Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

segunda-feira, 24 de março de 2014

A mulher ponte.




E se...
E se a mulher, naquele dia,
ouvisse a voz da razão
seguisse o caminho mais lógico
aquele que se desviava de seus desejos
e que a fazia apenas cumprir suas obrigações?

Quanto de tristeza,
tanto de decepção
pelo peso mais forte
do que o corpo frágil
por assumir as responsabilidades
daqueles que lhes eram a vida,
que achava a mulher
que dela lhe dependiam.

E se o tanto e o quanto
nem foi percebido pelos que a cercavam?
E se não bastasse assim esse tanto.
Se passado o tempo
não reconhecessem o valor investido
na perda do sucesso e da glória sonhada?
Quantas vezes a mulher olhou à sua volta
E no meio dos seus era ela um vazio?
Quantas vezes parou
olhou para o lado
e se viu sozinha.
Não sem companhia, isso havia.
Era uma gente que realmente não acreditava nela.
E se havia a desconfiança de que nada ela valia,
valia o peso do tanto que ela lhes deu nesses todos dias?

E se o amor recebido não valesse a troca
da razão pelo desejo do coração da invisível mulher?
E se dela zombassem às suas costas?
Era a mulher tão sem sucesso e glória.
Como ela sobrevivia assim, penalizavam-se.

Era ela como aqueles
que se julgam alados
mas que do chão
nunca saltaram
nem um simples pulo
na direção daquilo
que sonharam um dia.

E se, ao final, a mulher percebe
não havia ninguém
que lhe valesse o sacrifício
de toda uma vida.

E se, ela fosse apenas uma ponte tosca
em que pisavam se apoiando
para darem seus saltos para o futuro?
E que, nesse futuro, ela, a ponte se via desnecessária...

A ponte...
era essa, mulher, a sua missão?
Ser a ponte de entrada
De passagem para os sonhos de outros sonhos?

E foi assim se observando na sua estrutura.
Olhando-se, notando-se
na perfeição dos mínimos detalhes
Feita de elos entrelaçados, fortes, vigorosos
Extremamente belos numa arquitetura de tramas milenares.

Era a mulher a ponte de nobre liga
cuja missão era dar passagem
desses mortais aqui para a vida.

Parece que guardam na memória
apenas que havia apoio
nos seus pés.
mas seus corações
suas mentes
seus sonhos...
Estão lá na frente
distantes na dimensão do salto!

E quem tem culpa?
Há culpados?
A ponte?
Os pés que nela pisaram?
A mulher?
Não sei...
Conta-se que ficou na férrea vontade de ser a base dos caminhos.
E que disso encheu-se das glórias e vitórias.

Há que se ter mulheres pontes?
Há que se ter pés distraídos?
Disso não sei nem tenho as certezas.

Vi-a uma vez, ali ainda fixada,
abaixo dela corre um riacho de águas claras.
E ela não era solitária
Pareceu-me fria
Fria de tão serena.
Não sonha,
só espera.
Espera voltar,
revirando-se sobre si mesma,
contorcendo-se nas suas tramas,
voltando ao não sei onde
do ponto do universo do qual veio.
Já não é mulher, assumiu sua forma de alma ponte.
Voltará ao início dos seu destino.
Férrea.
Forte.
Firme.
Feliz?

Impregnada da invencibilidade
e da imortalidade
da eterna vida.

Que sempre serve para algo,
mesmo que não se saiba
exatamente o quê,
nem os porquês.

Serve sempre.
A cada um fica o destino
que lhes pareceu mais certo.
Ou o destino a que submeteu
por engano, amor ou sorte!

Cada um sabe o que faz da sua vida.

Sinceramente...
essa história é meio triste.
Não gosto dela.

Eu não sou ponte!
Conheci uma.
Linda.
Mulher.
Simples.
Alegre.
Solitária.
Solidária.
Morreu.
Houve o benefício das lágrimas.
Vi pés chorando por alguns instantes.
Logo foi esquecida.
Não era necessária.
Ninguém se lembra dela.
Eu não sou mesmo ponte!
Nunca.
Uma vez, duas ou três, talvez.
Quem sabe?

- Maria Izabel Viégas -


terça-feira, 18 de março de 2014

Aos meus pais Maria e Alberto


Busquei no jardim de minh'alma
a rosa mais bela...
que tivesse a cor da minha saudade
que fosse feita com a beleza de suas almas.

