Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Desistir jamais


Já poetiza Leminski:

"Nuvens brancas
passam
    em brancas nuvens."

(in livro "Toda Poesia")

Dizem alguns que em pequenos frascos se encontram perigosos venenos,
outros, refutam, que neles se armazenam os melhores perfumes.
Aqui o poeta simplesmente colocou os dois:
o perfume e o veneno.
O aroma da simplicidade, a de sintetizar toda uma filosofia de vida.
Sim, ele nos fala do nosso modus vivendi.
Quando tudo está bem, quando a felicidade alegra nossos dias nem nos damos conta de agradecer pelas benesses. Orar agradecendo aos poderes supremos o fato de que a vida anda sem tropeços.
Todos em astrologia falam do potencial de Júpiter, o Grande Benéfico.
Se estamos com o planeta num aspecto favorável, conseguimos agregar sorte,
dependendo de que planeta e quais os assuntos que ele toca.
Só que é nessa hora que nossa natureza distraída cai em armadilhas feitas por nós mesmos.
De tanta sorte, deixamos passar oportunidades.
E, lá se vai o tudo de bom  pois, afinal, o mundo gira, os planetas vão em frente.
As nuvens brancas são sopradas pelos ventos e ficamos a procurar carneirinhos no céu,
esquecidos de obrar, laborar, agir.
Chega uma oportunidade de emprego: uma, duas, três e  deixamos passar,
na certeza de que tudo tudo vai dar certo.
Na música até que vai!
Mas na vida temos que aprender a aproveitar as oportunidades.
Prestar atenção ao que chega às nossas mãos.
Saber entender os sinais.
Se não, vamos ter que aprender é quando o vento, esse ardiloso senhor, começa a soprar mais forte trazendo as tais nuvens negras.
As quadraturas, as oposições, os tracinhos vermelhos muito malvados, como dizia um amiga, que odiava os vermelhos!
Como se os vermelhos, ou seja , os problemas, as nossas próprias dúvidas e incertezas e os obstáculos que outros nos colocam à frente não fossem agentes de mobilização!
Essa amiga tinha um mapa natal  cheio de trígonos e sextis, tudo lhe era facilitado
e ela, insatisfeita, reclamava da vida!
Chegava o leite e ela reclamava que estava frio. Que ainda tinha que esquentar.
Ora ora ora!
Se não aprendemos com as coisas boas da vida, vamos ter que seguir o aprendizado pela dificuldade, repetindo os mesmos erros até que ele vire acerto.
O veneno contido está justamente na displicência com que nos acomodamos em receber sem prestar atenção na mão que nos oferece ajuda.
Esquecemos de agradecer.
E, ao primeiro sinal de problemas, nos revoltamos.
A lição para esta que aqui fala é que lá por cima das nuvens negras mora um céu azul e brilha o sol.
Que eu, meu sol, minha essência, meu eu estou sempre acima dos cumulus nimbus.
Que no céu daquele dia eu posso estar a sofrer, mas que eu sou aquele que vai se deixar abater ou não.
Que vou optar por abrir buracos no meu eu interior e deixar reluzir o sol que brilha em mim.
Bem, tem dias que dá certo.
Tem outros que fico totalmente azarada e encharcada.
Mas, caramba, não nasci para ser comandada por nuvens negras.
E nem para ficar apenas contando as branquinhas, embora as contemple com a devida alegria, são boas e nos despertam prazer.
Nasci para ser melhor do que fui na outra encarnação!
E, contabilizando
perfumes e venenos,
certa de que estou no meio do caminho
eu só sei que...
Desistir Jamais!

- Maria Izabel Viégas -

sábado, 23 de novembro de 2013

Conversando com o mal

Conversando com o Mal

"Às vezes o mal persegue o guerreiro.
Então, com tranquilidade, ele o convida para a sua tenda.
O guerreiro pergunta ao mal:
“você quer me ferir, ou me usar para ferir os outros?”
O mal finge não ouvir.
Diz que conhece as trevas da alma do guerreiro.
Toca em feridas não cicatrizadas, e clama vingança.
Lembra que conhece algumas armadilhas e venenos sutis que o ajudarão a destruir seus inimigos.
O guerreiro da luz escuta.
Se o mal se distrai, ele faz com que retome a conversa, e pede detalhes de todos seus projetos.
Depois de ouvir tudo, levanta-se e vai embora.
O mal falou tanto, está tão cansado e tão vazio, que não conseguirá acompanhá-lo."

