Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Recordando: meu primeiro post in Memórias de Vidas Passadas

Recordando... 
meu primeiro post, 
publicado em 01 de maio de 2009:



A Viagem no tempo

Aqui é o espaço que transborda a crença minha na reencarnação.
Sinto que muitas vidas já vivi, minha alma "desperta" tudo sabe , conhece meu passado, sabe os porquês desta minha encarnação. Por tal há sempre lampejos de recordações que brotam no meu consciente e que me conduzem na estrada nas horas de difíceis decisões; dar um passo atrás e "ouvir a sua voz", minha consciência é minha melhor conselheira. 
O tempo presente é o agora - que num piscar de olhos se torna no amanhã - triste ou ditoso - dependendo daquilo que decido fazer de mim;
meus sonhos são tão reais quanto meu acordar.
Entender os significados de quem está no leme, 
eu - ou o destino imutável?
Não existe passado- presente - futuro.
Tudo estava marcado e está em mim, meu eu interior conhece.
Preciso escutá-lo melhor...
Entender isto é ser mais suave, menos controlador e mais confiante .
Se sonho, sou eu a olhar o que minha alma vê e o que meu corpo deseja,
mas nem sempre pode ou deve fazer. 
Compreender o que posso ter e o que me faz mal, 
aquele fardo que não preciso carregar... 
ter a sabedoria de distingui-los, 
talvez meu maior desafio.

Premonições , sonhos, visões, viagens a outras dimensões, tudo é o real.
O imaginário é a dúvida que consome o incrédulo... este sofre muito mais.

Minha paixão: a VIDA.
Minha crença: todos merecemos a Felicidade.
Meu trabalho: Terapeuta de Vidas Passadas.

Eis -me aqui... vamos juntos alçar os mais altos vôos, ao mesmo tempo que caminhamos na mais segura das estradas?
- Maria Izabel -




Amigos meus...
Estarei afastada do meu Cantinho por alguns dias... 

Neste tempo de espera, 
que tal recordar 
o instante mágico meu do primeiro passo?
Que melhor momento para retornar no meu tempo,  
ao início deste blogue,
que é uma das minhas paixões,
Este Memórias - 
meu "Memórias de Vidas Passadas".
Sou por todo o sempre uma estudiosa de astrologia.
Entendendo os ciclos da vida, decodificando muitos porquês,
ajudando às pessoas a melhor se conhecerem.

E trabalho com Terapia de Vidas Passadas,

por Formação com a Mestra Celia Resende
e registro no SINTE (CRT) 
como Terapeuta Holística (psicoterapeuta).

Trabalho com o mais puro do ser humano, 
com a parte sagrado do meu paciente: 
sua 'alma desperta'.
A transpessoalidade do Ser.
Neste encontro, 
há que ser delicada, 
mãos e palavras de seda,
pois está aqui comigo o teu mais puro cristal... 
teus sonhos, 
tua memória, 
tua realidade, 
tua vida.
Amo isso tudo com desvelo e responsabilidade.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

De alma ...entende o poeta ? Só ele a entenderá?



"Não sei quantas almas tenho"


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuadamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo.
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só.
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
releio e digo: "Fui eu?'
Deus sabe porque o escreveu."

Fernando Pessoa


Emociono-me ao ler o poeta, pois numa só vida se fez muitos, pois era preciso. 
Um era pouco para a luta, vários poetas poderiam vencer. E ficar na memória ancestral,
 na memória do povo que o soube entender.
Muito se fala nos heróis, filósofos, grandes mestres... 
esquecidos de que hoje eles cultuados o são. 
Mas nem sempre assim o foi...
Quem hoje aplaude o poeta, o mestre, o filósofo pensador, o herói - suportaria as críticas mordazes, o abandono em que na sua época foram relegados?
Tomaria a cicuta com Sócrates? 
Ser hostilizado pela sociedade, pela Igreja assim como Galileu Galilei?
Louco era Francisco - o de Assis - pois suas posses, seus trajes abandonou!


Cada pensamento, cada descoberta científica, cada modelo de sociedade 
não é sucedente linearmente no tempo adverte-nos Foucault. 
Muitas décadas, séculos separam paradigmas.
Hoje reunimos num só bloco - todos - de Aristóteles a Einstein,
 como se tudo que tivesse sido dito ou inventado, partisse de uma única fonte. 
Parece que todos se conheciam.

O que nos faz ou nos traz esta idéia atemporal?
O que será?

Eis que a verdade sempre foi trazida a nós por vários mestres.Entretanto, muito atraso houve pela religião e pelo poder que não permitia aos menos afortunados a gnose, o conhecimento; constituindo-se assim um dos "piores instrumentos de tortura": 
o véu da ignorância, o aculturamento do povo.
A triste e eficaz vulgarização de crenças que submetem o pensamento do homem ao não raciocínio, ao materialismo cruel. A um poder que se submete por inocência ou por astúcia -

 para cada lobo, mil cordeiros.