ALBERTO e MARIA
meus pais companheiros desta jornada,
não sei em que lugar dos céus hoje se encontram.
Creio que Alberto, olhos azuis, compondo belos poemas
E Maria, lindos cabelos negros,
ó Maria... ouço teu riso farto.
Sinto sempre sobre mim seus doces olhares,
sua proteção, suas bençãos!
Amados meus
Obrigada por me terem escolhido
nesta vida como sua filha
Orgulho-me muito de vocês,
E os amo tanto, tanto,
com um amor que fica cada vez mais forte
por mais que o tempo passe.
E rogo:
Ó Senhor Deus,
esteja com eles na mais bela estrela.
Vela por suas almas...
por todo o Infinito!

Com amor,

sua filha, 
Maria Izabel de Castro Nuñez,
Hoje, 

por amor ao meu amor,
Maria Izabel Nuñez Viégas

segunda-feira, 17 de março de 2014

Silencio-me no meu silêncio

             O que se é vem à flor?                  

 "Não, não digas nada" 
Fernando Pessoa
"Melhor seria não dizer-te nada
já que as palavras se frustram, Pessoa
- ai! onde as pás sutis e as virgens lavras
do ver de terna fala entre as criaturas?
Já que as palavras nos frustram, pessoas
perdidas no universo das palavras
- ai tempos de durames sem ternuras! -
melhor seria não dizer-te nada.
Calo. Do teu silêncio aflora a fala
desse verde essencial – cerne, mensagem,
viva raiz-mistério da linguagem.
Na força de não ter dito o que mais cala."
  - Stella Leonardos -




 E eu, escuto os poetas e me calo.
Silencio-me no silêncio.
Pois que as palavras me cansam 
e tornam-se roucas
ocas de tanto vazio.
Adentram, 
não saem.
Os pensamentos me pedem:
- Guarda-nos!
- Oculta-nos!
E o coração, este, se entristece 
pois ele tem tanto a dizer.
Como, se a voz se cala e o pensar não obedece?
Pobrezinho pulsante amigo, 
anda sofrendo de um mal estranho.
Uma vontade de sair do peito 
e voar até onde ninguém mais o conheça.
Quem sabe num mundo distante 
onde corações se falem sem nada a dizer.
E que se amem apesar de todos os pensares.

Maria Izabel Viégas

sábado, 8 de março de 2014

Contabilizando os ganhos e perdas da vida





Contabilizando os ganhos e perdas da vida:

Derrotas, algumas, bem expressivas.
Decepções, e como!
Hoje bem menos que antes.
Houve um tempo em que eu acreditava mais na pureza das pessoas.
E me entregava de cabeça nos relacionamentos.
Acreditava que aquilo que se dá, se recebe.
E hoje, sou um ser desiludido?
Não. Nem pensar.
Aprendi ( será que aprendi?) a respeitar as diferenças.
E se o diferente for exatamente eu mesma,
marco um ponto para mim.
Gosto de gente que é aquilo que faz, não aquilo que diz ser.
Como reconhecemos tais pessoas?
Não sei...
cada um de nós tem o seu parâmetro de julgamento.
Cada ser é único em sua liberdade de ser.
Só não podemos exigir de ninguém que nos aprove.
Como dizem:
Somos responsáveis pelo que falamos,
não pelo que entenderam do que falamos.
Não posso exigir que alguém seja minha cópia.
Não existe xerox de gente.
Deve ser triste cópias e clones de gente.
Quando passei a encarar
o medo de estar sozinha,
me vi plena de gente.
Gente que tem um sorriso farto,
gente que gosta de bicho,
gente que luta por seus ideais,
gente que não tem medo de dizer:
 - Não sei!

E de tantos 'não sei',
vi que muito mais sabia
porque as respostas fluiam
sensatas, criativas, coerentes,
vezes destemidas e loucas.
Aprendi a gostar muito de conversar comigo,
e descobri como conheço um pouco de tudo.
E como isso faz diferença.

Num diálogo franco e sincero,
aumentamos nossa auto - estima,
pois somos fiéis depositários
de nossas histórias mais íntimas.
Ganha-se força,
renova-se em coragem,
reaviva-se em esperança,
E passo a passo, vamos aprendemoso quanto somos capazes
de nos surpreender
conosco mesmos!

Só sei que pesando todos os prós e contras,
contabilizando perdas e danos,
sai até agora
ganhando!

