Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sem sentido, vem!


Sem Sentido, Vem!

Irmão, não tema
a noite só está lá
do lado de fora.
aqui,
estamos protegidos
somos
temos corpo e forma,
força nas entranhas

Irmão, não se assuste
com a escura visão
há medo
há coragem
de enfrentar o medo
do nada
que não se sabe
onde se esconde
se nem branco aparece
o negro não aconteceu
nem cinza em tons.
há apenas nossa energia
que perambula
a espera do acontecer da aurora.

Irmão, não duvide
a vida é feita de cores
multicor é a atmosfera
em que estamos mergulhados
embora nada seja ainda vísivel
só a noção do improvável
vezes nos sufoque
uma luta estranha
entre  luz e sombra
sempre existiu
e existirá
no universo
em que nascemos;
assim foi e será.
quem comanda os começos
meios e fins
recomeços
é o impronunciável
deus dos viventes
que acreditam
deus dos que temem
deus dos que não se acovardam.
somos feitos
folhas de matéria
transparente
translúcida
sopradas
ao vento
olha bem fixo
o ponto à frente.
chegando
energia pura
etérea
livre
resplandecente
sol da manhã
retorna
tua alma
à vida
dorme pro sono
volta
canta
a alegria
passarinha
realiza
o sonho
da vida
bela é a vida.
Irmão, não tema,
vai
vem
rodopiando
dança
na espiral
sagrada
vida
luz!

- Maria Izabel Viégas -





terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Oração de meu coração


Minha oração
Preciso nunca me esquecer

Que minha vida é digna de ser
plenamente vivida em liberdade.

Que meu pensamento
é uma centelha de luz.
Que penetre onde a escuridão
do não saber exista,
levando a palavra que edifica.

Que nunca eu permita que me dominem.
Que eu seja inocente e sábio.
Que eu seja guerreiro e o mais doce guia.
Que a minha voz seja ouvida
e ecoe pelos caminhos...
e que seja uma mensagem de paz!


- Maria Izabel Nuñez Viégas -



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Por favor, escuta o que eu falo!





"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. 
Em silêncio. 
Sem dar conselhos. 
Sem que digam:  "Se eu fosse você…"
A gente ama não é a pessoa que fala bonito. 
É a pessoa que escuta bonito. 
A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. 
É na escuta que o amor começa. 
E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros. 
Aprendi prestando atenção. 
Todos reunidos alegremente no restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre. 
Na cabeceira, a avó, com sua cabeça branca. 
Silenciosa. 
Como se não existisse. 
Não é por não ter o que dizer que não falava. 
Não falava por não ter quem quisesse ouvir. 
O silêncio dos velhos. 
No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem da dor das repressões sexuais. 
Aprendi que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. 
Não pedem para ser curadas de alguma doença. 
Pedem para ser escutadas. 
Querem a cura para a dor da solidão"...

autor: Rubem Alves
em “Se Eu Fosse Você” 
do livro "O Amor Que Ascende a Lua"

  Ouça o que te falo!

Vivemos num mundo onde o importante é a comunicação.
Precisamos exercitar o ser conciso, "twita-se",
exige-se que tudo se explique  em cento e quarenta palavras. 
Queremos frases curtas.
As redes sociais que tanto incentivam o diálogo,
 a amizade entre o maior número de pessoas deve ser vapt- vupt.
Nada de frases longas.
Mas como vou te contar da minha dor com duas frases sucintas?

Num díspare contra- senso,  
exigimos bons oradores, 
a excelência na perfeição
da palavra falada e escrita.
Como? 
Se somos infinitamente falhos em escutar o outro.
Estamos cercados de gente que só ouve a própria voz.
A voz do outro renasce na troca como o eco do ego da pessoa que falou.

Tentam,
como são espertas as pessoas, 
ler nas entrelinhas.
Não existem entrelinhas.
Elas morreram sufocadas pelo teu egóico pensar.
Existem interpretações do que tu querias que fosse dito.
Escuta, eu te peço:
nas minhas entrelinhas
há um pedido de socorro.
Preciso que me escutes.
Preciso que me ames.
Preciso te amar muito!

Ouça o que eu te falo...

-Maria Izabel Viégas

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Louvor aos nossos ancestrais





Hoje acordei de um sonho no qual eu não era este corpo,
era uma sutil energia agregada aos meus que já se foram...
sonho - realidade em que nos abraçávamos e nada dizíamos,
a linguagem fluía de coração a coração,
sensação de aconchego.
nas brumas, encantada,  vi meus pais, meu irmão, meus avós.
Estranho mundo dos sonhos,
nunca conseguimos trazer a real imagem.
Só um misto de bem-estar e alegria
e uma estranha sensação - saudade.
Porque ao abrir os olhos
já era eu,
a pessoa encarnada deste lado,
que mora noutra dimensão
e que ainda hoje,
após tanto tempo,
ainda verte furtiva lágrima.

E senti forte apelo das lembranças
dos tempos em que praticávamos,
num ato de reverência bela,
o culto aos nossos ancestrais.
Não havia nos primórdios da vida terrena
esse divisor de águas entre os dois mundos.