Vivemos numa época em que a alma não é mistério, ela existe. 
Adoecemos por dores d'alma 
e somos tratados  com fortes remédios, com psicotrópicos,  
pelos doutores que da cura da alma nada sabem, 
apenas a entorpecem. 
Cuida-se do corpo, não da alma.

Precisamos acreditar que novos paradigmas estão aflorando, 
eis aqui o Homem Holístico: corpo e alma necessitando de cuidados.
Paradigmas científicos newton-cartesianos são necessários, muito há a aprender com eles. 
Apenas se deve dar voz a novos paradigmas que surgem, não só na religião, 
mas nas ciências....
Há novas descobertas, a química, a neurociência, a Física Quântica... 
o Universo não é mais "invisível aos olhos" 
e o homem é mais corpo.
É mais, é alma!
E alma, entende-a os loucos, os místicos , os poetas e uma nova gama de cientistas que têm olhos e a visão aguçada e lúcida, transcendentais..

De alma entende o poeta, 
o Fernando, o Pessoa - os Pessoas!
Todas as pessoas que dialogam com a alma.

E porque ao ler este poema de Fernando Pessoa me reporto a tais "viagens"?
Estou lendo alguém que nos fala de uma luta civil, contra a ditadura da ignorância.
Estou frente a alguém que descreve a Alma do homem de modo soberbo.

Ao lê-lo lembrei-me de como me senti ao fazer regressões a minhas vidas pretéritas. 

Somos viajantes em muitos eus no aqui e no agora, 
pois somos o somatório de muitos personagens vividos pela nossa própria alma. 
Muitas vezes no retorno das "viagens", reconheci aqui e ali, falas , pensamentos, ações que tenho desde pequena onde eu nada sabia, só sentia.
O feliz ou o doloroso conviver com pessoas que foram partes marcantes de outra vida e que era necessário o reencontro.
Aparar minhas arestas, não as do outro, eis que a vida é minha, o condutor desta alma sou eu. 
A mim cabe mudar , não consigo mudar o outro. 
Posso sim, pelo meu comportamento, meu poder decisório nesta vida, 
transmutar incompreensões em momentos de harmonia.

Muitos me perguntam: por que encontrei tal pessoa, 
se ela não faz nem deve entrar mais no meu palco; 
já estão a postos e bem afinados todos os atores. 
A peça faz sucesso e sou feliz!
Por que exatamente agora ele ou ela apareceu?
Pense...
reflita... 
se este personagem não te faz falta , ame-o, sorria para ele 
e deixe-o ir, ao encontro da felicidade assim como você a encontrou. 
Ele talvez seja o passado que você reconheceu como tal;
ele simplesmente não te reconheceu. Deve partir, um olá e adeus!

Por tal a astrologia é para mim, com seus trânsitos planetários e ciclos de vida, uma revelação do autoconhecimento e reforma interior.
Ela nos mostra que num determinado trânsito, tipo de Netuno ou Urano,

 é melhor não tomarmos decisões, há possibilidades infindas de estarmos envoltos em névoas ou, irresistivelmente, propensos a rupturas.
Mas as mudanças e rupturas são descritas no nosso mapa, não afirmada ou confirmada no de outrem.
Cautela e paciência são alguns antídotos para precipitações.
A culpa de nossos desatinos não está nos planetas e sim, na nossa releitura da vida.
Só se acaba aquilo que "realmente" aconteceu. 
Só morre o que nasceu...
ou então era falso e se acabou. 
As escolhas são sempre nossas.
Os astros apenas abrem oportunidades cármicas para que nos testemos na nossa convicção ou não. Ou para que tomemos nossas decisões mais acertadas e firmes para novos começos e finais.
Amo a astrologia.
Assim como amo a crença nas reencarnações.

Como diz o poeta:
"Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo..."

Ao nascer vestimos um envoltório que nos faz 
e traz memórias que precisam ser recordadas pois é este o carma a ser trabalhado. 
Ao morrermos nos despedimos e partimos , novos aprendizados; 
e assim sucessivamente, vamos indo e vindo, com o objetivo maior 
de nos tornarmos uma alma pura. 
Liberta de imperfeições.
Nosso destino?
Ser parte da centelha divina que nos criou e subir sucessivamente 
a dimensões mais etéreas , mais sutis.
Ser mais próximos da Criação.
Ascensionar.
Ser um ponto de Luz!

*** Post buscado nas memórias do Blogue Memórias de Vidas Passadas. 

Anteriormente publicado em maio de 2009.

domingo, 25 de novembro de 2012

Minha preta velha Cambinda, clara é tua luz!




