Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Enxugo as lágrimas com a voz do poeta

Ante a minha perplexidade com os descaminhos tomados por muitos homens,
juntando minhas lágrimas pelos que morrem todos os dias na Amazônia,
pelos desmandos dos "senhores feudais ", donos do Brasil,
que insistem em plantar em terras a margem dos rios ,
poluindo-os, enquanto pequenos agricultores,
pescadores , índios, ribeirinhos,
morrem de fome e bebem restos das águas contaminadas.
Quem somos nós, Humanidade?
Que fizemos de nós?
Construimos a cada dia mais torres de Babel ao nosso entorno?



Sufoco meu canto triste,
procuro alento na voz do poeta,
numa narrativa lírica do curso da História.
Quedo-me perante o saber do escritor e poeta Jorge Luis Borges:

"As Causas"

"Todas as gerações e os poentes.
Os dias e nenhum foi o primeiro.
A frescura da água na garganta
De Adão. O ordenado Paraíso.
O olho decifrando a maior treva.
O amor dos lobos ao raiar da alba.
A palavra. O hexâmetro. Os espelhos.
A Torre de Babel e a soberba.
A lua que os Caldeus observaram.
A areias inúmeras do Ganges.
Chuang Tzu e a borboleta que o sonhou.
As maçãs de ouro que há nas ilhas.
Os passos do errante labirinto.
O infinito linho de Penélope.
O tempo circular, o dos estóicos.
A moeda na boca de quem morre.
O peso de uma espada na balança.
Cada vã gota de água na clepsidra.
As águias e os fastos, as legiões.
Na manhã de Farsália Júlio César.
A penumbra das cruzes sobre a terra.
O xadrez e a álgebra dos Persas.
Os vestígios das longas migrações.
A conquista de reinos pela espada.
A bússula incessante. O mar aberto.
O eco do relógio na memória.
O rei que pelo gume é justiçado.
O incalculável pó que foi exércitos.
A voz do rouxinol da Dinamarca.
A escrupulosa linha do calígrafo.
O rosto do suicida visto ao espelho.
O ás do batoteiro. O ávido ouro.
As formas de uma nuvem no deserto.
Cada arabesco do caleidoscópio.
Cada remorso e também cada lágrima.
Foram precisas todas essas coisas.
Para que um dia as nossas mãos se unissem." * ¹


Se os homens voltassem os olhos para o passado,
num raro e místico instante,
e permitido fosse, num retrospecto, enxergar
as conquistas e os desatinos,
os fatos e os feitos do homem,
na história da humanidade,
E num relance lúcido,
olhassem com amor o sagrado solo
em que pisam e guerream,
continuariam a maculá-lo?

Grandes ou pequenos atos insanos.
Pensamentos infelizes
daqueles que têm o poder de mudar,
daqueles que podem lutar
pelo poder da palavra justa
mas que se omitem
concordam em ser cegos,
não de nascença,
mas por ser contagiosa a imoral cegueira.

Ou daqueles que só pensam em si
mesmo cônscios que nosso mundo
não mais aguenta
que falta-nos ar puro para respirar.
Que se não temos mais água pura,
se o ar é tóxico,
morremos todos, ricos e pobres.
A Natureza é generosa mãe,sim,
mas como alimentar seus filhos
se não tem mais frutos,
se as mentes corromperam os ares?
O que resta à Mãe Gentil,
senão morrer com suas crias?

Refletiriam genuflexos, humildes?
Se permitiriam ser menos destrutivos,
menos beligerantes?
Dariam a si próprios
o consolo da excelsa paz do espírito?
Tornar-se-iam
todos os seres,
mais humanos,
mais irmãos em humanidade?

Ah... homem,
olha para trás,
pára o erro louco desvario,
mas continua,
segue em frente,
aproveitando tudo
de mais puro e belo
que de melhor puderes buscar
na Memória da Terra,
na Memória do Tempo,
na tua própria memória.

Ouça a história dos grandes ou pequenos homens
que traçaram os rumos da nossa humanidade.
Ouça não a mim.
Ouça os apelos sofridos dos outros homens!
Ouça, aprende com o poeta!

*¹ Poesia de Jorge Luis Borges, in "Histórias da Noite"

domingo, 22 de maio de 2011

Última oração prá salvar o seu e o meu coração!

Neste Dia do Abraço, que linda esta mensagem, contagiante!!!

De "A Banda Mais bonita da Cidade""

ORAÇÃO
de Cléo Fressato



Meu amor
Essa é a última oração
Pra salvar seu coração.

Coração não é tão simples quanto pensa!!!
...

Nele cabe o que não cabe na dispensa...
Cabe o meu amor!!!
Cabem três vidas inteiras!!!



Aproveitem, abracem os seus amores!
Existe sempre alguém , junto a nós, esperando o nosso abraço!
Eu também quero que me abracem!!!
Com AMOR!!!

FELIZ DIA DO ABRAÇO!!!

Que todos os dias sejam
Dias de Abraços e Beijos e Carinhos.
Faz bem à nossa alma.

sábado, 21 de maio de 2011

Viver como tu, azul bailarina.



