Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A bola de Einstein e eu, uma folha.





"A vida é como jogar uma bola na parede:
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda.
Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos."

Albert Einstein


Será?
O jogo é tão simples assim?
Einstein,
olha só, preciso te contar.
Tu és um gênio?
Sim!
És!
Mas eu que sou uma simples folhinha de árvore soprada pelo vento.
Atrevo-me a te contestar.
Tem gente que não joga bola alguma e recebe uma "bolada" de volta!
tem gente que joga bola azul
e cai na casa do vizinho
este não devolve
pois o cachorro pegou primeiro
e comeu a bola.
ou o menino pegou
e achou que era um presente do céu..
E meninos pequenos são...
infinitamente pequenos.
Inocentes, inocentes
sempre serão!.
Logo...
Jogando a bola azul, verde,
com força ou sem força.
Quem determina os retornos das ações
nem sempre são as nossas ações.
Não somos indivíduos sozinhos.
Somos um emaranhado de gente.
Somos uma grande peça de xadrez.
Somos flocos de neve
tão sem poder de interferir
no nosso destino
que , num repente, vamos flocar
numa terra de calor,
tipo zona dos trópicos.
Tem acontecido muito por estas terras brasis.
A culpa foi minha?
Eu nasci floco de neve européia e vim parar por terras estranhas?
O mundo faz cada trapaça com a gente!
E somos vezes levados pela maré cheia e
retornamos encharcados na vazante.
sem nem perceber.
E nem ter jogado bola nenhuma.
Einstein,
deixa para lá!
Eu sou uma folha levada pelo vento.
Não entendo mesmo de nada.
Na verdade, quem me contou
estas histórias foi o próprio vento.
Que vive a me arrastar de um lado para o outro,
sem me dar motivos ou razão.
E afinal,
qual a cor da bola que eu devo jogar?
Vou ver se volto
na próxima vida
uma bola.
E torcer para ser achada
pelo menino bem pequenino,
que não sabia de nada do mundo
e que me amou
e se alegrou comigo,
seu presente que veio do céu!
Tomara que não haja vento!
O vento é um insuportável sujeito
que a seu bel prazer
me obriga
a voar,
a voar,
a voar.

E nem bola eu tenho para jogar!
Se eu tivesse, aprenderia a comandar a minha vida!

Nota da autora sobre o tema:

Acho que não entendeu nada do que Einstein falou.
Acontece.
Afinal, que entende uma folha acerca das palavras do gênio.
Ou será, que ela sempre gosta de ver o outro lado das questões?
Isso também,
Acontece!

Maria Izabel Viégas



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Nasci de noite, pensei que era dia.



Sofro de uma doença gravíssima.

Trocar a noite pelo dia.

Dormir de dia
Prazer gostoso.
Dormir de noite
Heresia.
Não é insônia.
Isso tem nome:
Rebeldia.
Que anjo me mandou 
nascer de madrugada
Numa noite de lua cheia?
Minha mãe e meu pai acordados.

Só sei que sai apressada.
Curiosa em conhecer mãe Maria.
E, mais uma surpresa! 
Tinha meu pai Alberto,

Que me acalentou, em êxtase,
 pura alegria!
Ora, não é minha culpa.

Achei que a noite era o 'meu' dia!


- Maria Izabel Viégas -

domingo, 1 de setembro de 2013

É Setembro! É primavera chegando!


