Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dividir seu tempo entre dois mundos materiais



Uma paisagem refletida no espelho.
O mundo real e o virtual.
Qual é o real?
Qual o virtual?
Que dificuldade eu tenho para sair mais da imagem refletida onde tenho companhias que me fazem rir, me ensinam, me divertem quando estou triste;
que dificuldade de estar na imagem real e sem dar uma espiadinha. 

Ainda por cima inventaram o celular, um bem que nos ata ainda mais, um sufoco!
Que dificuldade de igualmente deixar de viver num mundo 
onde os problemas, 
as pessoas que não nos merecem,  
somem num simples clique.
Onde existem mais sorrisos que no real.
Onde se tem mais tempo de dizer 

Olá!!! 
Bom Dia, Mundo!
Como vai?

Na vida real estamos cercados pelo medo.

Não temos tempo para parar um momento.
Há perigos nas mais simples situações, nas compras, na rua transitando.
Não falamos ao celular no meio a multidão pois certamente já tivemos relatos de amigos que foram assaltados.
Não consigo mais dar Bom Dia para meu vizinho,  pois não reconheço marcas de carro e não o vejo ao passar com o vidro fumê fechado e escuro.
Eu mesma ando assim. 

Bem, há os que passam apressados e buzinam.
Eu também, as vezes, apressada, faço o mesmo!
 

Ontem, aqui, na vida real, nós refizemos, numa trabalheira louca o jardim em volta do meu ipê - roxo, que estava quase morrendo. 
Chamamos um agrônomo do Horto Municipal e ele nos orientou. 
Eu não tenho força para arrancar com a enxada a menor das plantas, mas tive que ajudar. 
Meu marido fez a parte pior. 
Acabamos com um formigueiro que se escondia embaixo de minhas lindas plantinhas. 
Sorrateiras, as indesejáveis criaturinhas, devoravam o casco e intentavam matar a raiz, 
enquanto, embevecidos, olhávamos a beleza do jardim.
E nós fizemos um amplo jardim à sua volta, cheio de plantas pequenas e lindas;
que, infelizmente e inocentes, nos tampavam a visão da base do tronco.
Fiquei com o pouco que fiz, replantando algumas, 

cortando com dó pezinhos de pingo de ouro que modelei tão lindas, 
Ai de mim, a jardineira, meu corpo doía muito depois;
eu ainda não estou curada.
Tenho tanta coisa a fazer.
Meu Deus, é preciso parar um pouquinho deste adorável mundo virtual 

que de tanto afeto e informação nos traz tantas alegrias.
 

É preciso olhar mais meu jardim!
O exterior que eu plantei;
o interior, que minha alma cultiva 
há quanto tempo,
desse, eu não sei!
Da alma temos sensações que nos dão os sinais, 
mas nem sempre captamos bem as mensagens.

Ficar nas duas imagens, com cautela,
sem me descuidar de tantas coisas que preciso fazer.
É preciso dar mais 

Bom Dia à vida 
enquanto a vida existe em mim!

Quanto ao meu jardim, à cura do meu ipê -roxo paixão, está dando certo!
De triste, perdendo a sua nobre altivez, já nos sorri em novas folhagens.
Como que se nos dissesse:
 - Obrigada! 
A nossa Mata Atlântica agradece, jardineiros meus!

A lição que assimilei foi que:

Não devemos enfeitar demais, em excesso que que já é belo por natureza. 
Que nunca se sufoca a raiz de nada nesta vida.
A chave está em procurar a raiz de todos os nossos problemas.
Expô-la ao sol da Terra de Gaia.
Estar atenta aos parasitos que se escondem no solo obscuros.
Expô-los -  os problemas - não mascará-los, 
ir ao mais profundo e curar as feridas 
que pequeninos pensamentos  - parasitas vão maculando,
ferindo nosso caule, 
nosso tronco, 
nosso eu, 
nossa personalidade,
nossa essência.

Minha árvore bela já está primaverando!

E minha alegria está aqui, no mundo real, 
atenta a outros sinais.
É preciso sempre viajar na vida 
discernindo o que nos faz bem e 
afastando de nós
aquilo que nos faz mal
e que não é necessário vivenciar!
Eu, na primavera , sempre hei de primaverar!
Em cada ciclo, em cada estação,
renovar-se em calma e refletida ação,
viver com os cuidados 
cada nova experiência
que surge nos caminhos.
Convictos que só o amor nos dá força e energia.

Maria Izabel Viégas

5 comentários:

Rodri Nuñez disse...

Sensacional esta crônica reflexiva

Maria Izabel Viegas disse...

Obrigada, meu filho querido, tua opinião é para mim uma honra.
Beijos, amado meu!

Clara Lúcia disse...

Que lindo!
Que seu jardim fique sempre florido, com mil cores a alegrar sua vida real.
Tô precisando fazer isso, mainha, cuidar mais das minhas coisas reais, desapegar um pouco mais, mas sem abandonar, claro, os queridos virtuais que tantas alegrias nos dão.
Feliz por vc!

Beijos

Lúcia Soares disse...

Lindo texto. Suas reflexões sempre levam a outras. As mesmas dúvidas, certezas, esperanças, desilusões povoam minha mente. Somos mulheres que pensam, Maria Izabel, que questionam, que pelo menos fazem a sua parte, para que o todo seja um dia melhor.
Lindo demais, merece ser lido e relido!
Beijo.

Mara Lucia Bechara disse...

Estamos vivendo 2 mundos que se abriram aos nossos olhos primeiramente como ficção,depois percebemos que podemos participar dele.E aí entram os conflitos,ficar tanto tempo presos ao pc ,ao celular,ao face ao blog e a vida real também nos chama,curtir nossa família,amigos, árvores,plantas, casas....0s mais novos não vivem esse impasse ,minha neta de 5 anos já pediu um ipad....Mas com bom senso vamos administrando as "modernidades" e a vida real...linda crônica.
Bjs minha querida amiga