Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Somos feitos do pó da terra




Carlos Drummond de Andrade me encanta,
não só por poesias leves, de amor, felicidade plena,
diríamos - "politícamente corretas"-
 por parâmetros
que agora os novos metafísicos
andam a classificar
tudo que lhes soa como "lindinho".
Atualmente quando colocamos no ar uma poesia que fala de descrença,
que contradiz esse novo manual de instruções
que assevera que estamos numa época de transformações,
que o mundo caminha para o Nirvana,
que o homem está em fase de regeneração
em contraponto com as imagens que temos de todos os povos do mundo
- o que diríamos da Síria, tudo bom por lá?
E da África, menos fome?
E aí  ao seu lado, os vizinhos todos num uníssono dão Bom Dia, sequer se olham nos olhos?
E cada um em sua terra. no local onde vivem são amistosos e solícitos?
Ou é mais fácil ser bom virtualmente?

E nas redes sociais, como reagem as pessoas a quem lhes diz o contrário do que acreditam?
Aceitam o diferente?
Ou enviam mensagens para que haja em você uma mudança, que desdiga o que disse, hein?
Ou seja, tenho que falar palavrinhas sempre lindinhas para que eu tenha amigos?
Urge limparmos muitos sótãos,
e nem todos conseguem chegar perto dos seus portais.

E Drummond, onde entra aqui?
Além de ter sido considerado louco com aquela " pedra no meio do caminho",
pois não tinha rima...
Bem, ele fez versos em que falava o que pensava,
falava da realidade que "existia",
não só daquela que queremos inventar!

Eis um poema que adoro:

"Confidências do Itabirano"

"Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isto sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!"

CDA, in "Antologia Poética"

E, então,
diremos que o imortal Drummond com toda aquela alegria,
era um homem triste e orgulhoso, com a alma forjada a ferro?

E agora,
afirmaremos que aquele imenso potencial de amor
era uma vontade que o levava a não trabalhar?

E pois,
que masoquista seria,
se julgado fosse nas inquisições mais nobres
( se é que existem)
pois se divertia com esse hábito de sofrer?

Drummond era poesia pura, corpo e alma.
Deve ser dourada a sua alma,
habita os céus,
com certeza!

Amigos, pensemos mais
sobre nossas conceituações
que são modismos,
que vêm com bulas;
pensemos mais
no ser humano
que está à nossa frente,
que não pensa igual,
e que apesar de descrer
destas 'coisinhas' espirituais...
tem, como eu,
uma incomensurável
Fé na Vida,
Fé em Deus
e nos Seus Divinos Desígnios!
Sem Amor não sei viver
Sem Religiosidade a vida não tem sentido!
Sou assim!

Maria Izabel Viégas

* imagem: crédito ao ilustrador Dirceu Veiga.


2 comentários:

Regina Rozenbaum disse...

És assim? Sou tb, iluminada_maaada! Escreve com tanta lucidez e pertinência que só mesmo agradecendo a nosso PAI/MÃE por ter feito nossos caminhos se reencontrarem!!!
Beijuuss querida minha, muitos, sempre recheados do meu amor por vc

Clara Lúcia disse...

Mainha iluminada!!!

É triste a ver tanta filosofia nas redes sociais e sabermos que a pessoa não é nada daquilo com seus próximos. Ser bonzinho com quem só lê o que escreve ou quem está muito longe é muito fácil. Quero ver ser doce com pessoas de seu convívio, aceitar como o outro é, sem ficar criticando ou querendo que haja mudança da parte do outro.
Tem gente que é assim mesmo, quer sempre que o outro mude.
Melhor ficar calada com gente assim. Não compensa o desgaste de uma discussão.
Tbm não sei viver sem amor... apesar de tudo, com tanto desamor que vivi durante a vida toda, eu já nasci com ele e isso transborda e transmira por meus poros.
É isso que passo pra todos.

Uma linda semana pra vc... beijos!!!