Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

domingo, 19 de janeiro de 2014

Chove




"Chove"
"Mas isso que importa!
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
Uma melodia do silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama."

 - José Gomes Ferreira -


Quando criança
a chuva me impregnava
de alegria.
Ela me arrastava,
ela um rio
eu sempre um barquinho
velas içadas seguindo
as imensas correntezas
que no meu imaginário
se formavam ali
no quintal da minha casa.
Criança, puro instinto
Criança - semente
eclodia em prazer.
Renascia a cada temporal.
O tempo passa
a criança já perdeu o seu barquinho
ou escondeu-o num baú
do nem sei onde.
Tenho muitas
lembranças
guardadas
num tempo,
espaço,
num poço
fundo
de tão escondido
virou tesouro,
perdido
lá no bem distante.
Perdi a chave
Perdi, que pena!
Creio que ficaram na distância.
Hoje, entretanto,
a chuva não é a mesma
Caiu uma aqui por estas bandas
que escorria um negrume esquisito.
Ela não leva mais barquinhos de crianças.
E sim, arrasta casas, prédios, cidades
Arrasta o mundo.Culpado mundo.
Foi o todo mundo que a fez ficar assim.
Pobre chuva.
Tornou-se ácida.
Na próxima tempestade
decodifico o meu código
e saio a brincar
alegre na chuva
talvez quem sabe,
retorne a confiar de novo
no poder criador
e purificador da chuva.
Sempre há esperança
naquilo que guardamos
no silêncio do nosso coração.
Talvez o medo
vá embora

nas correntezas
da vida.
Pode ser,
quem sabe
talvez.
tomara
que
assim seja.


Maria Izabel Viégas

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