Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Confusa eu fico, presa na realidade do mundo


"Eu não quero o Presente, 
Quero a Realidade  
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma coisa relativa ao passado e ao futuro.
É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem.
Eu quero só a realidade, as coisas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas coisas como presentes; 

quero pensar nelas como coisas.
Não quero separá-las de si próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma. "


Alberto Caeiro, 
in "Poemas Inconjuntos"






E eu, nem sei o que mais quero.
Fernando Pessoa, o Caeiro deixou-me na infinita dimensão do vazio.
Não ser presente, 
como saber se esta é a realidade.
Tenho dúvidas 
Ao olhar a vida
os fatos
as observar pessoas 
caminhando
absortas
olhar vazio
olhar para dentro
olhar enebriado 
admirando coisas que não existem;
conversando em grupos
mas falando sozinhas;
ou pessoas - ecos
que se 
repetem
repetem
mas ninguém as escutam;
mil vozes 
mil gritos
que atordoam
que se perdem
no silêncio 
oco de palavras;
pleno de risos
mudos
berrantes
que nada representam
nem melhoram
nem pioram 
o mundo;
pois o mundo vai seguindo
sem elas
sem suas palavras
sem seus risos;

Que triste!
Eu nem sei se estou aqui.
Se não é outro lugar
outro tempo
outro espaço
outro universo paralelo
onde não existem as coisas
nem os tempos que se foram
nem os tempos presentes;
as coisas são voláteis
aparecem nas idéias
formas - pensamento
e somem em flashes
e voltam 
num futuro
iguais 
diferentes
não existe gente
somos espelhos
de algo
que se pensou
e um dia 
disseram
que era a realidade.
Estou confusa.
Nem sei se sou eu ou é outra que lhes escreve.

O mundo anda louco!
Ou louco é o meu eu no mundo? 

 - Maria Izabel Viégas -



 

Um comentário:

Lúcia Soares disse...

Poetar é preciso e Fernando/Alberto e outros apenas poetavam, extravasavam suas dúvidas.
Ninguém tem respostas para nada e as indagações continuam.
A vida não é dissociável de passado, presente, futuro. Não há como.
Beijo, Izabel.