real estamos cercados pelo medo.

Não temos tempo para parar um momento.
Há perigos nas mais simples situações, nas compras, na rua transitando.
Não falamos ao celular no meio a multidão pois certamente já tivemos relatos de amigos que foram assaltados.
Não consigo mais dar Bom Dia para meu vizinho,  pois não reconheço marcas de carro e não o vejo ao passar com o vidro fumê fechado e escuro.
Eu mesma ando assim. 

Bem, há os que passam apressados e buzinam.
Eu também, as vezes, apressada, faço o mesmo!
 

Ontem, aqui, na vida real, nós refizemos, numa trabalheira louca o jardim em volta do meu ipê - roxo, que estava quase morrendo. 
Chamamos um agrônomo do Horto Municipal e ele nos orientou. 
Eu não tenho força para arrancar com a enxada a menor das plantas, mas tive que ajudar. 
Meu marido fez a parte pior. 
Acabamos com um formigueiro que se escondia embaixo de minhas lindas plantinhas. 
Sorrateiras, as indesejáveis criaturinhas, devoravam o casco e intentavam matar a raiz, 
enquanto, embevecidos, olhávamos a beleza do jardim.
E nós fizemos um amplo jardim à sua volta, cheio de plantas pequenas e lindas;
que, infelizmente e inocentes, nos tampavam a visão da base do tronco.
Fiquei com o pouco que fiz, replantando algumas, 

cortando com dó pezinhos de pingo de ouro que modelei tão lindas, 
Ai de mim, a jardineira, meu corpo doía muito depois;
eu ainda não estou curada.
Tenho tanta coisa a fazer.
Meu Deus, é preciso parar um pouquinho deste adorável mundo virtual 

que de tanto afeto e informação nos traz tantas alegrias.
 

É preciso olhar mais meu jardim!
O exterior que eu plantei;
o interior, que minha alma cultiva 
há quanto tempo,
desse, eu não sei!
Da alma temos sensações que nos dão os sinais, 
mas nem sempre captamos bem as mensagens.

Ficar nas duas imagens, com cautela,
sem me descuidar de tantas coisas que preciso fazer.
É preciso dar mais 

Bom Dia à vida 
enquanto a vida existe em mim!

Quanto ao meu jardim, à cura do meu ipê -roxo paixão, está dando certo!
De triste, perdendo a sua nobre altivez, já nos sorri em novas folhagens.
Como que se nos dissesse:
 - Obrigada! 
A nossa Mata Atlântica agradece, jardineiros meus!

A lição que assimilei foi que:

Não devemos enfeitar demais, em excesso que que já é belo por natureza. 
Que nunca se sufoca a raiz de nada nesta vida.
A chave está em procurar a raiz de todos os nossos problemas.
Expô-la ao sol da Terra de Gaia.
Estar atenta aos parasitos que se escondem no solo obscuros.
Expô-los -  os problemas - não mascará-los, 
ir ao mais profundo e curar as feridas 
que pequeninos pensamentos  - parasitas vão maculando,
ferindo nosso caule, 
nosso tronco, 
nosso eu, 
nossa personalidade,
nossa essência.

Minha árvore bela já está primaverando!

E minha alegria está aqui, no mundo real, 
atenta a outros sinais.
É preciso sempre viajar na vida 
discernindo o que nos faz bem e 
afastando de nós
aquilo que nos faz mal
e que não é necessário vivenciar!
Eu, na primavera , sempre hei de primaverar!
Em cada ciclo, em cada estação,
renovar-se em calma e refletida ação,
viver com os cuidados 
cada nova experiência
que surge nos caminhos.
Convictos que só o amor nos dá força e energia.

Maria Izabel Viégas

sábado, 5 de outubro de 2013

Um dia descubro minha palavra mágica.



A Palavra Mágica 

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra."

Carlos Drummond de Andrade, in 'Discurso da Primavera'


 Gosto imenso desta poesia. 
Eu sou um ser à procura sempre de algo que me complete.
Se estou insatisfeita comigo mesma?
Não, eu gosto muito de mim.
Minha companhia me faz bem.
Acredito, entretanto, que a caminhada é longa.
E muito há à minha frente para aprendizados e mudanças.
E por entender que nunca nesta vida 
e em nenhuma outra que já tive,
 pelo que me recordo já tive muitas e muitas vidas,
 não  estive completa.
A palavra completa me remete a términos.
E a estar cheia. 
estar como uma taça cheia de vinho é perigoso
pois a qualquer movimento em falso podemos transbordar.
Transbordar melhor só em benesses.
E nem sempre somos benesses. 
Vezes estamos azedumes.

