
"Para compreendermos o homem
e as suas necessidades,
para o conhecermos naquilo
que ele tem de essencial,
não precisamos de pôr em confronto
as evidências das nossas verdades.
Sim, têm razão.
Têm todos razão.
A lógica demonstra tudo.
Tem razão aquele que rejeita que
todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas.
Se declararmos guerra aos corcundas,
aprenderemos rapidamente a exaltar-nos.
Vingaremos os crimes dos corcundas.
E, sem dúvida, também os corcundas cometem crimes.
A fim de tentarmos separar este essencial,
é necessário esquecermos
por um instante
as divisões
que, uma vez admitidas,
implicam
todo um Corão de verdades inabaláveis
e o inerente fanatismo.
Podemos classificar os homens
em homens de direita e em homens de esquerda,
em corcundas e não corcundas,
em fascistas e em democratas,
e estas distinções são incontestáveis.
Mas sabem que a verdade é aquilo que simplifica o mundo,
e não aquilo que cria o caos.
A verdade é a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não 'descobriu' uma lei há muito disfarçada de solução de enigma,
Newton efectuou uma operação criativa.
Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol.
A verdade não é o que se demonstra, mas o que se simplifica.
De que serve discutir as ideologias?
Se todas se demonstram, também todas se opõem,
e semelhantes discussões fazem duvidar da salvação do homem.
Ainda que o homem, por todo o lado, à nossa volta,
revele as mesmas necessidades."
Antoine de Saint-Exupéry,
in 'Terra dos Homens'
Se ainda aqui estamos,
neste nosso lindo planeta azul,
em novembro do ano de dois mil e onze,
no terceiro milênio,
após o Cristo Jesus,
sem a mínima noção de
como e quando
poderemos pisar
logo ali ao lado,
no nosso vizinho, o misterioso
planeta vermelho Marte...
como ousamos nos arvorar
de Senhores da Verdade?
Este modo de pensar meu
me permite o ter
paciência
comigo mesma,
e, assim, exercito
a não tão simples lucidez
de relevar e intentar respeitar
outros pensares
tão diferentes do meu,
que voam e se cruzam
nos ares como flechas
nas mãos de mentes guerreiras.
Calo-me,
quando tudo é confuso,
e nada entendo.
Existe um tempo para tudo nesta vida.
Volto meu olhar,
leio,
releio,
recordo
o Livro de Eclesiastes...
aquieto-me.
Somos o registro vivo
da história do mundo,
ainda com muitas lacunas,
páginas se perderam
ou foram queimadas
em terríveis inquisições.
Só um dia,
talvez, atingiremos
o real conhecimento.
Creio com fervor que o Criador,
que nos ama
apesar de nossas limitações,
só espera de nós
um amor imenso,
dulcíssimo,
sobretudo
por nós mesmos.
É vero:
só quem aprendeu
a amar a si mesmo
com um amor verdadeiro
saberá amar,
puramente,
ao seu próximo.
Deus sabe tudo sobre o Todo!
Na busca da minha paz interior
espero...
minh'alma não tem pressa.
Ela é imortal!