Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E Nasrudin ensina ... com o nada que é tudo.

O SERMÃO DE NASRUDIN

"Certo dia, os moradores do vilarejo quiseram pregar uma peça em Nasrudin. Já que era considerado uma espécie meio indefinível de homem santo, pediram-lhe para fazer um sermão na mesquita.
Ele concordou.

Chegado o tal dia, Nasrudin subiu ao púlpito e falou:


"Ó fiéis! Sabem o que vou lhes dizer?"


"Não, não sabemos", responderam em uníssono.


"Enquanto não saibam, não poderei falar nada. Gente muito ignorante, isto é o que vocês são. Assim não dá para começarmos o que quer que seja", disse o Mullá, profundamente indignado por aquele povo ignorante fazê-lo perder seu tempo.


Desceu do púlpito e foi para casa.


Um tanto vexados, seguiram em comissão para, mais uma vez, pedir a Nasrudin fazer um sermão na Sexta-feira seguinte, dia de oração.


Nasrudin começou a pregação com a mesma pergunta de antes.


Desta vez, a congregação respondeu numa única voz:


"Sim, sabemos."


"Neste caso", disse o Mullá, "não há porque prendê-los aqui por mais tempo. Podem ir embora".

E voltou para casa.


Por fim, conseguiram persuadi-lo a realizar o sermão da Sexta-feira seguinte, que começou com a mesma pergunta de antes.


"Sabem ou não sabem?"


A congregação estava preparada.


"Alguns sabem, outros não."


"Excelente", disse Nasrudin, "então, aqueles que sabem transmitam seus conhecimentos para àqueles que não sabem".


E foi para casa."


( Fonte: Livro "Histórias de Nasrudin" - edição Dervish)



E como é difícil para nós, ocidentais, entendermos estas mensagens.... educados desde pequenos a falar e muito. Inicialmente recebemos estímulos que desenvolvam nossas percepções visuais , auditivas e táteis, conduzindo a um melhor desenvolvimento intelectual; pricipalmente, nas fases da pré-infância.
Tão logo as crianças aprendem a ler e distinguir os sons. a ler... cortamos todas as atividades que as cerquem de beleza; deixam de olhar as flores mais belas, brincar livres, o lúdico em segundo plano.
Já começam a ser adestradas, preparadas para um ensino competitivo.
São reeducadas a não mais olhar para as mais importantes e mais simples coisas que trarão de volta a pureza, a sensibilidade que trouxeram na sua bagagem a estas terras chegarem.

E quanto a nós, adultos, mal alguém responde à uma pergunta nossa, mal refletimos sobre a resposta; já está na ponta da língua , outra e mais outra pergunta. e nos sentimos o quanto somos "espertos" .

Cada vez mais intento refletir sobre o que me falam. venho há muito me treinando a simplesmente - ouvir. E captar a mensagem proferida, sem a intervenção da minha idéia pré-concebida.
A palavra é do outro, não minha. Escutar é sinal de respeito.
Em tribos indigenas norte-americanos há a tradição da passagem do bastão.Todos esperam, não interrompem... a voz e vez é do portador do bastão; este passará de mão em mão.
É... bem que podíamos copiá-los neste cerimonial.

Há muito que aprender... hoje sei que é mais pelo silêncio, pela observação do que nos rodeia, das energias que captamos que chegaremos a atingir um grau maior de compreensão e evolução espiritual.


Ouvi há algum tempo de um companheiro num grupo de estudo, ao responder a dúvidas de outro
que "aquilo que estava sendo discutido não era a doutrina, pois que a doutrina diz "X" , e que tivéssemos uma "certa" condescendência, pois tudo eram conceitos de "seitas" , de pessoas que seguem o Budismo, o Hinduismo.
Infelizmente, meu pobre "eu inferior" não se conteve, toquei-lhe com a mão suavemente e perguntei bem baixinho : Budismo e Hinduismo são seitas?
Mais de três, cinco mil anos A.C ... "seitas"?


Pensar...refletir...ponderar...agir... respeitar!

Onde está a Verdade, quem é o portador da Verdade?
E se é o portador, já é um emissário... não é a Verdade.

Devemos ao perguntar, analisar o que quer saber realmente;
Interessante, muitas vezes, temos já as respostas em nós , perguntamos como infantes...
muitas vezes, só para re- alimentar o nosso ego.
Urge ir domesticando o leão que ruge ao sermos contrariados...
ao confrontarmo-nos com uma opinião contrária à nossa.