- Maria Izabel Viégas -

sexta-feira, 7 de março de 2014

Preciso me explorar no momento maternidade, mergulhar bem fundo



Hoje senti lágrimas furtivas
que, de tão discretas,
nem eu mesma as percebia.
Estranho corpo
Estranho inconsciente
que estranhamente
faz eclodir uma dor
que jazia esquecida
lá no fundo de um baú
que construí com madeira tão nobre
esculpida com flores belas,
revestido de seda,
cheiro de lavanda;
 dia a dia,
por toda a minha vida
fui nele colocando
lenços coloridos,
cores ,
muitas pinceladas
a cada alegria,
lá guardado ficava
o retrato das causas ganhas.
Nele também existe
um fundo falso
onde, escondidas, ficaram as desilusões.
Por que mostrá-las?
Quem, mesmo entre amigos,
querem saber de nossas recordações - mazelas?
Queremos todos festas e alegrias.
Lições de superação se esperam do homem de alma ferida!
Do aleijado, que se faça um vencedor de si mesmo,
não importa a dor que ele sinta!
Isso é a lição pollyana mais cruel da vida:
Tornar pessoas rotas,
ainda em cacos mal colados,
a sorrir um sorriso falso.
Cantar e escrever poemas de amor
quando o coração
não aceita ainda a dor do não ser perfeito!
Só que quando as mazelas se acumulam,
num processo alquímico misterioso,
não há como conter a água
que ficou estagnada na nascente
dos problemas mal resolvidos.
E foi assim,
que apesar do sorriso
e da felicidade
que me rodeiam,
com os quais construí o meu castelo
que me dão sustento a esse corpo
que abençoo por tê-lo,
eis que rolaram fartas as águas
do não saber onde começou
a dor do inexplicável começo de cada mazela.

Recordei das sábias palavras de T. S. Elliot:

"Não devemos por um momento parar de explorar
Pois o objetivo de toda essa exploração
Será o de chegar aonde começamos
E conhecer esse lugar pela primeira vez."

Mais uma vez preciso voltar ao ponto de partida.
Não de todas as dores, não!
Seria demais para minha alma.
Preciso revolver com suave cuidado,
mas sem medo, resoluta,
o ponto onde partiu, onde começou a tal lágrima.
Penso que esta já sei o começo da minha exploração:
vou explorar o nascimento dos meus filhos.
Ir pouco a pouco desvelando os mistérios.
Preciso entender quem era eu antes,
o propósito da vinda do primeiro fruto.
Que me fez tão feliz.
Que me deu sentido à vida!
Mas, quem era eu naquele instante?
E por que precisei tanto de apoiar-me num ser tão pequenino,
quem era ele?
quem era eu?
que vida eu tinha?
que sonhos eu tinha naquele dias?
que outros planos tracei para minha vida?
que expectativas coloquei
sobre seus pequenos ombros?
qual o peso que ele colocou
sobre meus tão igualmente frágeis ombros?
Quem me apoiou: eu ou ele?
Que foi a maternidade, na essência,
no começo, quem era eu e o que ele me trouxe?
E por que estamos aqui nesta vida juntos?
Preciso, hoje, explorar-me no mais profundo do meu ser.
Preciso de libertar de pesos inúteis!
Preciso urgente ir à fonte sorver a água pura.
Necessito rever a menina que eu era,
olhar bem nos meus olhos,
explorar minhas escolhas.
Como se fosse a primeira vez.
Para libertar-me de pesos.
E libertar igualmente os olhos do menino. 
Pois amor hoje não me falta.
Mas algo tão feliz não causa lágrimas incontidas.
E eu amo, como eu amo!

- maria izabel nuñez viégas -



quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu amor e a flor






"O amor me chamou de flor
E disse que eu era alguém
Pra vida inteira"
- Caio Fernando Abreu -


 

Não importa se o amor
se vestia de companheiro,
tinha o sorriso de um filho,
o aconchego da mãe e do pai,
do amigo,
do universo em esplendor manifesto.
 

Quando ele chega,
e sempre chega,
compreendemos 

nós  é que éramos:
o amor
e, finalmente,
abrimos as portas do nosso coração. 

Nunca mais fomos ou seremos sozinhos.
O amor nos sustenta e revitaliza.
Traz a esperança do ser mais e melhor.
 


- Maria Izabel Viégas -