Nas águas azuis
elas são orixás:

oxuns, yemanjás.
Forças vivas que cantam e dançam
seguindo a melodia das águas
dos rios, cachoeiras e mares.

Ondas revoltas,

ondas suaves.
Ondas mistério,
águas abismais
giram e giram
numa dança magistral.
Serenas ou tsunâmis.
Inconstantes,
femininas,
seguem o fluxo.
Bailar é o destino
sempre à procura
de olhos
que as admirem
de corpos
que se desnudem
e mergulhem nas profundezas
da alma das águas.
São mulheres,
são meninas as ondas.
São bailarinas...
este é o segredo do seu bailar!
E eu quero ser a bailarina
que se enrosca
sensualmente
nas águas do corpo,
que fala a linguagem
contida nas águas do amor.
Quero bailar contigo,
ó mulher bailarina.
Quero penetrar nos teus segredos
Quero ir lá no fundo
Quero ficar pés descalços
quero sentir teu frescor
tua juventude
tua sensual paixão.
Enfim,
rodopiando estasiada
quero bailar nos teus passos,
acompanhar no compasso
da vida que pulsa
que arrasta
que inebria
e vive
e vive
e vive.

Quero ser como tu,
azul bailarina:
Encontrar-me
Encantar-me
Enfeitiçar!


*Tema: Tela de "Edgar Degas - Les Danseuses Bleues"

** Relembrando...
... com este post participei da bela Blogagem Coletiva "Minha Idéia é Meu Pincel",
do Blog "Café com Bolo" da amiga escritora Glorinha Leão,
publicado em outro Blog meu hoje fechado.

É meu desejo tê-lo aqui, nas minhas Memórias

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bom dia tristeza... adeus

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma.
De repente não mais que de repente..."


E acordamos da dor que
de tão triste, mata a gente,
para a corajosa aventura de viver.
E, olhos nos olhos, de frente para vida,
encontrar a tão sonhada alegria de nos amar
e, num repente não mais que num repente,
amar em paz.




Bom dia tristeza!
Dá-me um abraço e vai...
Obrigada por tudo, tristeza!
Adeus tristeza!
Envolvo-te com o manto da minha alegria.
Que sejas muito, muito feliz!

Tristezas,
de quantas tristezas
precisamos vivenciar,
passo a passo,
caso a caso,
desencantos e encantos,
perdas e ganhos,
ciúme e confiança,
chegadas e partidas,
desamores e amores,
descrenças e fé,
sempre aprendendo,
mesmo que custe o preço da lágrima sofrida,
para entender o quanto
e tanto
nos faz bem
e melhor
o ser feliz?!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Como escolho meus amigos


"Loucos e Santos"

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não me interessam os bons de espírito nem os maus de hábito.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho os meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim, metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde

Vivemos junto das pessoas que nos afinizamos.
E será que temos acurada percepção na tanto idealizada descoberta dos nossos "afins"?
Que qualidade nos é agradável e que pecado nunca será permitido?
Saímos a lançar setas para todos os lados, sempre contando com o fator sorte.
Uns buscam as qualidades que lhes falta nos amigos,
outros alegam falta de opções - a solidão dói,
uma grande maioria porque não aprendeu a se conhecer,
não é sincera consigo mesma, quer viver de aparências.
Aquela pessoa nos dá o status que não alcançamos por si só.

Eis alguns dos porquês de tantas decepções nos relacionamentos.
A lista é vasta, cada qual com seus motivos e razões, conscientes ou inconscientes, a meu ver, é mais perigoso. Um pode ser astúcia; outro, futura doença.

Algumas pessoas nos procuram entristecidos com aqueles que os rodeiam.

Existem pessoas que não podemos tirar de nossas vidas.
Vieram no "pacote" nesta viagem.
Pais e filhos - há que se saber ter jogo de cintura, paciência e amor - , parentes, vizinhos ( há possibilidades de brecagem ou convivência educada ou não, pode-se até mudar de residência, colocar fones de ouvido, etecetera ;))
Mas, nada nos amarra a pessoas desagradáveis, que nos sufocam.
Viver civilizadamente não significa seguir o caminho das tormentas.

Sinto em alguns um prazer em ser vítima lamuriosa do destino,

sendo que foi exatamente eles que aceitaram os jugos a que se submeteram.
Conheço os "tipo atração fatal",
aqueles que vão como mariposas "atraídos
para a chama que as queimará", e a morte, a infelicidade é certa.
A culpa será sempre do outro.
Mas quem pode mudar, estabelecer os rumos de nossa vida, somos nós mesmos.
Fácil culpar outrem, difícil enxergar quem somos, qualidades e defeitos.
Somos nós, por não conhecer quem somos na realidade,
que determinamos companhias prazerosas ou não.
Cedo na vida começamos a efetuar escolhas movidas pela necessidade de convívio social.
Estamos aprendendo ainda, muitas influências externas até que nos "libertemos" gradativamente pelo auto-conhecimento.

"Tenho amigos para saber quem sou"-

'eu' julgo perfeita esta assertiva.


