Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Não calar ou viver para sempre?




 Não Calar

"Há uma regra fundamental quando se vive como nós estamos a viver 
– em sociedade, porque somos uns animais gregários – 
que é simplesmente não calar. 
Não calar! 
Que isso possa custar 
em comunidades várias 
a perda de emprego ou más interpretações 
já o sabemos, 
mas também não estamos aqui 
para agradar a toda a gente. 
Primeiro, porque é impossível, 
e segundo, porque se a consciência nos diz 
que o caminho é este 
então sigamo-lo 
e quanto às consequências 
logo veremos. "

-  José Saramago - 

E sabes que isso não é nada fácil?
Sabes o quanto dói e fere o peso da opinião dos outros 
que desde cedo te ensinam a falar apenas aquilo que querem ouvir?
Que peso imenso colocas sobre minhas costas já tão cansada!

Quem tem sonhos e premonições 
sabe que é preciso calar, 
é alvo de críticas .
Loucos, assim te chamam.
És a criança esquisita que fala sozinha.
Que previu a sorte ou a morte de alguém, cala-te!
Pois sereis julgada como bruxa, 
numa hodierna inquisição de egos.

Como falar sobre lucidez 
quando se assiste a grupos 
que dançam 
e profetizam 
e só tu vês 
que ali nenhuma 
força espiritual 
está manifesta.
Que é tudo frenesi doentio?

Como não calar-se frente à ferrenha estupidez do homem na vida de tua nação?
Que voz é a tua que nunca é a que vence as contendas?
Que vence quem é o menos pensante!
Que vence o que mais tesouros roubou como os antigos senhores feudais?

Como fazer para engolir todos os sons de indignação, 
que te sufocam a mente, 
que magoam 
e ferem o teu coração?

Calar-se é mais cômodo, 
é vital para evitar confrontos 
pois ninguém acredita em ti!

E num assombroso retorno a vidas pretéritas,
vive-se o mesmo 
o mesmo,
e no mesmo,
vamos adoecendo,
morrendo aos poucos,
pois a cada ato 
que faz mal 
e que falas o que 
o povo quer ouvir:
mentiras que a vida está boa,
que o arco - íris é real
e que só ele te basta para tua sorte. 
E que te basta o pôr do sol!
Quem disse que me basta 
o sol nascer ou adormecer,
se não posso bradar 
neste espetáculo - festa,
que o rei passou por todos, 
numa carruagem de fogo,
flamejante ,
mas totalmente nu!

Tu te calas, 
morre a voz, 
morre a força,
morre em vida tua alma!
E se não te calas, 
te matam, 
se morre excluído, 
exilado!

Essa é a consequência da lucidez: 
matam tua voz!

Desta vez,
Outra vez, 
Mais uma vez,
Até quando? 

- Maria Izabel Viégas -

4 comentários:

Unknown disse...

não vamos permitir, podemos mudar as palavras talvez, mas que o conteúdo seja eternizado pela palavra.

adorei, beijos

http://umanjotriste.blogspot.com.br/

Maria Izabel Viegas disse...

Obrigada, amiga Jeanne

Sim, claro que sim!
Que ninguém nos cale.
"O conteúdo eternizado pela palavra", belo, minha amiga!
Grata
pela sua inteligente
e sempre doce presença!
Beijos!

Marli Soares Borges disse...

Muito lindo, Bel, um poema e tanto! Uma fera você é! Não podemos e nem devemos nos calar, principalmente diante das injustiças, porque se calarmos, nos roubarão a voz. Bjs. Marli

Lúcia Soares disse...

Sei bem como é, você ainda consegue dizer alguma coisa, mas eu, Izabel, ando sufocada... Mas nenhum grito que possa mudar o mundo, coisas menores, pessoais.
Não devemos nos calar nunca, sob pena de adoecermos fisicamente. Não pense que vc "prega no deserto". Continue falando, continue se indignando e deixe que só os que interessam lhe ouçam. Quem não quiser ouvir, que faça ouvidos moucos e viva sua mediocridade.
Respire fundo e solte a voz.
Beijo.