Não visitávamos túmulos onde só dor é manifesta.
E sim, como todos os povos antigos, orientais, indígenas,
quedávamos a ouvir-lhes
as vozes que ecoam na brisa
senti-los nas árvores que cantam,
aquecendo o coração
no Fogo Sagrado
que clareia nossa visão.

Nossos ancestrais são parte de nosso corpo,
estão impregnados nas nossas células,
é só sentir...

De onde vem esse murmúrio de carinho-palavra que nos chega à nossa mente, dizendo:
- Filho, filha... te amo!
- Pai, mãe... estou aqui!
E aquele roçar, ósculo suave, que nos afaga a fronte?
Aquela sensação de alegria, não de dor, que nos invade quando os reverenciamos em prece?
Estarão eles reencarnados?
Sim, pode ser.
É a Lei!
Mas nunca ficamos desligados da nossa essência sagrada,
da nossa história de amor que viaja através do tempo.
E, de repente, somos nós um uno,
Somos nossos ancestrais em vida luz!
Amo, avós de minh'alma!
Amo, mãe e pai de minha vida!
Amo, irmão companheiro!

Amo a todos os meus eus
que já morreram
e renasceram em mim!!!!

Estamos sempre a ir e vir,
trocando vestes carnais
por outras mais sutis...
nascer e renascer!!!

Amo esta vida
que nos eterniza
na alma de nossos filhos,
de nossos netos.

Constantes renasceres,
vibrantes ciclos de evolução.
Nm continuum...
tornamo-nos em ancestrais de novas gerações,
seguindo o fluxo de vidas renascidas.

Amo-te, ó Senhor Deus,
sublime Arquiteto do Universo
por nos dar a oportunidade
de crer na beleza do amor
que transpõe todas as barreiras,
de tempo e espaço!

Estamos num círculo sagrado
a conversar com nossos mortos-ancestrais;
 que tenhamos a humildade,
o respeitode passarmos,
mão em mão,
respeitosamente,
o Bastão da Palavra
dos irmãos indígenas,
esperando o nosso momento de falar,
escutando cada palavra emitida.
Que aprendamos a voltar no tempo
em que ouvíamos as vozes dos anciões,
seguíamos seus conselhos.

Amo-te, Lótus Sagrada da pureza e amor
Amo-te, fonte de amor - criação,
águas puras e cristalinas,
das nascentes dos rios,
que correm nas veias do nosso planeta,
nas veias- células- vida do nosso corpo,
nas veias luminosas da nossa alma universal.

Amo-te Vida que vive além da Vida!!!

Maria Izabel Viégas

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O barco da minha viagem


Ao renascer
vim navegando
nos mares do inconsciente
no meu barco.
Transcendental
transporte
de ida e volta,
na viagem da vida.
Ninguém o percebeu
quando aqui aportei
nem eu me dei conta
de que lá ele está
a me esperar,
pacientemente ancorado
em algum ponto
invisível aos olhos
até mesmo, aos meus olhos;
à medida em que fui
conscientizando-me
das coisas da alma,
sentindo-o cada vez
mais em mim.
Veio acoplado ao meu corpo
é meu corpo!
é meu perispírito,
meu corpo astral,
é minha alma manifesta
nas profundezas,
na plenitude éterea
do meu ser.
Certo dia,
num lampejo,
em meditação,
desvelou-se a mim.
Ligeira e clara visão,
primeira e a única
que me foi permitida.
Parece que só o vemos uma só vez;
parece que no exato instante
em que realmente
pelos mistérios da fé
acreditamos
na magnitude
da vida eterna.
Não mais o vejo
Apenas o sinto,
envolto em névoas,
puro êxtase.
Ancorado sobre alvas pedras,
tranquilo, paciente,
a me esperar...
Quando nasci havia um sol de amanhecer,
foi o que eu soube...
Depois e por toda esta vida do agora
quem reina é um sol poente de beleza divinal.
A vida é como a passagem de um rio,
ora ventos fortes,
ora brisas amenizantes e frescas;
vezes águas límpidas e calmas;
vezes águas turvas e agitadas.
É o meu ser quem decide
se meu barco
será molestado pelas intempéries,
é meu livre-arbítrio
quem decidirá calmarias ou tempestades,
minha alma perene é quem sabe meu destino,
meu coração comanda a decisão de navegar,
o tempo da ancoragem é meu governo.
O comandante desta nave é Deus, eu o sei!
O navegante sou eu...
A mim e de mim depende o quando
ele me transportará...
Enquanto estiver eu a nadar nas águas do rio,
meu barco estará lá
sempre plácido...
No final, quando a viagem deste lado terminar
Já estarei navegando,
amparada, acolhida com amor
pelo barco da existência
rumo ao mar da eternidade.
Ouço na voz do vento:
Não se preocupe,
apenas viva, ama e confia,
siga o seu coração...
siga o seu coração...
confia, ama e viva!

Maria Izabel Viégas

* desconheço o autor da imagem, se o souberem,
por favor, me avisem, para colocar aqui seus créditos.