O meu amor e carinho à minha Vovó Cambinda,
que guiou os passos de minha mãe Maria e que me ampara em todas as horas da minha vida.
Bênção, minha Santa Guia Espiritual!


"Todas as Vidas"

"Vive dentro de mim
uma preta velha
de mau- olhado,
acocorada ao pé
do borralho.
Benze quebranto
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!"


poema: da magnífica Cora Coralina

sábado, 24 de novembro de 2012

Ainda podemos ser personagens vivos na Transição do nosso planeta.



O nosso planeta sofre a dor do esquecimento.
Vagamos perdidos sem mais saber ler a mensagem das estrelas.
Perdemos o contato com Deus.

Li há muito tempo sobre o desaparecimento de Deus.
Fiquei ensimesmada, não era mentira,
estava na Bíblia, eu vi.
Que no Início do Mundo
 Ele falava com Adão e Eva.
Soube-se que expulsou os dois do paraíso.
E que em Gênesis 9: 1 ao 6,
Deus fez um acordo com Noé,
Abençoou-o e aos seus filhos.
E um dia voltou e falou à Moisés,
indicando-lhe as regras que seriam a Salvação do homem.
Ditou-lhe os Dez Mandamentos.
Ninguém o via, só Moisés o escutou.
E  Moisés precisou ser firme.
O homem  queria o maná e nada fazer para merecê-lo.
E o Deus virou austero com o povo desobediente.
Alguns profetas começaram a receber mensagens de Deus.
Era a fala indireta.
Não mais Deus aparecia, nem se ouvia a Sua Voz.
Eram os mensageiros alados que mostravam as ordens de Deus.
Até Maria, Nossa Sagrada Mãe, recebeu a visita de um anjo, não a fala direta de Deus.
'Tudo que falo não invento,
gravado está na Bíblia Sagrada.

Hoje chegaram outros mensageiros.
Uns iluminados e outros nem tanto assim,
gurus, modernos profetas que trazem as notícias,
mas sempre a palavra é do homem.
E muitos falsos profetas estão a proliferar
mensagens sem credibilidade alguma.
Será que Deus cansou-se do homem?
Isso seria terrível.
Perderíamos o nosso Norte.
Ficaríamos órfãos.
Deixaríamos de ser irmãos, pois é a Paternidade Divina que nos faz irmanados  em fraternidade.
E em Jesus nascendo, trouxe nova mensagem renovadora,
trocando a austeridade pela caridade e amor.
Deus era Pai de Jesus
e Ele, o Mestre nos fez seus irmãos.
Nada exigia de nós, só que cumpríssemos a lei antiga.
Acrescentado um ponto:
Além de amar ao Pai Nosso sobre Todas as coisas...
bastaria Amar ao próximo como a nós mesmos.
Só isso. E dar exemplo com as nossas ações.
Isso era demais para o homem!
O  rude homem condenou-o à morte.
E neste dia fez-se trevas.
Neste dia novamente nosso planeta mais adoeceu...

Hoje estamos entre duas Eras,
a de Peixes e a de Aquário,
numa Transição Planetária,
 algo espetacular, momento de tal magnitude
que extrapola nosso entendimento
pela força celestial que estamos a receber.
Deveríamos exultar em ser personagens desta fase da História do Planeta.
Muitos dizem que viveram na época de Cristo,
brincam, quando sofrem algum penar,
e proferem estas palavras doentias:
 "- jogamos pedras na cruz"!
Que triste lembrança, 
se assim o fosse a alma estaria tão marcada a ferro e fogo,
como atentar contra a vida do mestre e ser leviano a falar.
O mundo anda doente, esquecido de dialogar com a alma.

E como vivem os homens aqui nesta crosta terrestre?
Uma pessoa vive lá longe na China mora sozinha,
insatisfeita, tem fome e não verte uma lágrima.
Não chora porque de nada mais adianta. Suas lágrimas secaram.
Outra, que mora ao meu lado, perdeu seu amado e vive a chorar.
Acreditava na vida e a vida a traiu, levando o que era seu por contrato.
Soube de algumas que têm tudo na vida, bebem com fartura.
Parece que é para esquecer que são solitárias num salão repleto de gente.
Essas tem vestes ricas mas sempre sentem-se nuas.
Não choram, só gritam, uivam, cantam frenéticas.
Esperam espantar a sua dor.