Sim, é através do outro que vamos aprendendo como

agimos e re-agimos às atitudes das pessoas.
É através do meu interlocutor que descobro minha potencialidade do ser.
Ninguém consegue viver sozinho e ser a pessoa mais feliz do mundo.
Bem, não conheço nenhum eremita, falo pelo que sei e sou.

Este texto de Wilde me toca
pela sua extrema sinceridade e transparência.
Expõe aqui sua persona.
Se ele será o nosso amigo mais perfeito?
Bem, cada um sabe de si...

Palavras são para nos levar a refletir.

Uma verdade lhes confesso:

Prefiro escolher meus amigos pela cara exposta e pela alma lavada.


É complicado, mas uma viagem - aventura minha só minha - em que o timoneiro sou eu!

Mas isso aprendi depois de muitas derrapagens pelos caminhos...

sábado, 7 de maio de 2011

Mãe... para sempre


"Para Sempre"

"Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho."

Carlos Drummond de Andrade


*** pintura de Almada Negreiros

Nascer e renascer


E, então, da dor que levei daqui na última viagem,
senti no etéreo a paz misto a um espanto por tanto amor.
Necessário voltar...
necessário ouvir o chamado,
que fez brotar o êxtase,
a vontade de renascer.
Havia a sede de viver de novo!
E a vida futura, o que seria a vida?
O acordar ou a a morte do meu sonho.
Voltar do infinito....
que minha alma ainda teimosa, sôfrega,
não queria abandonar!
O medo.
O que me esperaria aqui,
que sorrisos e lágrimas me esperariam?
Seriam justos, na medida certa dos meus delitos praticados?
E eu, me esqueceria dos desafetos,
os perdoaria, os amaria?
E eu, alma sofrida , saberia usar razão e coração,
disciplina e amor na dosagem adequada e certa?
E eu, alma errante, me amaria como nunca me amei outrora?
E eu, espírito livre, saberia me conformar com as algemas do corpo?
Com sabedoria, me libertaria das paixões antigas?
Saberia encontrar a vida de cabeça erguida,
pronta para reatar os múltiplos pedaços do meu ser eterno?
Até hoje não sei se consegui ainda caminhar sozinha.
Se sou eu, ou é um anjo que me ampara quando caminho.
Encontrei amores, mas sempre
há a vaga sensação do não vivido.
Amar, amei e amo agora.
Sinto, com certa angústia, que não é ainda,
o tanto amor
que vim para dar,
o amor mais que o amor.
Falta um pedaço de mim a despertar.
Que parte é essa, que não consigo desvelar?
Está visceralmente oculta,
num ponto cego,
no mais profundo do meu ser.

Espero tanto descobrir enquanto é tempo...
eu não quero trilhar de novo o mesmo caminho.
Preciso te encontrar,
pedaço errante de mim,
sombra que me acompanha
num não sei onde.
Eu preciso...
enquanto é tempo.
É o tempo,
eu sei,
preciso tanto,
mas eu não sei,
ainda tenho medo
do que me esperará
quando eu voltar,
se ainda haverá
um lugar para mim
no infinito.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Quem vem à frente: você ou sua sombra?


Falamos muito acerca do "sentir".
Um verbo, que nunca deveria sê-lo,
pois sentir é mais que uma palavra,
maior é que um verbo-ação.
Sentir é ir no fundo de nós mesmos,
É um salto quântico à nossa maior vibração-luz,
E no mesmo tempo-espaço,
um profundo mergulho às tramas da maior dor.
Sentir é O Ser e O Não Ser.
É ir ao encontro do que ansiamos tanto
E voltar, a procurar em nós as respostas
que nosso verbo não decodifica,
nem explica...nem simplifica.
E como "sentimos" quando choramos
num momemto de perda ou desalento.
E como "sentimos" quando plenos do mais sublime amor,
sorrimos, celebrando a vida!
Sentir é Vida e Morte.
E vida é um estado de sonho.
E a morte é apenas o sono do ser.
Viagens fazemos todos os dias
do nascer ao renascer para a Vida.
Buscando entender como lidar
Com o lado sombra de nosso coração.
Eterna celebração da Vida,
o Ir e Vir.
A sombra existe pois que acompanha a luz.
E num movimento mágico do viver,
a Luz Divina, vitoriosa, dissipa a sombra
que em alguns dias carregamos em nós!
Fica aqui uma dúvida:
quem anda à minha frente,
junto à imagem que projeto e julgo ser?
Eu ou ela, a sombra que se esconde em mim?
E que vem primeiro a ofuscar toda a beleza
do que eu posso e devo ter e ser!
Aceitar e compreender a sombra em nós,
não permitindo que ela nos comande nesta caminhada,
é um duro exercício, uma corajosa luta entre opostos,,
que são unos e não dual.
Só com a ajuda da nossa consciência,
despertando para uma nova visão,
onde usemos mais nossas sensações,
usar os olhos da alma, quem sabe,
respeitando aquela parte de nós,
que desvelada,
não mais nos sufocará,
será mais que medo e segredo,
será nossa libertação:
ser completo,
ser mais pleno,
ser feliz.