"Ó Derviche, quando aprenderei pelo silêncio a Sabedoria das Palavras, o Verbo Sagrado?
Quando e o quanto terei de penar na cegueira que eu mesma me impus?

Até quando terei que sofrer dores e desilusões?
Senão serei sempre como os "espertos tolos" da congregação de Nasrudin."

Tenho compreendido muito mais...deixando-me entregue ao nada.

Nestes momentos me invade uma felicidade e paz,
e uma compreensão do todo... pelo não dito.

"Sinto" as energias...

e é como se todo meu ser fosse conduzido para além,
fora dos limites do tempo, do espaço...
caminhando para outras dimensões!

Minha alma clama e me aconselha: escuta o não ser... sendo.

"Somos ainda crianças a querer a Resposta, esquecendo que o mais importante é a Pergunta."

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A visão do alto da montanha


Amo as montanhas...
isso me acompanha, creio eu nesta vida, desde que me conheço por gente.
Desde pequena- menina até hoje , sempre morei em locais onde à minha frente lá estavam elas. Lindas e majestosas.


Uma vez perguntei às minhas amiguinhas de infância se elas já tinham visto aquela montanha azul.
Todas me responderam:

- Que montanha, falas daquele morro ali!

Morro, como assim!? - pensei eu-menina , elas vêem morros e eu montanhas!


Ah! é que faltam às aulas , não vão à escola - pensava eu.
Deve ser por isso, minha mente - criança encontrou a sua resposta para tal ofensa à minha montanha . Pura heresia- diria se fosse agora. Bem...esqueci.

Crescemos, nos separamos... não éramos iguais em nada, só nos desejos de folguedos e canções de roda.
Agora, vejo que aquela eu-menina tinha outra memória.

Um dia , bem mais tarde quando as vi, reforçou esta minha análise: elas cresceram em tamanho mas não aprenderam a olhar para o Alto, tão presas estavam às coisas da terra.
E eu, tão louca a procurar os caminhos da montanha.... eram elas presas, talvez quem sabe, pela lei da gravidade?
Ora, afinal, que importava... eu não sabia a resposta, só a pergunta.
Entretanto, num misto de pena e de alegria...
agradeci a Deus de não ser como elas; egoísmo juvenil meu...


Será que existe em nós uma força maior que nos permite levitar, ser mais leve e como o ar , conseguir se tornar brisa, vento, até mesmo furacões, ciclones?

Sinto agora que essa energia veio marcada em nossa alma à procura dos nossos semelhantes - os seres- alados - que conseguiram trazer escondido n'alma a chave de romper espaços; religarem-se às outras dimensões, enganar a lei da gravidade.
Subir...
Elevar seus corpos mesmo estando aqui , fisicamente, andando nestes vales mas ... olhos fixos nas montanhas.

Hoje para cada lado que me volto nesta cidade encontro-me com elas: dependendo da distância- compreensão de mim e da vida- entre nós ...
vão mudando de cor e tons: do verde intenso ao mais claro tom de azul.


E é assim que me vejo nesta roda de nossas encarnações.
E mais ... como entendo qual o grau de evolução que numa só vida - a de agora - adquirimos.
A cada encarnação descortinamos novos horizontes.
E a cada mudança vibracional que se processa em nós , ampliamos nossa visão.

Nossa vida atual está no vale. cercados pelo nosso cotidiano, nossas casas- nossa matéria, corpo físico.

Quando estamos no meio das lutas, dos impasses, vivendo no meio dos vales, a nossa mente consciente, aqui encarnada neste corpo - matéria que conhecemos, não consegue captar o nosso Deus Interior, nem comomo dizem alguns, a sua cruz.
Revoltamo-nos justamente porque esquecemo
preender os desígnios do nosso Pai.
É um vale de lágrimas, onde relutamos em cumprir aquilo que viemos realizar.

Cada um de nós tem a sua estrada e, c
s tudo que traçamos junto aos Mestres.
Nós mesmos traçamos nossa jornada.
E só nos foi permitido carregar o peso justo que precisávamos para nosso despertar.