Nosso planeta adoeceu e ninguém percebeu.
O nosso planeta sofre a dor do esquecimento.
Onde se encontra o Livro das Memórias Perdidas?
Fiquemos um pouco do nosso cada dia em silêncio.
Fiquemos na serena Meditação do Silêncio.
É no Silêncio que Deus e o Mestre se revelam a nós.
Na palavra não dita.
Ouve a palavra do irmão que ao teu lado procura uma prece.
Ora com ele e por ele.
Divide o teu pão.
Ama o amor que Deus te dá cada momento.
E muda a História do Mundo
que ainda estamos escrevendo.
Ainda temos tempo.
Ouça as palavras do Mestre Jesus
que ainda ecoam no Silêncio do Mundo.
Só precisamos abrir o nosso coração.
Curando a nós mesmos,
acabamos com esquecimento
que os homens doentes espalharam pelo mundo.
Curaremos o planeta,
seremos personagens ativos
E vivos, perenes, lembrados
através dos Tempos nesta iluminada transição.
No futuro, talvez
aqui ou numa estrela,
leremos, melhor, encontraremos
o Nome da nossa Alma!

Maria Izabel Viégas

Ressaltando que o texto meu não é um resumo, nem de longe do livro que li,
como é extremamente uma rica fonte de pesquisa, cito-o:
"O Desaparecimento de Deus" - um mistério divino.
autor: Richard Elliot Friedman
edição de 1995 -
Imago Editora

Friedman, R. Elliot, segundo consta na obra,  é professor titular de hebraico
e literatura comparada e ocupa a Katzin Chair na Universidade da Califórnia. É
 doutor em teologia por Harward e professsor visitante em Oxford e Cambridge. Foi bolsista do American Council of Learned Societies e é membro do renomado Biblical Colloquium. É autor do livro Who wrote the Bible.

Encantei-me com seu amplo conhecimento, cito um dos comentários sobre a obra:

"Um trabalho encantador e inteiramente novo de argumentação teológica e reflexão religiosa desenvolvido por um estudioso da bíblia que escreve com a pena de um anjo. Friedman explora mistérios profundos das Escrituras, da filosofia, da teologia, da história e da ciência em busca de sensibilidade religiosa para essa era de renovado contato co o deus vivo"
Jacob Neusner, professor - pesquisador de Estudos religiosos, University of South Florida

"Com uma mostra assombrosa de conhecimento profundo apresentado com extrema leveza[...], Friedman aborda as questões morais e religiosas fundamentais que confrontam o atual mal-estar e a futura sobrevivência da nossa espécie. Se ouvirmos, haverá esperança."
H.G.M. Willimson, professor titular de hebraico, Oxford University

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Congresso Internacional do Medo, comparecerás?





Congresso Internacional do Medo

"Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, 
que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, 
nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, 
o medo das mães, 
o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores,
o medo dos democratas,
cantarmos o medo da morte 
e o medo depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos
nascerão flores amarelas e medrosas."

autor: Carlos Drummond de Andrade,
do livro Antologia poética.


Você tem medo do quê?
Você tem fome do quê?
Você tem sede do quê?

Eu já tive tanto medo...
Medo de perder meus pais
E eles já se foram.
Que adianta ter medo das coisas que não podemos controlar?
E depois do medo e da dor da partida,
aprendi que eles não se foram,
eles partiram para outro plano,
mereciam mais chances.
E os sinto aqui tão perto,
moram em mim,
nas minhas ações
nas minhas virtudes,
na minha força
na minha palavra
na minha honra!
São suaves presenças,
sopro de lembranças - vida!

E eu aqui no mundo fiquei
a agarrar-me a outros medos.
Pura perda de energia e tempo.
Até que fui, pouco a pouco,
aprendendo
que só posso plasmar
a bem aventurança.
Orar para que na vida minha,
nunca me falte a coragem,
de olhar o medo de frente
e deixá-lo sozinho.
Saio, deixo a porta aberta
Ele que vá procurar seu rumo!

De medo não morro, se morro , era a hora!
De fome não morro, aproveito e emagreço!
De sede não morro, tem a água da chuva, viro passarinho!

Penso que meu único medo
é deixar de amar.
Então me lembro
do grande e universal segredo:
o coração que já amou
nunca desaprende,
nunca esquece.
O amor depois que entra
passa a ser o dono da nossa vida,
ad eternum, por todo sempre!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Em Citador encontro Fernando Pessoa e o autoconhecimento


Quando nasce uma criança, renasce uma alma.
Vem pura e simples,
engatinhando na procura de alinhar-se ao novo ser que ressurge.
Dizem que até os sete anos estará esquecida de quem é.
Grande a responsabilidade dos adultos
em conduzi-la em e no amor.
Pois não é da fome de pão que morre o corpo apenas.
Morre-se, aos poucos, a inocente e frágil criatura
ao matá-la com nossos preconceitos
e maus tratos físicos, morais e sociais.
Morre a alma ao serem desconectadas de seus sonhos.
Quem sou eu na medida em que cresço e me re-descubro?
Quem sou eu quando me liberto do que me ensinaram,
de tudo que não tem peso e valor para minha vida?
Muitos ficam meras cópias,
nada acrescentam
à sucessão de gerações
de pensamentos falsos
e ilusórios acerca
do que é o melhor
para o homem ser o humano mais puro!
Somos jogados aos leões
e nem notamos,
inocentes,
o quanto somos fortes na arte da sobrevivência.
Sim, somos fortes
quando ousamos nos olhar nos olhos
e encontramos, mesmo que a duras penas, o nosso verdadeiro eu.
Somos heróis de cada dia!
Somos sobreviventes quando nos redescobrimos.
E quando, mais ousados, aprendemos a gostar
da imagem que se forma à nossa frente,
que viva a alegria!!!
Aprendemos a ser gente!!!

