Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Como escolho meus amigos


"Loucos e Santos"

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não me interessam os bons de espírito nem os maus de hábito.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho os meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim, metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde

Vivemos junto das pessoas que nos afinizamos.
E será que temos acurada percepção na tanto idealizada descoberta dos nossos "afins"?
Que qualidade nos é agradável e que pecado nunca será permitido?
Saímos a lançar setas para todos os lados, sempre contando com o fator sorte.
Uns buscam as qualidades que lhes falta nos amigos,
outros alegam falta de opções - a solidão dói,
uma grande maioria porque não aprendeu a se conhecer,
não é sincera consigo mesma, quer viver de aparências.
Aquela pessoa nos dá o status que não alcançamos por si só.

Eis alguns dos porquês de tantas decepções nos relacionamentos.
A lista é vasta, cada qual com seus motivos e razões, conscientes ou inconscientes, a meu ver, é mais perigoso. Um pode ser astúcia; outro, futura doença.

Algumas pessoas nos procuram entristecidos com aqueles que os rodeiam.

Existem pessoas que não podemos tirar de nossas vidas.
Vieram no "pacote" nesta viagem.
Pais e filhos - há que se saber ter jogo de cintura, paciência e amor - , parentes, vizinhos ( há possibilidades de brecagem ou convivência educada ou não, pode-se até mudar de residência, colocar fones de ouvido, etecetera ;))
Mas, nada nos amarra a pessoas desagradáveis, que nos sufocam.
Viver civilizadamente não significa seguir o caminho das tormentas.

Sinto em alguns um prazer em ser vítima lamuriosa do destino,

sendo que foi exatamente eles que aceitaram os jugos a que se submeteram.
Conheço os "tipo atração fatal",
aqueles que vão como mariposas "atraídos
para a chama que as queimará", e a morte, a infelicidade é certa.
A culpa será sempre do outro.
Mas quem pode mudar, estabelecer os rumos de nossa vida, somos nós mesmos.
Fácil culpar outrem, difícil enxergar quem somos, qualidades e defeitos.
Somos nós, por não conhecer quem somos na realidade,
que determinamos companhias prazerosas ou não.
Cedo na vida começamos a efetuar escolhas movidas pela necessidade de convívio social.
Estamos aprendendo ainda, muitas influências externas até que nos "libertemos" gradativamente pelo auto-conhecimento.

"Tenho amigos para saber quem sou"-

'eu' julgo perfeita esta assertiva.


Sim, é através do outro que vamos aprendendo como

agimos e re-agimos às atitudes das pessoas.
É através do meu interlocutor que descobro minha potencialidade do ser.
Ninguém consegue viver sozinho e ser a pessoa mais feliz do mundo.
Bem, não conheço nenhum eremita, falo pelo que sei e sou.

Este texto de Wilde me toca
pela sua extrema sinceridade e transparência.
Expõe aqui sua persona.
Se ele será o nosso amigo mais perfeito?
Bem, cada um sabe de si...

Palavras são para nos levar a refletir.

Uma verdade lhes confesso:

Prefiro escolher meus amigos pela cara exposta e pela alma lavada.


É complicado, mas uma viagem - aventura minha só minha - em que o timoneiro sou eu!

Mas isso aprendi depois de muitas derrapagens pelos caminhos...

sábado, 7 de maio de 2011

Mãe... para sempre


"Para Sempre"

"Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho."

Carlos Drummond de Andrade


*** pintura de Almada Negreiros

Nascer e renascer


E, então, da dor que levei daqui na última viagem,
senti no etéreo a paz misto a um espanto por tanto amor.
Necessário voltar...
necessário ouvir o chamado,
que fez brotar o êxtase,
a vontade de renascer.
Havia a sede de viver de novo!
E a vida futura, o que seria a vida?
O acordar ou a a morte do meu sonho.
Voltar do infinito....
que minha alma ainda teimosa, sôfrega,
não queria abandonar!
O medo.
O que me esperaria aqui,
que sorrisos e lágrimas me esperariam?
Seriam justos, na medida certa dos meus delitos praticados?
E eu, me esqueceria dos desafetos,
os perdoaria, os amaria?
E eu, alma sofrida , saberia usar razão e coração,
disciplina e amor na dosagem adequada e certa?
E eu, alma errante, me amaria como nunca me amei outrora?
E eu, espírito livre, saberia me conformar com as algemas do corpo?
Com sabedoria, me libertaria das paixões antigas?
Saberia encontrar a vida de cabeça erguida,
pronta para reatar os múltiplos pedaços do meu ser eterno?
Até hoje não sei se consegui ainda caminhar sozinha.
Se sou eu, ou é um anjo que me ampara quando caminho.
Encontrei amores, mas sempre
há a vaga sensação do não vivido.
Amar, amei e amo agora.
Sinto, com certa angústia, que não é ainda,
o tanto amor
que vim para dar,
o amor mais que o amor.
Falta um pedaço de mim a despertar.
Que parte é essa, que não consigo desvelar?
Está visceralmente oculta,
num ponto cego,
no mais profundo do meu ser.

