Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Leonardo Boff _em memória aos mortos de Santa Maria



Minh'alma em silêncio entende os penares da dor do mundo.
Meu coração sofre a dor das mães e pais que choram, uno-me a eles.
Minha voz não consegue se soltar...
Não consigo consolar neste momento àquela pessoa que perdeu um filho seu.
Meu silêncio é meu ósculo, meu afeto, meu abraço, meu amor...

Encontro em Leonardo Boff
a palavra que expressa líricamente,
na mais pura expressão da religiosidade,
todo amor e respeito aos jovens
que partiram neste acidente triste acontecido
no Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria.

Fonte: Blogue do teólogo Leonardo Boff _ link aqui :


"Mínima Theologica: em memória dos mortos de Santa Maria"

"Os antigos já diziam:
”vivere navigare est” quer dizer, “viver é fazer uma viagem”, curta para alguns, longa para outros. Toda viagem comporta riscos, temores e esperanças.
Mas o barco é sempre atraído por um porto que o espera lá no outro lado.
Parte o barco mar adentro. Os familiares e amigos da praia acenam e o acompanham.
E ele vai lentamente se distanciando. No começo é bem visível. Mas na medida em que segue seu rumo parece aos olhos cada vez menor. No fim é apenas um ponto.
Um pouco mais e mais um pouco desaparece no horizonte.
Todos dizem: Pronto! Partiu!
Não foi tragado pelo mar.
Ele está lá, embora não seja mais visível.
E segue seu rumo.

O barco não foi feito para ficar ancorado e seguro na praia. Mas para navegar, enfrentar ondas, vencê-las e chegar ao destino.
Os que ficaram na praia não rezam: Senhor, livra-os das ondas perigosas, mas dê-lhe, Senhor, coragem para enfrenta-las e ser mais forte que elas.
O importante é saber que do outro lado há um porto seguro. Ele está sendo esperado. O barco está se aproximando. No começo é apenas um ponto levemente acima do mar. Na medida em que se aproxima é visto cada vez maior. E quando chega, é admirado em toda a sua dimensão.

Os do porto dizem: Pronto! Chegou!
E vão ao encontro do passageiro, o abraçam e o beijam.
E se alegram porque fez uma travessia feliz.
Não perguntam pelos temores que teve nem pelos riscos que quase o afogaram.
O importante é que chegou apesar de todas as aflições.
Chegou ao porto feliz.

Assim é com todos os que morrem. O decisivo não é sob que condições partiram e saíram deste mar da vida, mas como chegaram e o fato de que finalmente chegaram.
E quando chegam, caem, bem-aventurados,
nos braços de Deus-Pai-e-Mãe de infinita bondade para o abraço infinito da paz.
Ele os esperava com saudades, pois são seus filhos e filhas queridos navegando fora de casa.

Tudo passou. Já não precisam mais navegar, enfrentar ondas e vencê-las. Alegram-se por estarem em casa, no Reino da vida sem fim.
E assim viverão para sempre pelos séculos dos séculos."

Autor: Leonardo Boff , em memória dolorida e esperançosa dos jovens mortos em Santa Maria na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013

.


Um comentário:

Bloguinho da Zizi disse...

Minha amadinha!
Só hoje saí do meu silêncio.
Fiz meus 3 dias de luto por todos os que se foram e pelos que estão em sofrimento cá e lá.
Li ontem esse texto e gostei muito. Mas, estamos fora do contexto. Hoje qualquer mãe ou pai ou irmão não entenderiam o que vai nas entrelinhas. Temos que continuar orando por todos até que a saudade renda a dor.

Bom dia amadinha.