Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

domingo, 28 de julho de 2013

Da urgência em unir-se ao divino.


Assim falou Kabir:



"Amigo, espera o viajante enquanto está vivo.
Atira-te na experiência enquanto estás vivo...
Aquilo que chamas de salvação pertence ao tempo anterior à morte.
Se não cortas as amarras enquanto estás vivo. achas
que os fantasmas o farão depois?
A idéia de que a alma vai
unir-se ao extático
apenas porque o corpo está podre,tudo isso é fantasia.
O que encontramos agora encontraremos então.
Se nada encontrares agora,
terminarás simplesmente com
um apartamento na cidade da morte.
Se fizerdes amor com o divino agora, na próxima vida
terás o ar do desejo satisfeito.
por isso, atira-te na verdade, descobre quem é o mestre,
crê no grande som!"

- Kabir -

E Buda nos fala em trabalhar com todo afinco possível.
A literatura espiritual pede urgência.
É um paradoxo essa busca da urgente união com o divino
e as experiências nossas de cada dia
com a prática no difícil exercício do viver.
Somos ainda tão infantes,  mergulhados
num imenso universo de conselhos de mestres, de filósofos, de sábios.
Somos bombardeados pela  necessidade
de adequarmo-nos aos preceitos da sociedade
na qual estamos inseridos.
Como e quem pode dizer-se normal?
O que é a normalidade?
Nosso corpo sofre com as intempéries, padece do calor e do frio.
E, sufoca-nos, quando nos descobrimos, seres bipolares,
presos à fria depressão ou à extenuante quente euforia?
Vivemos submetidos cada vez  mais a experiências de êxtases quase xamânicos,
temos premonições, ouvimos vozes que entram invasivas na nossa mente
e nos dizem o contrário do que conceituamos como o "nosso" pensar.
E, temerosos, seguimos os conselhos das vozes
e espantados ficamos quando vemos que "elas" têm razão.
Só nos aconselharam para nosso bem.
Como saber agora, neste momento,
quem aqui escreve por mim.
Sou eu, alguém etéreo ou é a fala de minh'alma que solta-se
e quer que eu me pronuncie com sua voz, que tudo sabe.
E que a cada dia mais e mais eu entre em contato comigo mesma.
E redescubra o tanto de trabalho,
de exercício extrasensorial
que necessito
para "ouvir,
com clareza,
o Grande Som"?
Estarei no meu juízo pleno?
Ou insana falo?

Temos um objetivo a cumprir,
atirarmo-nos na experiência do ser,
libertando-nos das amarras.
Mas qual e quanto  tempo que nós temos
para dedicar-nos a trabalho de tal envergadura?
Um ano, cinco, dez, vinte, trinta anos?
Pois que teremos que aprender a usar bem nossos dois olhos,
um a fixar-se neste objetivo - neste exercício transcendental
e o outro a dedicar-se ao trabalho de pesquisar a fundo
quem somos e o que é relevante na nossa vida encarnada.
Difícil tarefa, que nos atrasa a caminhada.
Mas parece que aqui neste plano dimensional é assim.
Não nos iludamos, porém, amigos, há caminhos que não nos leva a nada.
Há que se aprender , por intuição,
por vias do  auto-conhecimento.
Reconhecemos os bons caminhos
pela alegria que inunda
ao pisarmos o seu solo, a terra aos nossos pés.
Quando, mesmo tropeçando em pedras,
identificamos o caminho da tranquila paz.
E, outrossim, percebamos que há caminhos
nos quais somos, desatentos,
'empurrados' pela multidão dos conceitos, opiniões e dogmas.
Há muito para aprender.
Há ainda tempo de discernir.
Mas mesmo difícil, mesmo que
sejamos discriminados
taxados como doentes, anormais,
 párias num mundo real

(se é que o real existe, se o real e o imaginário não são feitos da mesma matéria )...

não olvidemos de:
"esperar o visitante enquanto está vivo".

Muna-se de confiança
que ele te encontrará,
porque estás aberto a ele.
E tu o reconhecerás
pois ele será semelhante
a ti em essência.
E ambos se abraçarão,
reconhecendo-se como irmãos
ou mestres de si mesmo!
Faz Amor com o Divino agora!
Parece ser esta a chave para os fins e os recomeços!

- Maria Izabel Viégas -

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