Muitos falam , indo contra ao trabalho feito na Terapia de Vidas Passadas pois foi dito que esquecer é a lei.
Desconhecem que a TVP é um trabalho terapêutico onde buscamos relembrar "algumas vidas"...
só recordamos as vidas que tem relação com as dores e doenças psicossomáticas que nos f
azem sofrer na carne.

Por tanto sofrer as mesmas experiências traumáticas e não conseguirmos dar novo rumo.

Ou por estarmos enfraquecidos pela inexperiência ou a dor é mais forte que supunhamos suportar ... marcamos nódoas, abrimos "nós" que permaneciam fechados em nosso corpo perispiritual .
Começamos aí a nos lesar de dentro para fora... e já passam a surtir os efeitos no corpo físico.


Os que alegam que o esquecimento é necessário, concordo: assim o é.
Claro se faz mister ao nascermos e iniciarmos a nossa vida!
Como nascer lembrando de tudo que já fomos, como lidar com nossos desafetos do passado, como receber no ventre quem nos fez mal em outra vida?

Nem nasceríamos. Seria como nunca dormir...viver sempre acordados, sem o sono reparador.

Tal é a Lei do Amor, dá-nos o esquecer para melhor usar o nosso poder de fazer nossas próprias escolhas - o livre arbítrio.

Afinal, quem sairá vencedor é o guerreiro, herói de sua própria vida!


Carregamos em nós os personagens que vivemos desde os inícios dos tempos e guardamos em nós todas as lembranças.
Somatórios de muitas vidas... divino!
Temos em nós a sabedoria dos Viajores no Tempo.
Nossa Consciência Superior tudo sabe. Ela é atemporal:
passado - presente - futuro - tudo nossa Alma o sabe.
E a tudo compreende.
Ela é o Topo da Montanha Sagrada do nosso Ser.
Como chegar ao alto das montanhas... muitos chegam em sonhos, intuições, em iniciações espirituais, mas, principalmente quando conseguimos nos Amar .

Quem se ama , não se deprecia, não se fere tanto, não comete tantos erros contra si mesmo.

Alguns nasceram, como disse, com a chave dos portais, são benesses de Sabedoria e Luz.
Conseguem, mesmo aqui no vale, chegar ao topo mais alto e olhar para baixo,
antevendo as curvas do caminho e , passando por elas ...com a alma fortalecida.

Já observaram lá do alto a visão que aqui não temos temos imersos no vale ...
E como aqueles caminhos difíceis, em que escalamos pedras, machucando nossos pés descalços... num repente, parecem tão pequenos; são riscos - traços - linhas na paisagem do vale.
E lá estamos nós ... visão mais ampla e
Compreensão e respeito pela Obra Divina.
E nós somos uma das mais belas obras divinas.

Que aprendamos a entender os altos e baixos da vida:
São os vales e o alto das montanhas.

Que nos respeitemos mais, nos amemos.
Quem ama a si , pode melhor distribuir o Amor mais belo e puro por toda a humanidade.
E quem se autoconhece ultrapassa com mais facilidade os desafios.

Ele torna-se o Senhor de seu Destino!

Sua visão se amplifica...
e a cada final de uma História, mais despertos estaremos.

Como é belo lá do Alto, juntar-se aos Mestres e enxergar com a visão clara e límpida que a sabedoria nos outorga as pequenas e grandes vitórias, os embates vencidos por nós!
Viver a excelsa beleza das Dimensões mais elevadas.
E indo sempre ao encontro à mais azulada, clara e alta Montanha!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Que nenhuma agressão exterior te perturbe,
levando-te à irritação,

ao desequilíbrio.
Mantém-te sereno
em todas as realizações.
A tua paz é a moeda
arduamente conquistada,
que não deves atirar fora

por motivos irrelevantes.
Os tesouros reais, de alto valor,

são aqueles de ordem íntima,
que ninguém toma, jamais se perdem

e sempre seguem com a pessoa."


Joanna De Ângelis

sábado, 13 de junho de 2009

O Eu é o mestre do Eu.
Que outro mestre poderia existir?
Tudo existe - é um dos extremos.
Nada existe - é o outro extremo.
Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos,
e seguir o caminho do meio.
(Buda)
Um velho índio descreveu certa vez seus conflitos internos:
- dentro de mim existem dois cães, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre brigando.
Quando, então, lhe perguntaram qual dos dois cães ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:
- Aquele que eu alimentar.