Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A verdadeira bondade do homem




"A verdadeira bondade do homem
só pode manifestar-se em toda a sua pureza
e em toda a sua liberdade
com aqueles que não representam força nenhuma.
O verdadeiro teste moral da humanidade
- o teste mais radical,
aquele que por se situar 
a um nível tão profundo nos escapa ao olhar -
são as suas relações com quem se encontra à sua mercê:
isto é, 
com os animais.
E foi aí que se deu o maior fracasso do homem,
o desaire fundamental 
que está na origem de todos os outros."

Milan Kundera,
in "A Insustentável Leveza do Ser"

Vi certa vez um homem na Cinelândia, Rio de Janeiro, maltrapilho, de tanta poeira cobria-se de cinza, magro levando com orgulho ao seu lado talvez o seu bem maior: um cãozinho fogoso, preto, puro brilho, ofuscante de tão limpo e belo. Um contraste: os maus tratos do físico do homem e a formosura do seu animal de estimação, que o seguia. Iam felizes os dois. A praça tornara-se pequena para a dupla de amigos.
E eu, nem vi mais ninguém, só a eles. Dali brotava uma energia.
Sumiram o Teatro Municipal, o Museu de Belas Artes, a Câmara dos Vereadores,
prédios valorizados e nobres quedaram-se na sombra perto daquela dupla,
o belo cão e o homem pobre e maltrapilho.
Por ali passaram dois anjos.
Unidos na fraterna amizade.
E nada era maior que o amor entre eles!
Assim deveriam ser todos os homens, 
exércitos na simplicidade de heróis anônimos 
da Grande Arte de Amar o Pequeno.
De respeitar aquele que lhe parece mais fraco.
De ser generoso.
A bondade suplanta toda e qualquer atitude infeliz dos seres viventes.
Ser bom é ser mais que ser humano, ser mais que gente, é atingir a angelitude ainda aqui na terra.
Em todas as situações mais tristes e fatídicas que acontecem no cotidiano 
realmente a prova maior por qual passamos, 
o teste mais profundo, mais radical, 
prova maior de caráter é tratar com respeito
a todo aquele que possa nos parecer mais frágeis do que nós.
Penso que o mundo já seria mais civilizado se abrissem uma brecha para a bondade no coração de cada homem.
- Maria Izabel Viégas -

Um comentário:

Lúcia Soares disse...

Já reparei que raramente a gente vê um mendigo sem que ele tenha um cão por perto.
Acho que gostam da companhia um do outro, os cães "vira-latas" e seu dono andarilho.
Não compartilho da opinião do Milan.
Mas respeito, claro.
Beijo, Maria Izabel.