Cansaço

Deito-me
e sobre mim
deita-se todo
o cansaço do mundo;
cansa-me o mundo
descansa-me
imaginar-se aqui
escondido
num pedaço pequeno de nada
sem olhar
pessoas
humanos
pesam-me
seus pensamentos
ferem meus olhos
suas ideias
flechas afiadas
ferem minha paz.
Farta de ti..
Farto-me
com tuas ausências.
Pacifico-me
na falta de ti.
nem sei se existem
gentes
vejo passarem
vultos fora
da vida
que preservo
Insisto
em descer
mais fundo
mais adentro
visceralmente
há quieto
aquieto
Sustento
há alimento
farto e forte
no ventre de mim.
Por agora
nutro-me
da essência de minha dor
da doçura de meu amor
do azedume do meu amargor.
Quero estar só.
a solidão é só minha
não divido
contigo
convosco
com todos
os seres desprazeres.
Sejam felizes.
Eu sou
Estou
até quando?
daqui a instantes
ad eternum
até amanhã
de manhã
dia aberto ao sol?
se o sol vier...
talvez volte.
mergulho-me
em adeus
ou até já.
já esqueça de mim
nunca esqueça de mim
faça o que quiser
não me importo.
quem sem importa?
por agora importa-me ser minha solidão.

Maria Izabel Viégas