Pai,
Alberto, velho Nuñez,
gaúcho de Rio Grande,
sereno olhar, verde azul, mar e céu.
Na lembrança sua, encontro o colo amigo,
que me protegia pequenina dos medos do mundo.
Pai, como você conseguiu me amar tanto?
Como ser tão terno, nunca uma reprimenda,
uma grosseria, uma crítica, sempre Paz.
De que parte do céu você veio, meu doce amigo.
Você realmente me via ou via em mim um anjo?
Nosso carinho transcendia o etéreo.
Por que eu tive de conhecê-lo por tão pouco tempo nesta vida?
Sua voz, sua figura nobre, altiva estão aqui guardadas em mim.
Meu Sol Peixes - amor fraterno, a espiritualidade límpida, a música, a poesia.
Meu Saturno Câncer - carinho, pai-mãe útero nutritor, aconchego, alimento-vida.
Meu Jupiter Libra - mente equilibrada, ponderação, a busca da harmonia.
Que pena, Alberto Nuñez, que lhe perdi tão cedo.
Tão tarde você saiu da vida, septuagenário -
os outros filhos,
Carlos Alberto, Cezar Augusto e José Luiz,
filhos bem mais velhos, tiveram tanto tempo
e não lhe conheceram assim como eu,
não ficaram perto, senão não se afastariam;
por certo não lhe conheciam,
como nós dois, os pequeninos,
nunca souberam das nossas longas conversas.
Do tanto de Saber que transmitiu, da sua alegria.
E eu, caçula. sua única menina, que te amava tanto
Tive pouco tempo ao seu lado.
Podia ter ficado mais.
Mesmo acreditando que você estava vivo, noutro lado,
Como é difícil conviver com essa ausência aqui neste plano.
Mas mesmo assim, eu agradeço a Deus
por ser você quem me deu à vida
junto com Maria, minha mãe.
Nenhuma palavra, nenhuma valsa, nenhuma poesia,
nenhum ensinamento foram esquecidos.
Você foi a parte mais bela do meu bolo!
Da minha festa da Vida!
Creio que sem a parte da herança sua que ficaram
como pétalas de rosas a perfumar minha existência,
eu não teria forças para sobreviver, para ser forte como sou!
Pai Alberto, Mãe Maria, amado irmão Mario Alberto...
vocês foram viajar tão cedo.
E por que?
Eu fiz algo errado para aqui neste planeta viver tanto?
Será prêmio?
Será castigo?
Não o sei...
E hoje não importa...
Nos vemos em sonhos, ouço suas vozes.
Sinto a carícia dos seus afagos.
Não há separações
dentro dos corações
que se amam.
estamos sempre juntos.
Mas, Pai...
Pai, eu queria tanto vê-lo!