Primavera tem bater de coração
não sei porque razão
é meu instinto
Setembro
Traz a mensagem
que a primavera
está pronta
para despertar!
Cantarolando fica
meu coração
nos setembros.
Setembreio
desde agosto
(eita mês tão sem graça)
parece que algo pesado
vai desprender do meu corpo.
Ou será de minha alma?
Não, alma nem se liga nisso!
Alma sempre florida na sua eternidade!
É meu inconsciente,
misterioso embusteiro,
que guarda algo
e não me conta.
Só me assombra nos sonhos.
Onde estou ali distraída.
Fico sempre matutando
o porquê do inconsciente ser tão leviano?
Porque nos ataca quando nos entregamos ao descanso?
Só sei que foi assim
desde que me entendi por gente.
Bem, se é que já aprendi a ser gente.
Tem vezes que sou tão bicho
tão incontrolável instinto
sou águia
sou lobo
sou leoa
sou passarinho
confesso: ando em estado golfinho...
Deve ser a primavera
golfinho é pura alegria
golfinho,
será o tal setembreio
que me envolve em sorrisos?
Algo além do cognoscível
acontece comigo.
Nasci em 21 de março
no Rio de Janeiro,
sou um ser outonal,
pois aqui nesse hemisfério sul
é outono!
Como nasci tão feliz da vida?
Não caía nenhuma folha da minha árvore da vida!
A astrologia me explicou
(como é sábia a astrologia)
A Terra comemora em março
O  início do Ano Vernal.
Explode o planeta nos Inícios, 
nas sementes a espalhar!
É isso!
Quando eu desci por estas bandas
passei pelos jardins do mundo
vi umas pétalas de flores tão belas.
inocente
não hesitei
surrupiei,
eu era criança
- não foi pecado! -
estavam todos distraídos,
com as coisas do parto,
as coisas do lado
matéria tangível
nem perceberam!
Só sei,
isso me contaram
lá na maternidade
um forte cheiro de rosas
espalhou-se pelos ares.
Enfim, já nasci aprontando!
Será, meu Deus, que já nasci pecando?
Mas eu era só um pontinho pequeninho.
Um anjo arteiro e safado!
coração da minha mãe sentiu, 
eu mandei um recado!
E o coração da Mãe Terra
disse-me baixinho:
- Vai, Maria!
- Vai, Izabel!
Você nascerá
com nome de duas santas,
a mãe e a tia
do Mestre Jesus!

Leva por toda a tua vida
as primaveras em todos os outonos!

E foi assim que tudo aconteceu.
ponto final.

Maria Izabel Viégas



sábado, 31 de agosto de 2013

O dia em que passei a me amar

O dia ou a noite, não o sei, em que passei a me amar.




E eu, que te venerava tanto
morria nos teus encantos.
Descobri um dia 
que não existias
Eras um fantasma,
nem sonho eras!
Se me fazias morrer,
tu não me fazias mais falta.
Redescobri que era eu mesma
que tanto me agradava.
Eu era o meu sonho!
Eu era aquela que me completava!
E temerosa de parecer ser sozinha
me escondia atrás de teu rosto.
Um rosto inventado, 
um corpo maculado,
Doeu um pouco, 
ao sentir- te um nada!
Não se morre de amor,
Vive-se de amar!!
E descobri-me, 
ainda a tempo
Há tempo!
Céus, 
como eu me amava,
e, por costume,
por medo 
ou por solidão,
eu não sabia!

Maria Izabel Viégas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O que é a morte, poeta?





"A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho."

- Fernando Pessoa -
in Cancioneiro


Se a vida,
essa estrada
mil caminhos
mil escolhas.
há que se ter
direitos
de decidir qual o tempo
de cada estada
de quantos passos preciso
de quantas voltas
a vida
até se chegar ao tempo
de retornar
ao cerne da nossa história.
quantas vidas
eu já tive
aqui vividas
dentro
desta minh'alma.
que eu faço
com todos os espinhos
que eu faço com as flores
e as estrelas que contei
e as sementes que espalhei.
Há que ter na memória
no livro do tempo
minhas glórias
minhas esperanças
meus sonhos não realizados
meus amores
minhas desditas
minhas vitórias.
Assim está escrito:
contabilizado
no mais etéreo
do inacreditável
mundo invisível,
imperceptível
aos olhos
do homem de carne
que no osso 
se acabará
no pó da terra
virando poeira de estrelas:
Que eu amei
Fui amado.
Que eu perdi.
Que cai
Levantei
Chorei
Lágrimas de dor.
Lágrimas de amor.
Há que se ter escrito
em letras douradas, azuis, prateadas:
Que eu fui aqui neste mundo
a essência da felicidade.
Tive a glória de ter nascido.
Bastou-me ser alma revivida em homem!
Hei de ser muito feliz
embora não saiba meu destino.

Só sei que não será incerto,
Pois certa me foi a vida!

Maria Izabel Viégas