Espero tanto descobrir enquanto é tempo...
eu não quero trilhar de novo o mesmo caminho.
Preciso te encontrar,
pedaço errante de mim,
sombra que me acompanha
num não sei onde.
Eu preciso...
enquanto é tempo.
É o tempo,
eu sei,
preciso tanto,
mas eu não sei,
ainda tenho medo
do que me esperará
quando eu voltar,
se ainda haverá
um lugar para mim
no infinito.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Quem vem à frente: você ou sua sombra?


Falamos muito acerca do "sentir".
Um verbo, que nunca deveria sê-lo,
pois sentir é mais que uma palavra,
maior é que um verbo-ação.
Sentir é ir no fundo de nós mesmos,
É um salto quântico à nossa maior vibração-luz,
E no mesmo tempo-espaço,
um profundo mergulho às tramas da maior dor.
Sentir é O Ser e O Não Ser.
É ir ao encontro do que ansiamos tanto
E voltar, a procurar em nós as respostas
que nosso verbo não decodifica,
nem explica...nem simplifica.
E como "sentimos" quando choramos
num momemto de perda ou desalento.
E como "sentimos" quando plenos do mais sublime amor,
sorrimos, celebrando a vida!
Sentir é Vida e Morte.
E vida é um estado de sonho.
E a morte é apenas o sono do ser.
Viagens fazemos todos os dias
do nascer ao renascer para a Vida.
Buscando entender como lidar
Com o lado sombra de nosso coração.
Eterna celebração da Vida,
o Ir e Vir.
A sombra existe pois que acompanha a luz.
E num movimento mágico do viver,
a Luz Divina, vitoriosa, dissipa a sombra
que em alguns dias carregamos em nós!
Fica aqui uma dúvida:
quem anda à minha frente,
junto à imagem que projeto e julgo ser?
Eu ou ela, a sombra que se esconde em mim?
E que vem primeiro a ofuscar toda a beleza
do que eu posso e devo ter e ser!
Aceitar e compreender a sombra em nós,
não permitindo que ela nos comande nesta caminhada,
é um duro exercício, uma corajosa luta entre opostos,,
que são unos e não dual.
Só com a ajuda da nossa consciência,
despertando para uma nova visão,
onde usemos mais nossas sensações,
usar os olhos da alma, quem sabe,
respeitando aquela parte de nós,
que desvelada,
não mais nos sufocará,
será mais que medo e segredo,
será nossa libertação:
ser completo,
ser mais pleno,
ser feliz.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Em Busca dos Portais da Alma



Vou seguindo sempre os caminhos do coração.
Não são fáceis as experiências neste mundo da matéria, onde o ceticismo, o pragmatismo ainda é a tônica embrenhar-se nesta linda aventura.
Sofrimentos, decepções, injustiças serão obstáculos.
Há contudo algo de especial nas almas que retornaram com clara noção e intenção de mudar os rumos das suas histórias:
o comprometimento com o Bem, com a Justiça.

Trazemos lembranças vivas na mente inconsciente,
que a cada tormento, imediatamente, aciona o coração,
que é o portal da alma.
Somos sim, todos aqueles que vivem entre os dois mundos,
seres compromissados em dar exemplos.
Não exemplos espetaculosos...
mas exemplos de abnegação, de transmutação.
A cada dia ... novos testes.
Novas esperanças de que há muito o que fazer em nós,
mudar sempre...
Tomar novos rumos , quando obstáculos nos ferirem.
E criar hábitos diários.
Relembrar a cada raio de sol que nos atinge :
que somos feitos da mesma matéria que o Universo.
E que estamos na senda...
caindo e levantando... sempre.
Pois, segundo o apóstolo Paulo,
somos deuses.
E assim o seremos!
com a humildade divina das estrelas,
que brilham sem se incomodar com as suas vizinhas..
Só a encantar ao Cosmos
e alimentar de luz ...
aqueles mortais que já conseguem enxergá-las,
não só olhá-las vagamente ou cantá-las em prosa e versos ,
sem senti-las com profunda devoção.
Há coerência no Universo Sagrado.