Sim, poeta!
Não somos da altura do que outros nos vêem
e conceituam como sendo...
Somos da altura que nossos olhos podem ver!
E estamos cada vez mais
nos respeitando
e nos compreendendo
e nos amando.

É...
deve ser este o caminho...
Assim é...
que deve ser o roteiro de vida do viajante em busca de si mesmo!!!

Só há chuva lá fora, não molha nosso coração




São constantes os dias
em que a chuva cai, contínua,
tempestades causando tantos sofrimentos,
'sentimento- água' a remexer com as nossas emoções.


Chuva
Não mais dominas nosso destino.

Formam-se nos céus
ameaçantes cúmulos negros,
parecem atentos,
a esperar o momento de entrar em cena
e conseguir atravessar a porta do nosso ninho,
quer a todo custo
nos levar ao antigo tempo
em que éramos sós.
Pobre, ilusória e iludida chuva.
Não reconhece
quando corações se encontram
e é o destino não haver espaço
para a não luz,
para o gélida solidão,
para o nada.
Existe um "sentir" tão esperado,
de trama tecida de fios de seda tão fortes,
que nada pode separar
nem intentar desfazer
um amor que percorreu mil anos.
Existe o Amor que já nasceu antes da vida,
que já de tão marcado n'alma
não se arrefece,
nem cede
nem treme
nem teme.

A chuva...
que importa?
São gotas de água
que já nos chega pura,
pois nosso copo - corpo
já está limpo
molhando-nos
realimenta e nutre.
Secam ao calor do fogo
da chama - luz do amor
que transcende a Vida,
que derrota a Morte.
Que acorda e sonha ,
que dorme e vive,
que morre e renasce
a cada amanhecer ,
a cada pôr- do- sol.
a cada brilho das estrelas
ou na noite densa e escura.
Pobre e desvairada chuva...
perdes teu tempo!
Já não és dona de nós...
O Amor é nosso dono.
Vive na flor mais linda,
na lama das estradas,
na alegria,
no sofrimento,
é o êxtase divino.
É nosso silêncio,
nosso segredo,
nossa luta,
nossa paz!

E vamos seguindo,
somando sempre
por todos os tempos as nossas vidas.
Eu o amo
ele me ama.
Somos o encontro
que estava previsto...
por séculos,
por milênios
nas estrelas!

Maria Izabel Viégas

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Escolher certo o que é certo



"Concedei-me, Senhor,
a serenidade necessária para
aceitar as coisas que não posso modificar,
coragem para modificar aquelas que posso
e sabedoria para distinguir umas das outras".

autor desconhecido

Quantas vezes já li estas palavras
 - oração, rogativa, prece -
Não o sei.
Quedo-me a buscar os momentos em que cumpri o que pedi
entre momentos em que, presa a dúvidas e medo,
me vi forçando, apostando tudo para que a vida seguisse o rumo do mais fácil.
Acredito que não seja a única pois se assim o fosse
não haveria tanto sofrimento no mundo.
Para discernir entre o que posso modificar,
agindo no sentido de realizar movimentos,
ação certa para dissolver
o nó que o fio da vida trama,
tecendo a teia em que nos aprisiona, fere e mata os sonhos....
E quando é a hora de recuar,
acreditar no Sábio
quando este nos aconselha
a ficar parada, esperando,
atenta e tranquila
sem discutir com a vida,
sem rebelar- me com todas as forças
e acabar afundando nas rasas margens do rio.
É nos dito que para tanto,
esta tomada ou não de decisões
exigirá de todos atingir a sabedoria.
A sabedoria,
não o conhecimento.
O conhecimento me leva a entender
as regras do jogo,
a calcular a hora da preamar ou da maré baixa.
Com o conhecimento sei que a estrela
que me ilumina não é a mais propícia.
Podem até os astros estarem conspirando a meu favor,
conheço os trânsitos dos planetas
e o como me influenciam.
Mas o Sábio diz :
- Pára, sente com o coração
e não raciocina com a mente-razão!

