Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

segunda-feira, 17 de março de 2014

Silencio-me no meu silêncio

             O que se é vem à flor?                  

 "Não, não digas nada" 
Fernando Pessoa
"Melhor seria não dizer-te nada
já que as palavras se frustram, Pessoa
- ai! onde as pás sutis e as virgens lavras
do ver de terna fala entre as criaturas?
Já que as palavras nos frustram, pessoas
perdidas no universo das palavras
- ai tempos de durames sem ternuras! -
melhor seria não dizer-te nada.
Calo. Do teu silêncio aflora a fala
desse verde essencial – cerne, mensagem,
viva raiz-mistério da linguagem.
Na força de não ter dito o que mais cala."
  - Stella Leonardos -




 E eu, escuto os poetas e me calo.
Silencio-me no silêncio.
Pois que as palavras me cansam 
e tornam-se roucas
ocas de tanto vazio.
Adentram, 
não saem.
Os pensamentos me pedem:
- Guarda-nos!
- Oculta-nos!
E o coração, este, se entristece 
pois ele tem tanto a dizer.
Como, se a voz se cala e o pensar não obedece?
Pobrezinho pulsante amigo, 
anda sofrendo de um mal estranho.
Uma vontade de sair do peito 
e voar até onde ninguém mais o conheça.
Quem sabe num mundo distante 
onde corações se falem sem nada a dizer.
E que se amem apesar de todos os pensares.

Maria Izabel Viégas

3 comentários:

Marli Soares Borges disse...

Ah, minha linda, esse é o sonho de todos nós. Também eu queria voar para esse mundo distante, telepático, transcendental... e ficar ali, sem palavras, pois que não são necessárias. Amei o poema. Bjs Marli

Lúcia Soares disse...

Acho que o que me frustra, atualmente, é que as palavras não andam servindo para muita coisa...
Não sou de natureza de calar-me...
Só preciso aprender a falar para quem quer realmente ouvir.
Um lugar, ou pessoas que se cansam das palavras não deve ser nada bom de viver. (coloco aqui aquela carinha risonha do FB. rsrs)
Beijo, Maria Izabel.

Beth/Lilás disse...

Bom dia, querida Bel!
Não sei dizer qual das duas poesias é a mais linda, adorei as duas!
Pois é, nosso mundo atual é de muitas palavras e pouca ação, talvez tenhamos que seguir os ensinamentos orientais, onde o pouco é mais e diz muito. Meu último post que fala de uma cultura milenar, a dos samurais, diz um pouco disso e, quem sabe não é por aí?!
Dá uma olhadinha no meu blog e você vai entender o que eu falo.
Só sei que tô ficando velha, inclusive este mês vou ficar mais, e já ando cansada de tantas palavras perdidas neste universo humano.
Obrigada pela ótima reflexão e um
mega beijo carioca.