E como sempre estou em mudanças 
ora superficiais ora profundas
não posso contentar-me com essa completude.
Tanto isto tudo é verdade,
que já nasci e renasci para consertar algo que estava com defeito.
Penso, aqui com meus botões místicos e doirados,
que só estarei completa, acabadinha , 
quando compreender totalmente a minha alma.
E, convenhamos, quem já aqui 
neste planeta confuso, alienado e louco,
já se extasiou com a visão da alma .
A alma não mora por aqui, é minha crença!

Meu corpo respira, inspira e expira.
Meu corpo tem falhas técnicas precisando sempre de reparos.
Minha alma pertence ao reino do divino.
E quem aqui já esteve em plena comunhão com o sagrado?
Místicos, gurus, santos?
Aqueles que vão a Retiros e Monastérios,
voltam com um nome santo,
que lhes foram fornecidos 
pelos swamirijis 
ou pelos gurus da excursão?
Não, amigos!

Quem sabe de mim sou eu!
O nosso nome santificado vem marcado em nós.
O nosso nome santo vem pela nossa intuição.
Nada vem de fora.
É como aquele que vai à uma aldeia indígena 
de um povo quase extinto
e vem batizado, tipo:
'Aquele que caminha com o vento'.
ou a 'Grande mãe que alimenta de luz o coração'
ou 'Ventre que acolhe a semente da esperança' .
Bem...

Obs.:
 ... o post está inacabado.
Volto para continuar minha procura... 
No próximo capítulo.
Treine , gafanhoto, a paciência, 
palavra irritantemente necessária e crucial no mundo louco

Paciência.
Autora vai dormir...

Talvez a minha palavra seja IRREVERÊNCIA!!!!!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Entro e saio



"entro e saio

dentro
é só ensaio."

Paulo Leminski , in Toda Poesia


E não é essa a vida?
Entramos e saímos dela em cerimônias sagradas:

Nascimento e Morte.

Nascemos para a vida material, saindo de outra dimensão para esta.
Morremos, despedindo-nos deste corpo físico, abandonando as vestes carnais, adentrando em outra dimensão.
O que dantes de nascer era a casa eterna passa a ser a Grande Incógnita.
Qual será nosso porvir?
Quantos tijolos amealhamos com nossos feitos no agora para construir nossa casa na morada espiritual?
Fica sempre a eterna dúvida do homem.
Quem sou?
Serei o que nasci para ser?
E cumpri todos os requisitos necessários para obter meu visto no passaporte para a grande viagem?
E se...
Somos um amontoado de
Se? Se? Se?
Sairemos vencedores nesta nossa batalha cotidiana cognominada vida?

E quem quer saber de ir?
E quem quer sair?
Sinceramente, não conheço ser humano algum
dentre meus amigos e conhecidos
que queira saber do momento de partir.
Todos querem, apesar de todos os pesares,
ainda aqui continuar a tentar ir caminhando,
entre erros e acertos.
Todos querem exercitar
a imensa e gloriosa aventura
de só,
simplesmente ou confusamente,
ir vivendo.

E isso me parece o que tem que ser: ter coragem para:
nesse :
Entro e saio,
e,
estando dentro,
ir ensaiando...

Um dia a gente escreve a história toda,
tudo nos seus devidos lugares,
com todos os pontos e vírgulas,
sem o ponto final,
é claro!

Pois que o ponto final...
ainda é um dos nossos mais misteriosos "se".
"O que será o amanhã?
responda quem souber.
O que irá me acontecer?
O meu destino será como Deus quiser..."

Será Deus ou nós que criamos esse destino?
Mais um "se"!

Eu estou dentro,
ensaiando,
no aqui e agora!

Maria Izabel Viégas






sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sêneca, na Memória dos Tempos









Sinto a mão de Deus em todas as coisas que existem no mundo.
Acredito que nosso planeta foi honrado com a assistência de Mentores Espirituais que nunca descansaram, sempre nos enviando sob a forma de inspiração, grandes verdades.
Nunca estamos sós...
E aquele que quiser uma orientação do como viver, só precisa abrir um livro e "ouvir" as orientações sábias dos "intermediários" dos deuses.
Hoje penso algo que me parece uma novidade.
E , de repente, lá encontramos há milênios um mensageiro que a proferiu.

