"Um poema não é uma coisa que se coloca sobre o teu dia
como um
condimento sobre o teu almoço.
A vida de uma pessoa não tem material semelhante
a nada que conheças.
Existir é feito de peças impossíveis de copiar.
E a poesia
não entra nesse material único
- a vida de uma pessoa -
como o avião no ar ou o
acidente do avião na terra dura.
Um poema não é manso nem meigo, não é mau nem
ilegal. Os homens não se medem
pelos poemas que leram,
mas talvez fosse melhor.
O que é
a fita métrica comparada com algo intenso?
Há poemas que explicam trinta graus
de uma vida
e poemas que são um ofício de demolição completa:
o edifício é
trocado por outro,
como se um edifício fosse uma camisa.
Muda de vida
ou,
claro,
muda de poema."
Gonçalo M. Tavares,
Gonçalo M. Tavares,
in 'A Perna Esquerda de Paris'
Serei eu a minha vida
ou serei uma imagem?
A cópia do poema que escrevo ou leio.
Um poema tem esse poder de me dar vida?
E um outro, o de me devastar,
renascendo-me em outro?
Outro o quê?
Vida?
Poema?
E serei avaliado por aquilo que poetizo ou me avassala a alma quando leio?
Ou folha em branco que me submeto como um mártir, escravo da poesia?
Na verdade, creio que sou eu quem é o autora da minha vida,
quem escreve na página vazia
a minha poesia.
Não é o poema que me dá o sopro da existência nem é meu ser, total e pleno.
Mudo a cada dia,
morro,
renasço
rabisco,
apago,
reescrevo...
mas sou eu a dona da vida que cria as poesias.
Na verdade, creio que sou eu quem é o autora da minha vida,
quem escreve na página vazia
a minha poesia.
Não é o poema que me dá o sopro da existência nem é meu ser, total e pleno.
Mudo a cada dia,
morro,
renasço
rabisco,
apago,
reescrevo...
mas sou eu a dona da vida que cria as poesias.
- Maria Izabel Viégas -
Um comentário:
Olá Maria Izabel
vim atualizar-me nesse mundo poético maravilhoso.
Xeros
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