Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sábado, 31 de agosto de 2013

O dia em que passei a me amar

O dia ou a noite, não o sei, em que passei a me amar.




E eu, que te venerava tanto
morria nos teus encantos.
Descobri um dia 
que não existias
Eras um fantasma,
nem sonho eras!
Se me fazias morrer,
tu não me fazias mais falta.
Redescobri que era eu mesma
que tanto me agradava.
Eu era o meu sonho!
Eu era aquela que me completava!
E temerosa de parecer ser sozinha
me escondia atrás de teu rosto.
Um rosto inventado, 
um corpo maculado,
Doeu um pouco, 
ao sentir- te um nada!
Não se morre de amor,
Vive-se de amar!!
E descobri-me, 
ainda a tempo
Há tempo!
Céus, 
como eu me amava,
e, por costume,
por medo 
ou por solidão,
eu não sabia!

Maria Izabel Viégas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O que é a morte, poeta?





"A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho."

- Fernando Pessoa -
in Cancioneiro


Se a vida,
essa estrada
mil caminhos
mil escolhas.
há que se ter
direitos
de decidir qual o tempo
de cada estada
de quantos passos preciso
de quantas voltas
a vida
até se chegar ao tempo
de retornar
ao cerne da nossa história.
quantas vidas
eu já tive
aqui vividas
dentro
desta minh'alma.
que eu faço
com todos os espinhos
que eu faço com as flores
e as estrelas que contei
e as sementes que espalhei.
Há que ter na memória
no livro do tempo
minhas glórias
minhas esperanças
meus sonhos não realizados
meus amores
minhas desditas
minhas vitórias.
Assim está escrito:
contabilizado
no mais etéreo
do inacreditável
mundo invisível,
imperceptível
aos olhos
do homem de carne
que no osso 
se acabará
no pó da terra
virando poeira de estrelas:
Que eu amei
Fui amado.
Que eu perdi.
Que cai
Levantei
Chorei
Lágrimas de dor.
Lágrimas de amor.
Há que se ter escrito
em letras douradas, azuis, prateadas:
Que eu fui aqui neste mundo
a essência da felicidade.
Tive a glória de ter nascido.
Bastou-me ser alma revivida em homem!
Hei de ser muito feliz
embora não saiba meu destino.

Só sei que não será incerto,
Pois certa me foi a vida!

Maria Izabel Viégas