Aquietar a alma exige atingirmos a sabedoria.
E quando a atingiremos?
Em que idade ela adentra pelos portais de nosso corpo-alma encarnada?
Medito sobre
e concluo, mesmo sem certezas,
pois que a mente...
mente pois é puro pensamento:
Não existe a sabedoria plena.
Nem essa idade - tempo de vida
em que atingimos a tanta Sabedoria.
Temos, sim, lampejos de sabedoria
na adolescência,
na juventude,
em qualquer idade!
Quem vive disposto a encontrar seu rumo
pode até analfabeto
ter em si os momentos
do 'despertar do sábio'!
Basta apenas que estejamos
prontos a assumir
com coragem
a Serena- Idade!

Quem nos traz as luzes divinas e iluminadas,
os lampejos eflúvios de Sabedoria é a Serenidade.
É a calma que vem com todo acúmulo de experiências vivenciadas,
os aprendizados que marcaram a nossa alma
durante os momentos difíceis da nossa caminhada!

É a doce calmaria que se instala após a guerra
que travamos contra nossos maiores inimigos,
orgulho, vaidade, ócio, medo, raiva,
perdões só em palavras não em corações.

Ó Senhor Jesus,
Meu Mestre !
Ó Deus de Infinito Amor,
não te peço nada,
creia e creio
pois só Tu sabes,
tem o poder de olhar dentro de mim
e ver a cor da minha alma!
Mais ninguém além de Ti
me conhece tão bem,
e sabe o que me é necessário.
e como sou desde pequenina;
Creio que amas a todos sem distinção.
Genuflexa,
oferto- Te a minha vida,
a vida dos meus filhos,
do meu amado,
dos meus netos,
das mães de meus netos,
dos meus amigos amados
e daqueles que andam a 'assustar' o mundo
na serena certeza
de que Tu tudo sabes
e guiará os meus,
os nossos passos!
.
Senhor, proteja a todos os que aqui estiverem
Proteja aos seres que comigo já estiveram,
ilumina-os no encontro dos serenos dias-momento-luz!
Que se cumpra!
Amém!




domingo, 18 de novembro de 2012

Não julgues pois será pelo outro julgado




"Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter…
Calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri,
viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e minhas alegrias.
 Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz.
E então, só aí poderás julgar.
Cada um tem a sua própria história.
Não compare a sua vida com a dos outros.
Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida."

Clarice Lispector



Existe uma interessante imagem que deveria vir à mente dos recalcitrantes julgadores e donos das verdades que bem se aplica:aquela em que quando aponta-se  o dedo indicador para alguém, o polegar fica ali, apontado para a própria pessoa. Alguns usam a metáfora de "assemelhar-se à uma arma".

E pensando sobre o polegar, como ele é um dedinho interessante,
e explico os meus devaneios acerca do mesmo: é o mais diferente dos outros, o que o torna um estranho no ninho, diríamos uma ovelha negra na família,
é gordinho (fora dos padrões da moda), 
é um dedo que já condenou à morte ou salvou pessoas na época das arenas terríveis de Roma e outras arenas de verdugos insanos, representando  a insanidade mórbida coletiva em que a platéia se comprazia com  a maldade dos poderosos sanguinários, transformando seres humanos em peças de um jogo inertes e passíveis à morte por nada valerem.
Julgavam e matavam os 'diferentes', os ímpios, os cristãos, igualavam os malfeitores dos justos.

Bem, fazendo-lhe justiça, esse dedo bem que simplifica e muito nossos diálogos.
Se concordamos é Sim, OK, Valeu! Se discordamos, para baixo diz Não, Nem pensar!
Para que perder tempo ouvindo opiniões, já temos nossos julgamentos pré-concebidos.
Simplifica as coisas, nesse mundo apressado em que temos que ser mais velozes que a velocidade da luz, um salvador o dito polegar.
É personagem de histórias do imaginário infantil, quem não se encantou com o Pequeno Polegar?

E no mundo virtual, como faz bem à alma dos internautas. É rápido, vai lá, leu, ou nem leu(acontece, ó) 
e CURTE!!!



Pronto, fez um amigo feliz. E passa-se a curtir outros pois temos muitos amigos virtuais, aceitamos as solicitações de amizade mas, gente, não temos tempo!
Pior são os que não curtem nada, esse são muito maus! Como se atrevem? Serão espiões, pensa 'já' aflito o 'já' neurótico internauta.

Voltando à Clarice, a genial Lispector, 
se enxergamos o mundo através de nosso foco do olhar 
e se nossos olhos corpóreos não conseguem captar todas as imagens na plenitude de suas infinitas possibilidades, somos limitados por nossa própria história da vida.
Temos olhos que não distinguem nada na escuridão e a escuridão é extremamente reveladora. 
Os simplistas que me perdoem, mas ao nos aprofundarmos nos mais escuros mistérios 
conseguimos compreender melhor a luz e são poucos 
os que conseguem mergulhar no fundo do poço e voltar sem perder a razão.
Alguns xamãs em suas "iniciações" enlouquecem para sempre, sendo cuidados por toda a vida pela sua tribo. Existem aqueles que já têm guardadas a moedas do barqueiro e não se amedrontam com a visão do nada, 
que já foram mutilados nos seus mais simples desejos e que ainda têm coragem para sorrir para a vida... 
como falar daquilo que nunca conseguiram, nem quiçá, conseguirão captar da experiência vivenciada pelo outro!

