Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sábado, 8 de dezembro de 2012

Os cisnes




Encontrei esta poesia num livro meu de poesias que colecionava aos quinze anos,
eu, tão menina...

"Os Cisnes

A vida, manso lago azul algumas
vezes, algumas vezes mar fremente
tem sido para nós, constantemente,
um lago azul sem ondas nem espumas.

Sobre ele, quando desfazendo as brumas
matinais, rompe o sol vermelho e quente,
nós dois vagamos indolentemente
como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá por certo;
quando chegar esse momento incerto,
no lago, onde talvez a água se tisne.

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
nunca mais cante, nem sozinho nade.
Nem nade nunca ao lado de outro cisne."

- Julio Salusse -




E eu, tão jovem, me achava tão sozinha,
acreditava que nunca encontraria este amor
sequer sonhava que no seu olhar morava o meu cisne.
E que a vida num lago azul se tornaria,
a poesia acalentada, infantilmente,
era um presságio
de todo o amor
que preencheria o meu vazio.
Até hoje nadamos juntos,
houve sol quente e ardente,
houve muita calmaria,
nasceram outros cisnes.
e outros foram chegando.
O lago azul
parece que virou um mar
de ilimitados horizontes.
Ainda e sempre nadando juntos.



Hoje, porém, reflito
adulta e feliz por ter amado tanto
questino a mim mesma
se seria certo
que se, um cisne
daqui partir,
para morar do outro lado...
o cisne 'vivo'
deveria ficar assim tão triste.
Se ele acredita
que por todo o sempre
o outro não se foi...
mora ainda no seu coração,
encheu seu cálice de vida
com o néctar de amor mais puro.
Se a morte não existe
Se apenas é um
- até logo -
e que juntos
nadarão
na eternidade...
por que o cisne que ficar
deverá quedar-se
assim tão triste?

Por que manchar seu coração de negro luto
para que a alma do amado
a visite
e a encontre em prantos?
E, lá no etéreo o cisne liberto
se aprisione na dor do pranto?

Porque não nadar,

nem cantar?
O amor verdadeiro é eterno!


Por que não continuar a trocar
eflúvios de felicidade
entre os dois corações.
Criando per sempre,
elos entre os dois mundos.
Energizando-se em luz, dois corações.
Em amorosa harmonia e paz?



E por que não dançar mais com outros cisnes?
Há tanta vida num amor que dura.
Há que se nutrir outros iguais que vivem ainda tão sozinhos...

- Maria Izabel Viégas -

Nenhum comentário: