Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Por que cultuarmos livros?



Aqui o meu respeito e carinho pela iniciativa 
da Luma do Blogue: "Luz de Luma, Yes Party"


Quero deixar meu apreço 
pelo Evento  8º BookCrossing Blogueiro, 
onde se busca e se consegue com êxito 
seguir o lema: 
"Levando mais pessoas a viajar com livros"
Parabéns, Luma e amigos blogueiros!


E sobre o porquê de se cultuar livros, 
trago a voz do mestre da arte de escrever livros 
e povoar o mundo com sua cultura refinada,  
Jorge Luiz Borges:

O Livro

  
"Dos diversos instrumentos do homem, 
o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. 
Os outros são extensões do seu corpo. 
O microscópio e o telescópio são extensões da vista; 
o telefone é o prolongamento da voz; 
seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. 
Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
 

Em «César e Cleópatra» de Shaw, 
quando se fala da biblioteca de Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. 
O livro é isso e também algo mais: a imaginação. 
Pois o que é o nosso passado senão uma série de sonhos? 
Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? 
Tal é a função que o livro realiza.(...) 
Se lemos um livro antigo, 
é como se lêssemos todo o tempo 
que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. 

Por isso convém manter o culto do livro. 
O livro pode estar cheio de coisas erradas, 
podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, 
mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, 
algo de divino, 
não para ser objeto de respeito supersticioso, 
mas para que o abordemos 
com o desejo de encontrar felicidade, 
de encontrar sabedoria."

Jorge Luís Borges,

 in 'Ensaio: O Livro' *

Oito ou Oitenta!
 Assusta-me os extremos.
Todos os extremos são radicais. 
E radicalismos nos trazem ou provocam, se somos os praticantes,  
aflições , tormentos desnecessários.
O pouco "radical" gera carência, é minimalizante.
Pode ser fruto de desleixo ou um pensar "pequeno".
No caso de ter bens, nem tanto, se o homem assumir o tipo de vida mais simples possível.
E se for feliz com o pouco que tem.
Pouco é tudo se agregado à felicidade do ser.

Já, num contraponto, se falarmos em leituras , em livros penso que o pouco cerceia a cultura e o conhecimento do homem.
Como ler pouco?
Como tomar um remédio e não ler o rótulo, nem a bula, as prescrições e a posologia.
Pode se transformar em veneno para o corpo.
Morre-se por pouco ler.
Por confiar na leitura que o "outro" fez.
Se pouco leio contento-me em ser um eco das opiniões dos outros, que talvez também por não lerem o suficiente, serão outros ecos.
E assim forma-se uma 'sociedade da linguagem e do saber morto'.

E o radical  dos extremos "oitenta", pode se transformar numa exacerbação do eu sozinho, do egoísmo, do ter mais do que ser. 
Mas, em se tratando de bens materiais, se o homem pode comprar e ter e ter a felicidade em si e no seu entorno, sem ser doença consumista, que seja feliz então!
Só me assusto com o número cada vez mais crescente, que a mídia tem mostrado com frequência, com os "acumuladores de lixo". Que já se tornou doença, patologia psiquiátrica.
Um excesso com cerne de pouco ter.
Uma carência existencial tão forte que anuncia um mal dessa nossa sociedade moderna.
Casas abarrotadas de coisas velhas, inúteis para quem está de fora, mas valiosas como ouro para o ser doente.
Fico pensando como e quando começa essa doença, será que quando se quer  ter, consumir bens valiosos e a pobreza não permite?
Será egoísmo de não saber dividir o pão nosso de cada dia?
Não sei... Só sei que é um sofrimento radicalmente triste, solitário, um cheio vazio do ser mais humano.

E, o radicalismo do muito no caso de livros? 
Posso focar duas vertentes.
Uma, o sonho de consumo de qualquer pessoa que ama livros, dos escritores, dos homens mais antigos: uma biblioteca só sua, onde ele senta confortavelmente numa poltrona, 
enlevado pesquisa e devora na leitura do livro que lhe apetecer.
São raros esses homens. O mundo está tão diferente.
Alguns, tem bibliotecas com capas coloridas... os fingidores.

Ser acumulador de livros na estante empoeirados será uma doença também?
Pode ser. Com certeza. Difícil definir.
Que causa doenças, ah , isso causa.
Meu filho quando iniciou a Faculdade viu a Biblioteca maravilhosa ser fechada pois foi encontrado uma bactéria mortal.
Formou-se e ainda estava fechada.
Usava outras bibliotecas.
Um conhecido meu colocou no seu quarto prateleiras bonitas em toda uma parede. Sua esposa quase morreu de alergia.
Resultado, livros encaixotados. Por que não doados?
Estão num quarto, encaixotados.
Morrem ali a cada dia uma ideia, um pensamento, um autor, muitos poetas.
Um cemitério de livros.
Porque ele e ela são egoístas, teimosos, doentes e acumuladores, julgo eu, rogando para que esteja errada e que já tenham se desfeito deles, doando-os. Nunca mais os vi... 

Outra vertente: a do radical extremado que muitos livros lê.
Este...  Creio que este 
será abençoado por libertar-se 
das prisões do pensamento obtuso, 
restrito dos limites impostos por uma só "verdade".
Será ele aquele que ouve a voz de todas as pessoas do planeta, 
que entenderá melhor os outros seres , 
outras etnias, outros valores, 
talvez se torne mais inserido na sua sociedade, 
mais compreensivo, 
menos crítico feroz, 
mais crítico de conteúdos e não de pessoas, 
mais aberto a novas ideias.
Talvez o livro o faça mais ser humano.

 Disseram um dia: 
"Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. 
O livro é isso e também algo mais: a imaginação."

E a imaginação é a liberdade voando sem fronteiras.

Maria Izabel Viégas

* Fonte: site O Citador


 

3 comentários:

Unknown disse...

amiga, sempre fui leitora compulsiva. eis que de repente, tudo me parecia uma repetição monótona. agora lendo Osho, entendi. o conhecimento é importante, mas tem uma hora que precisamos nos despojar dele pra recuperar a inocência da nossa criança interior. bjs

Marli Soares Borges disse...

É amiga, todos os extremos são radicais, inclusive em relação aos livros. Ter muitos, ter poucos. Ler demais, ler de menos. Há que dosar as atitudes. Equilíbrio é peça fundamental no jogo da vida.
Um beijo grande.
Marli

Luma Rosa disse...

Oi, Maria Izabel!
Eu não acredito nos extremos e por não acreditar, acho que não é normal! (rs*)
Adoro esse texto do Jorge Luís Borges!!
Minha alma está aquecida com seu carinho!! Obrigada!!
:)
Beijus,