Somos todos maravilhosamente diferentes, 
somos infelizmente diferentes, 
somos aqueles que vivem muitas e muitas vidas, 
reencarnando sempre 
e quem se julga ser aqui sua última reencarnação 
que compre um chapéu de louco 
pois se assim o fosse não estaria aqui nesta matéria densa, 
neste mundo em guerras, 
neste caos non sense. 

Nada sabemos nem de nós quanto mais dos outros.
Como um ariano corajoso apressado pode julgar um lento e construtor taurino?
Como um geminiano entretido em seus mínimos e objetivos detalhes pode criticar um  sagitariano subjetivo e com visão do muito mais longe?
Como julgar na nossa diferença?
Só sendo tristemente indiferentes.

E terminando aqui minhas divagações acerca do tema:
E buscando o que em mim é o mais belo como lição, 
ensinamento maior, 
incontestável pela preciosidade do autor da obra,
volto ao Evangelho de Jesus, Novo Testamento,
às palavras do Mestre dos Mestres:

"Não julgueis, a fim de não serdes julgados;
porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros;
empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros.

- Mateus, capítulo X , versículos 7:1 e 2 -



sábado, 17 de novembro de 2012

Encarar o brilho de nossos olhos



"Apenas quando tiver a coragem
de encarar as coisas exatamente como elas são,
sem enganar a nós mesmos nem nos iludir,
surgirá uma luz dos acontecimentos,
permitindo que o caminho do sucesso
seja reconhecido."


I Ching, O Livro das Mutações
Hexagrama 5, Hsü,
Espera (Nutrição)



Não nascemos para nos acovardarmos perante a vida.
Vencemos o medo de nesta terra renascer,
já adentramos na vida num ato de suprema coragem.
E éramos tão pequeninos e frágeis,
e mesmo assim abandonamos o conforto
lá do outro lado e voltamos..
Hoje, que alcançamos a idade da razão,
hoje que descobrimos tantos caminhos
que erramos e acertamos tanto,
por que não ousar olhar de frente a nossa face?
Experimenta, verás a beleza que existe no teu olhar.
Reconhecerás que lá existe um brilho estranho,
uma luz diferente, individual, única,
sem igual, só tua,
que te acompanha há muitas vidas,
são os olhos perenes da tua alma caminhante.

Essa chama que nos concita
a seguir sempre,
confiantes em nós mesmos,
que nos alimenta de fé
e que nos impulsiona
para o excelsa descoberta
de que, sendo humanos,
nascemos para sermos
um dia, anjos.

domingo, 11 de novembro de 2012

O Deus dos caminhantes


"Esta manhã
não tenho nenhuma religião
em especial.
Meu Deus é o Deus dos Caminhantes.
Se alguém caminhar o suficiente,
é bem provável
que não necessite
de nenhum Deus."

- Bruce Chatwin,  in Patagônia -

Hoje me detive a olhar atenta a todos os seres humanos que estavam aqui ao alcance de meus olhos.
Ouvi palavras soltas que nada diziam,
alguns diálogos breves, sinceramente, nem sei do que falavam
Considerei-os tão particulares que escutá-los era feia invasão.
Ouvi risadas, agradáveis pela alegria.
Vozes alteradas, essas nem sei quem foi.
Observei silêncios amorosos.
E presenciei silêncios de solidão.

Eu nada buscava,
olhava maravilhada
o como o mundo não repete personagens nesta sua história.

Num reduzido tempo e espaço,
vi tantos desiguais, tantas diferenças
que entendi mais e mais a mim mesma.
Como posso pensar igual na minha diferença.
Como podem as pessoas pensarem num uníssono,
seguindo mesmas idéias e  ideais,
formando grupos que se distanciam
seguindo religiões em nome de seus deuses,
os fazedores de igrejas.
Como se unem para atacar as chamadas "minorias"
Como minorias se submetem, assumindo o julgamento de gente tão desigual?
Pensei e muito sobre a Torre de Babel
E, perplexa, confesso que quase acreditei que ela existiu!

E, numa viagem minha, num repente,
me lembrei destas palavras de Bruce Chatwin
sobre o seu Deus dos Caminhantes.
De como cada um vê a divindade
segundo seus princípios
suas vivências, preferências e prazeres.
E ouvi e respeitei as palavras
desse caminhante que se extasia com a beleza
e não precisa que exista o Deus.
Ele tem o seu!
E que naquele instante nenhuma religião
o movia no seu destino,
ele era o seu destino.
Ele seguia o seu deus -  ali na natureza esplendorosa!