Sinto e disso tenho profunda pena que o ser humano perdeu e perdeu-se na a Memória dos Tempos.
Muitos permanecem adormecidos, ou melhor, anestesiados, numa espécie de torpor intelectual e moral.
Estarrece-me como e quanto palavras tão profundamente inúteis tais como: "Ai se eu te pego; assim você me mata" espalham-se por todos os continentes.
Num contraponto,traz-me imensa felicidade ver o quanto  grupos de homens e mulheres estão se congregando num movimento puro de renovação, abrindo canais para as energias do Bem, estabelecendo conexões com o Poder Superior Supremo e Sagrado.

Trago aqui pensamentos de Sêneca - Lucius Annaeus Seneca - nascido em Córdoba, Espanha
no ano 4 a.C e morreu, ou melhor, foi "obrigado a se suicidar" no ano 65 , em Roma, acusado de ter participado de uma conspiração.
Filósofo, político, orador e dramaturgo.
Seu trabalho teve grande influência nas obras literárias da Renascença, principalmente em Shakespeare.
Sua obra de cunho moral influenciou Montaigne, Calvin e Rousseau.

Digam-me: não parece ter sido escrita por um autor da atualidade?
E quantos acham tais palavras "novidades"!

"Ninguém é bom por acaso, a virtude deve ser aprendida."

"Se um homem não sabe a que porto se dirige, nem o vento lhe será favorável."

"Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças."

"Toda crueldade resulta da fraqueza."

"Se quiser ser amado, ame."


"Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada. não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!"

Sêneca  (¹)



(¹) Esclarecendo:
 Encontrei o texto sobre os riscos da vida em várias fontes como sendo de Sêneca, em outros de autor desconhecido. Não encontrei em que obra estava inserido este texto...
Li vários pensamentos do filósofo que mostram ser este seu pensar.

Fica pois a mensagem que me parece excelente.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A bola de Einstein e eu, uma folha.





"A vida é como jogar uma bola na parede:
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda.
Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos."

Albert Einstein


Será?
O jogo é tão simples assim?
Einstein,
olha só, preciso te contar.
Tu és um gênio?
Sim!
És!
Mas eu que sou uma simples folhinha de árvore soprada pelo vento.
Atrevo-me a te contestar.
Tem gente que não joga bola alguma e recebe uma "bolada" de volta!
tem gente que joga bola azul
e cai na casa do vizinho
este não devolve
pois o cachorro pegou primeiro
e comeu a bola.
ou o menino pegou
e achou que era um presente do céu..
E meninos pequenos são...
infinitamente pequenos.
Inocentes, inocentes
sempre serão!.
Logo...
Jogando a bola azul, verde,
com força ou sem força.
Quem determina os retornos das ações
nem sempre são as nossas ações.
Não somos indivíduos sozinhos.
Somos um emaranhado de gente.
Somos uma grande peça de xadrez.
Somos flocos de neve
tão sem poder de interferir
no nosso destino
que , num repente, vamos flocar
numa terra de calor,
tipo zona dos trópicos.
Tem acontecido muito por estas terras brasis.
A culpa foi minha?
Eu nasci floco de neve européia e vim parar por terras estranhas?
O mundo faz cada trapaça com a gente!
E somos vezes levados pela maré cheia e
retornamos encharcados na vazante.
sem nem perceber.
E nem ter jogado bola nenhuma.
Einstein,
deixa para lá!
Eu sou uma folha levada pelo vento.
Não entendo mesmo de nada.
Na verdade, quem me contou
estas histórias foi o próprio vento.
Que vive a me arrastar de um lado para o outro,
sem me dar motivos ou razão.
E afinal,
qual a cor da bola que eu devo jogar?
Vou ver se volto
na próxima vida
uma bola.
E torcer para ser achada
pelo menino bem pequenino,
que não sabia de nada do mundo
e que me amou
e se alegrou comigo,
seu presente que veio do céu!
Tomara que não haja vento!
O vento é um insuportável sujeito
que a seu bel prazer
me obriga
a voar,
a voar,
a voar.

E nem bola eu tenho para jogar!
Se eu tivesse, aprenderia a comandar a minha vida!

Nota da autora sobre o tema:

Acho que não entendeu nada do que Einstein falou.
Acontece.
Afinal, que entende uma folha acerca das palavras do gênio.
Ou será, que ela sempre gosta de ver o outro lado das questões?
Isso também,
Acontece!

