Uma metáfora:
"Salvo pela gentileza"
"Salvo pela gentileza"
"Conta-se uma história de um empregado em um frigorifico da Noruega.
Certo dia ao término do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorifica. Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara.
Bateu na porta com força, gritou por socorro mas ninguém o ouviu, todos já haviam saido para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo.
Já estava quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável.
De repente a porta se abiu e o vigia entrou na câmara
e o resgatou com vida.
Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia:
- Porque foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho ?.
Ele explicou:
- Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair.
Hoje pela manhã ele disse “Bom dia” quando chegou.
Entretanto não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter-lhe acontecido algo.
Por isto o procurei e o encontrei...
... um simples 'Bom dia!' e um ' Até amanhã!'
não custa nada e pode até salvar uma vida. "
Recebi por e-mail, já conhecia este texto como uma metáfora.
Vi, pesquisando que muitos blogs já a publicaram.
E por que não fazê-lo aqui?
E porque o faço?
Meu filho caçula estudava num Jardim de Infância "São José" que ficava quase em frente do colégio no qual eu trabalhava. Além de ser uma excelente escola, me dava condições de estar perto dele. Muitas vezes, fui buscá-lo, na saída, e voltei trazendo-o comigo para continuar minhas tarefas como Orientadora Educacional.
Bem, todos os dias, ele chorava ao entrar.
E eu, ali a confortá-lo, incentivá-lo.
Olhando aflita o relógio, claro!
Interessante... sempre entrava quieto e emburrado.
Depois vi que o pequenino só fazia isso ali comigo.
Algumas vezes entrei na escola , durante suas aulas,
e as madres me mostravam ele, lá, brincando, feliz da vida!
Bem... e a gentileza?
Exatamente no mês de setembro, lembro-me bem, ouvi da bondosa madre que ficava no portãozinho interno, recebendo cada criança, um comentário que me emocionou:
Ela, mãos para céu, sorridente como sempre, falou:
- " Obrigada, Senhor!
Rodrigo, que alegria!!!
Hoje você meu deu o Primeiro BOM DIA do ano.
Como esperei por isto!"
Fiquei entre emocionada e surpresa, pois eu a cumprimentava, mas , com aquele xororó todo, nem sobrava tempo para "ver" mais nada. Meu trabalho me esperava, cada minuto de atraso, eu compensava na saída, claro, não porque me exigissem, mas era minha obrigação.
Que doce criatura!
Abençoada e persistente madre!
Senti ali a força do carinho, do amor que tratava todas as criancinhas.
E era uma das freiras que menos tinha "poder" entre as outras.
Certamente, eu cumprimentava, ela também; ele ouvia, mas tinha que fazer as choradeiras, 'aquelas' que fazem de nós, mães, ficar com o coração em frangalhos.
Ele ouvia os "BONS DIAS" nossos.
Tive ali, também nesta escolinha, uma outra vivência digna de registro. Fala sobre o respeito entre religiões e o valor da sinceridade.
Quando fui matriculá-lo, numa entrevista com a madre superiora, fez-me várias perguntas e eu a ela.
Uma dela foi:
-A senhora não preencheu o item qual a religião do seu filho.
Minha resposta:
- Eu não sei a religião dele.
Ela me olhou, olhou calada...
E eu lhe expliquei que tinha três filhos, nenhum deles era batizado na Igreja Católica pois nem eu nem meu marido éramos católicos, e sim, espíritas.
E não podíamos batizar um filho sacramentando sua religião, pois isto era um assunto sério para nós. Não iríamos fazê-lo por obrigações sociais.
Começaríamos a ensinar-lhes o quanto somos adultos sem noção de respeito a qualquer religião, pelo menos é assim que penso.
- E quanto à religião dele, madre, eu não sei, ele tem 4 anos, ele quando crescer é que escolherá; educação religiosa receberá, sim.
Ao que ela argumenta:
- Aqui temos aulinhas de educação religiosa católica.
A senhora concorda que ele receba e participe?
É a nossa regra.
- Claro que sim, disse eu, como educadora sei qual será o ensino para uma criança nesta faixa etária.
E nunca me arrependi.
Até hoje tenho guardada uma delas:
Acima escrito:
Obrigada, Deus, eu tenho mãos!
E lá calcadas em tinta gouche colorida, as mãozinhas dele.
Lindo caminho de se ensinar a religião;
melhor... o despertar da religiosidade. Muitas outras belezas vi!
A gentileza envolve igualmente, sinceridade e honestidade,
e um profundo respeito ao próximo!
Deve brotar de nosso coração.
Se for apenas um verniz social... com o tempo acaba,
desaparece como tudo que é exterior e não é tratado.
*** Deve haver alguma história marcada na minha herança familiar,
eu é que escolhi minha madrinha e padrinho.
Fui batizada porque quis, aos sete anos, amava os dois!
Lembro-me do padre sorrir ao me ver fechar os olhos ao sentir o gosto da água salgada!
Eu grandinha, cercada de um monte de bebês!
Só eu mesma!!!
;)))
Meu irmão mais velho tinha madrinha e padrinho, amados também, mas nunca quis ser batizado; naquela época eu nem sabia disto, tive conhecimento bem mais tarde.
Os motivos dos meus pais, não os sei...
Só sei que foram excelentes na minha lenda pessoal: liberdade de crença e culto.