- Paulo Coelho -




Somos vezes inocentes quando estamos a caminhar.
Somos assediados por pessoas ou por pensamentos 
que vêm revestidos da sombra inquietando o coração.
trazem-nos medo e dúvida quanto ao como agir.
Alguns dias, adoecemos fisicamente, 
frágeis alvos dessas flechas que 
do nada, 
do oculto saem , 
amortecendo nossa capacidade de julgar.
De melhor discernir qual a melhor ação a fazer.

Este conto acima me lembra o como agem as sombras sobre nossos pensamentos.
Ou como as pessoas "doentes da alma" agem conosco:
Primeiro nos alertam que são mais fortes. 
Resistimos, quando fazem propostas que molestam nosso caráter,
Tornam-s mais ousados,
avançam, ameaçam, 
Intentando ser sutis,
falam dos nossos defeitos;
amedrontam.
E, quando encontram em nós 
resistência à sua ação maléfica, 
usam , creio eu, a pior estratégia:
nos oferecem a sua amizade, 
elogiam-nos, envolventes, 
acariciando nosso "ego".
E haja festas! 
E haja orgulho! 
E haja cegueira!

Nunca há olhos nos olhos, tudo é às ocultas.
 O mal se julga esperto.
Realimenta-se de nosso orgulho.

Esquece-se, entretanto, que há em cada ser uma centelha divina que nos conecta com a Luz.
Seu orgulho é tamanho 
- assim são os poderosos -
passam a viver uma história paralela, 
onde eles são o centro do mundo.
A mentira é tantas vezes corroborada
que torna-se a irreal verdade!
O mal, esse veneno mascarado, é tolo.
Esquece-se que fomos sementes plantadas no útero materno,
e que este ato de semeadura 
- o nascimento  aqui neste plano -
é é de tal magnitude que só o bem pode ser o mentor!
Nascer é um ato de amor!
Nascer é como a eclosão de toda uma galáxia,
é força motriz, 
é esplendor!
É o toda energia cósmica se fundindo numa só molécula.
E isso só o Bem é o poder gerador.

Ao nos curvarmos como varas frágeis ao vento forte 
já é fruto do aprendizado
que para ser grande 
vezes, é preciso ser humilde.
É preciso, muitas vezes, perder para ganhar.
Humanos somos e trazemos no inconsciente a memória dessa força que nos trouxe aqui.
Sentimos que nossa força está no coração.
Aprendemos a esperar.
Escutar em silêncio as investidas do mal.
Já vi o mal de frente muitas vezes...
Ele anda solto, volta e meia aparece, 
usa máscaras diversas, 
mas que caem... sempre.
Ele falou, 
tentou me hipnotizar, 
cantou, dançou, 
falou ternamente 
e, num dual,
impaciente, 
gritou com meu coração, 
machucando-os com incertezas.
Já ouvi, um certo dia, num tempo distante,
a voz da alma ressoando no meu coração.
A alma não mora aqui nem precisa de elogios e glórias,
nem se inquieta com as dores deste lado de cá da vida.
E nem ambiciona ser dona de nada.
A alma sabe que pertence a Deus.
Os mestres, os anjos sempre acompanham e iluminam  o caminho
daqueles que não mais optaram 
por ser escravos do medo, 
do egoísmo, das falsas vitórias, das ilusões.
Deus ilumina o peito dos guerreiros da luz.
As escolhas são nossas.

- Maria Izabel Viégas -

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dividir seu tempo entre dois mundos materiais



Uma paisagem refletida no espelho.
O mundo real e o virtual.
Qual é o real?
Qual o virtual?
Que dificuldade eu tenho para sair mais da imagem refletida onde tenho companhias que me fazem rir, me ensinam, me divertem quando estou triste;
que dificuldade de estar na imagem real e sem dar uma espiadinha. 