Maria Izabel Viégas



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Nasci de noite, pensei que era dia.



Sofro de uma doença gravíssima.

Trocar a noite pelo dia.

Dormir de dia
Prazer gostoso.
Dormir de noite
Heresia.
Não é insônia.
Isso tem nome:
Rebeldia.
Que anjo me mandou 
nascer de madrugada
Numa noite de lua cheia?
Minha mãe e meu pai acordados.

Só sei que sai apressada.
Curiosa em conhecer mãe Maria.
E, mais uma surpresa! 
Tinha meu pai Alberto,

Que me acalentou, em êxtase,
 pura alegria!
Ora, não é minha culpa.

Achei que a noite era o 'meu' dia!


- Maria Izabel Viégas -

domingo, 1 de setembro de 2013

É Setembro! É primavera chegando!


Primavera tem bater de coração
não sei porque razão
é meu instinto
Setembro
Traz a mensagem
que a primavera
está pronta
para despertar!
Cantarolando fica
meu coração
nos setembros.
Setembreio
desde agosto
(eita mês tão sem graça)
parece que algo pesado
vai desprender do meu corpo.
Ou será de minha alma?
Não, alma nem se liga nisso!
Alma sempre florida na sua eternidade!
É meu inconsciente,
misterioso embusteiro,
que guarda algo
e não me conta.
Só me assombra nos sonhos.
Onde estou ali distraída.
Fico sempre matutando
o porquê do inconsciente ser tão leviano?
Porque nos ataca quando nos entregamos ao descanso?
Só sei que foi assim
desde que me entendi por gente.
Bem, se é que já aprendi a ser gente.
Tem vezes que sou tão bicho
tão incontrolável instinto
sou águia
sou lobo
sou leoa
sou passarinho
confesso: ando em estado golfinho...
Deve ser a primavera
golfinho é pura alegria
golfinho,
será o tal setembreio
que me envolve em sorrisos?
Algo além do cognoscível
acontece comigo.
Nasci em 21 de março
no Rio de Janeiro,
sou um ser outonal,
pois aqui nesse hemisfério sul
é outono!
Como nasci tão feliz da vida?
Não caía nenhuma folha da minha árvore da vida!
A astrologia me explicou
(como é sábia a astrologia)
A Terra comemora em março
O  início do Ano Vernal.
Explode o planeta nos Inícios, 
nas sementes a espalhar!
É isso!
Quando eu desci por estas bandas
passei pelos jardins do mundo
vi umas pétalas de flores tão belas.
inocente
não hesitei
surrupiei,
eu era criança
- não foi pecado! -
estavam todos distraídos,
com as coisas do parto,
as coisas do lado
matéria tangível
nem perceberam!
Só sei,
isso me contaram
lá na maternidade
um forte cheiro de rosas
espalhou-se pelos ares.
Enfim, já nasci aprontando!
Será, meu Deus, que já nasci pecando?
Mas eu era só um pontinho pequeninho.
Um anjo arteiro e safado!
coração da minha mãe sentiu, 
eu mandei um recado!
E o coração da Mãe Terra
disse-me baixinho:
- Vai, Maria!
- Vai, Izabel!
Você nascerá
com nome de duas santas,
a mãe e a tia
do Mestre Jesus!

Leva por toda a tua vida
as primaveras em todos os outonos!

E foi assim que tudo aconteceu.
ponto final.

Maria Izabel Viégas



sábado, 31 de agosto de 2013

O dia em que passei a me amar

O dia ou a noite, não o sei, em que passei a me amar.




E eu, que te venerava tanto
morria nos teus encantos.
Descobri um dia 
que não existias
Eras um fantasma,
nem sonho eras!
Se me fazias morrer,
tu não me fazias mais falta.
Redescobri que era eu mesma
que tanto me agradava.
Eu era o meu sonho!
Eu era aquela que me completava!
E temerosa de parecer ser sozinha
me escondia atrás de teu rosto.
Um rosto inventado, 
um corpo maculado,
Doeu um pouco, 
ao sentir- te um nada!
Não se morre de amor,
Vive-se de amar!!
E descobri-me, 
ainda a tempo
Há tempo!
Céus, 
como eu me amava,
e, por costume,
por medo 
ou por solidão,
eu não sabia!

Maria Izabel Viégas