Por que não?
Tão diferente de mim, ao mesmo tempo tão próximo,
- vivemos nos extremos opostos -
eu que encontro Deus
nas mais altas montanhas,
nas águas dos oceanos
na singela beleza de uma flor,
na lágrima de sofrimento
nos cânticos de alegria
Ele, Meu Senhor Deus está presente!

Na nossa diferença
encontramos na estesia,
a amorosa presença de dois Deuses,
iguais na beleza e magnitude,
talvez nem nós saibamos
pronunciar seus verdadeiros Nomes.

Creio que é assim na vida,
se nos respeitarmos nas nossas diferenças
sem distinções de credos, crenças,
questões de fé
seremos mais justos,
mais livres
para caminharmos por onde quisermos,
viajantes ou não,
longas estradas,
pequenos percursos
ou numa parada solo,
estaremos sempre nessa maravilhosa diferença,
dialogando ou não,
haverá a nos unir um Deus,
de qualquer nome,
a nos enebriar com sua presença
tornando mais leve
ajustando as rotas
da nossa caminhada.

Maria Izabel Viégas




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Onde estiveres... estou



"Naquele preciso momento o homem disse:
'O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.'
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia."


"Nostalgia do Presente" 
de Jorge Luis Borges -





Onde tu estiveres, 
ó meu amado
meu coração estará.
Viajo na mais suave brisa
Arrisco-me a alçar 
os mais altos vôos
nas asas da mais veloz águia.
Torno-me vento, 
sigo-te audaz 
pelas correntezas 
dos rios,
mares 
e oceanos.

Onde a distante Islândia?


É aqui,

bem perto...
no afeto que nos une,
dormes ao meu lado
mesmo se estiveres 
a anos-luz de distância.
Sou flecha - pensamento.
Minh'alma te  buscará 
nos recônditos do universo.
Sou nada e tudo
Sou presença
Sou ausência
Sou luz
na escuridão.
Sou eu em ti.
Sou 
Somos 
o Amor.
E é ele, 
divino deus,
que me aconchega no teu abraço
Beijo-te as mãos.
Amo-te mais forte que a Vida
pois que é ela,
a Vida, 
a força que me move 
ao encontro de ti!

A Islândia é aqui  

bem ao meu lado.
Dormes 
Dormimos
acordados
extasiados 
em prazer.

 - Maria Izabel Viégas - 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ainda aprendendo qual a medida exata do Amor


"Não tentes ajudar ao pardalzinho a achar, a suspender e a carregar a palhinha
para construir seu ninho.
A luta, os riscos e sacrifícios são seus sagrados deveres perante o Amor.
Deixa-o.
Deixa que o próprio Amor construa seu ninho.
O que melhor tens a fazer é ficar de longe a olhar.
Podes também mandar de teu coração, ao pardal, à sua amada, ao ninho, a mais pura vibração de Amor."

autor: Hermógenes


Ó Senhor, não preciso aqui ficar a repetir o quantas vezes fui, ansiosa,
a colher palhinhas,
a intentar tirar todas as pedras do caminho,
no afã materno de proteger meus pássaros amados.
Tu o sabes.
Sabes do meu amor...
tens a medida exata dos meus quereres.

Do que é e foi o meu dever...
E daquilo que não era da minha alçada.
E do tanto que acertei
e do tantos erros que cometi,
num exagero que eu chamava amor,
que hoje creio era uma parte
e não o Todo Amor do Mundo.

Guiados somos pelo imenso medo
de que nossos amados sofram,
vezes interferimos,
não deixando que eles próprios colham
os frutos da árvore da vida
que é só sua!

Compreender a sublime lição
que é o construir e o reconstruir.
Um passo sempre acompanha o outro.
Nunca os dois pés juntos,
é sempre...
um após o outro.
Cada um tem que aprender a caminhar por si mesmo.

Na vida, precisamos estar ali atentos,
com fé na realização do outro.
Dar o benefício da confiança.
Ser como os anjos,
que ficam ao nosso lado,
orando por nós,
mas não tirando-nos da experiência
do tecer o fio da nossa vida.
Ajudar com calma,
aquietando nossa alma,
sem sufocar nem criar algemas.
Ouvir as palavras do mestre Jesus
plenas de energia,
ainda ecoando no Universo:

'Olhai os lírios do campo...
Olhai as aves do céu...
Eles nascem,
se cobrem com as mais belas vestes,
se alimentam
e sobrevivem,
não por interferência do homem,
e sim, pelo excelso amor do Pai Eterno.'

Deixar o próprio Amor construir seu ninho...

Enviando a mais pura vibração de amor
à tua avezinha,
à sua amada,
ao seu ninho!

Ama e Confia.
Confiando ama.