Ainda por cima inventaram o celular, um bem que nos ata ainda mais, um sufoco!
Que dificuldade de igualmente deixar de viver num mundo 
onde os problemas, 
as pessoas que não nos merecem,  
somem num simples clique.
Onde existem mais sorrisos que no real.
Onde se tem mais tempo de dizer 

Olá!!! 
Bom Dia, Mundo!
Como vai?

Na vida real estamos cercados pelo medo.

Não temos tempo para parar um momento.
Há perigos nas mais simples situações, nas compras, na rua transitando.
Não falamos ao celular no meio a multidão pois certamente já tivemos relatos de amigos que foram assaltados.
Não consigo mais dar Bom Dia para meu vizinho,  pois não reconheço marcas de carro e não o vejo ao passar com o vidro fumê fechado e escuro.
Eu mesma ando assim. 

Bem, há os que passam apressados e buzinam.
Eu também, as vezes, apressada, faço o mesmo!
 

Ontem, aqui, na vida real, nós refizemos, numa trabalheira louca o jardim em volta do meu ipê - roxo, que estava quase morrendo. 
Chamamos um agrônomo do Horto Municipal e ele nos orientou. 
Eu não tenho força para arrancar com a enxada a menor das plantas, mas tive que ajudar. 
Meu marido fez a parte pior. 
Acabamos com um formigueiro que se escondia embaixo de minhas lindas plantinhas. 
Sorrateiras, as indesejáveis criaturinhas, devoravam o casco e intentavam matar a raiz, 
enquanto, embevecidos, olhávamos a beleza do jardim.
E nós fizemos um amplo jardim à sua volta, cheio de plantas pequenas e lindas;
que, infelizmente e inocentes, nos tampavam a visão da base do tronco.
Fiquei com o pouco que fiz, replantando algumas, 

cortando com dó pezinhos de pingo de ouro que modelei tão lindas, 
Ai de mim, a jardineira, meu corpo doía muito depois;
eu ainda não estou curada.
Tenho tanta coisa a fazer.
Meu Deus, é preciso parar um pouquinho deste adorável mundo virtual 

que de tanto afeto e informação nos traz tantas alegrias.
 

É preciso olhar mais meu jardim!
O exterior que eu plantei;
o interior, que minha alma cultiva 
há quanto tempo,
desse, eu não sei!
Da alma temos sensações que nos dão os sinais, 
mas nem sempre captamos bem as mensagens.

Ficar nas duas imagens, com cautela,
sem me descuidar de tantas coisas que preciso fazer.
É preciso dar mais 

Bom Dia à vida 
enquanto a vida existe em mim!

Quanto ao meu jardim, à cura do meu ipê -roxo paixão, está dando certo!
De triste, perdendo a sua nobre altivez, já nos sorri em novas folhagens.
Como que se nos dissesse:
 - Obrigada! 
A nossa Mata Atlântica agradece, jardineiros meus!

A lição que assimilei foi que:

Não devemos enfeitar demais, em excesso que que já é belo por natureza. 
Que nunca se sufoca a raiz de nada nesta vida.
A chave está em procurar a raiz de todos os nossos problemas.
Expô-la ao sol da Terra de Gaia.
Estar atenta aos parasitos que se escondem no solo obscuros.
Expô-los -  os problemas - não mascará-los, 
ir ao mais profundo e curar as feridas 
que pequeninos pensamentos  - parasitas vão maculando,
ferindo nosso caule, 
nosso tronco, 
nosso eu, 
nossa personalidade,
nossa essência.

Minha árvore bela já está primaverando!

E minha alegria está aqui, no mundo real, 
atenta a outros sinais.
É preciso sempre viajar na vida 
discernindo o que nos faz bem e 
afastando de nós
aquilo que nos faz mal
e que não é necessário vivenciar!
Eu, na primavera , sempre hei de primaverar!
Em cada ciclo, em cada estação,
renovar-se em calma e refletida ação,
viver com os cuidados 
cada nova experiência
que surge nos caminhos.
Convictos que só o amor nos dá força e energia.

Maria Izabel Viégas