Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Senhor dos meus devaneios



"Senhor dos meus devaneios"

Andei terras de mil reinos em vão...
por alguém que por tanto tempo sentia que perdi.
Vivi à procura de ti em tantos rostos.
E de tanto sofrer e chorar já nem me lembro... da tua face me esqueci.
Caminho, caminho... seguindo sempre passo a passo, vida a vida, a te buscar.
Mas, ó Senhor dos meus Devaneios, de tanto que te busquei,
já nem me recordo se exististes mesmo ou se foi sonho.
E sonho é sonho, ou será uma sombra da vida?

Queria tanto te buscar, que neste afã nem percebia
que estavas aqui comigo.

As vidas foram passando
e eu te encontrei, ó amado Senhor, em tantos rostos desconhecidos...
e nestes rostos encontrei a cada dia a alegria de fitar mil olhares,
senti mãos unidas às minhas num aconchego amigo
e o som de vozes que me diziam:
Eu sou...Eu sou...quem tu procuras!

Percebo num despertar que nunca tivestes forma,
não eras homem, nem mulher, eras saudade.
Sim, Senhor dos meus devaneios, procurei em vão...
eras um "ser- não - ser".
Eras muito mais que nada,
eras muito mais que tudo, eras o Todo.

Eu procurava a saudade, e portanto nunca te encontrei nas mil faces.
Pois que a saudade fica sempre no ontem... no ontem.
É passado,,, é recordar
e o recordar foi quem te criou,
ó Senhor dos meus Devaneios,
me prendeu no mundo que se foi...
e que no hoje se desfez.

Ó Senhor dos meus Devaneios,
já passei por tantas formas,
fui sombra, luz... fui terra, água, ar e fogo.
Fiz parte da natureza, mudei de estações,
fui calor, chuva, neve e vento.
Fui semente, folha, flor e fruto
e renasci tantas vezes...
fui libélula, fui lobo do deserto.

Mas, ainda sou saudade, mas não sou ontem.
Sou a esperança do amanhã!
Broto da flor de cerejeira, jasmim de cheiro,
sou rosa e tenho espinhos.
espinhos que doem mas que não machucam,
pois sei... hoje tenho certeza,
ó Meu Senhor dos Devaneios...
eras minha própria alma à procura de mim mesma.
Precisei trocar de tantas vestes,
despir-me de todos meus eus.

Hoje me vejo através de todos os rostos dos seres
que se acercaram e se acercam de mim.
Eu me vejo em cada ser...
pois já é chegado o tempo de ser mais que eu,
mais do que ser saudade,
nem mais viver em busca
de um Senhor que já se foi...
era Devaneio!

É chegado o tempo de encontrar as mil almas
que em mim habitam
e de juntar-me aos outros rostos - irmãos
já não sonhos e sim, realidade
e passar a ser Vida - Esperança - Hoje - Amanhã
Ser todo o sempre...
o Mundo, o Cosmos, o Sagrado, a luz, a Fé, o sublime Amor Fraterno.
Já não quero mais te buscar, Senhor Devaneio - triste saudade.
Quero dar as mãos e seguir rumo ás estrelas, de onde viemos
pois é chegado o tempo de Voltar...ao Tempo.
No Tempo Eterno...que é Infinito,
renascidos em Luz para a Verdadeira Vida.
Voltar à Unidade , ao Um, à Soma.
Que venham comigo, rostos amados!
Preciso de tuas mãos comigo.
Sigamos juntos o Chamado!

(Maria Izabel Viégas)


*Publicado por mim em 24 de março de 2010.

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