Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Somos fortes como as flores?

Voltando, trazendo na mala a riqueza de Drummond...
Apaixonada pela poesia - vida 
que me remete 
à profunda 
alegria de viver!



Áporo

Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.

Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?

Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:

em verde, sozinha,
antieuclidiana, 
uma orquídea forma-se.

Carlos Drummond de Andrade,
in Antologia Poética


E quantos de nós escavamos, perfurando o duro solo úmido e escuro das nossas aflições diárias, sem escape?
De cada mergulho no mais profundo de nossa tristeza, estamos tão sozinhos, duvidamos até:
- Quem somos?!

Do grito mais calado, preso , retido no meio do peito:
 é a mulher que chora a falta de um amplexo amante, amigo
é o homem que também sofre por ali cavar sem esperança, solamente solo.

Da lágrima farta que de tão triste secou todo o oceano pela perda de seu filho,
de seu ente querido que viajou de volta para o infinito.

De cada labirinto escuro em que nos encontremos...
prepara-se,
não desanima,
cava
mesmo sem nada entender,
não é preciso,
cava,
segue teu destino,
a vida segue
nada é eterno na dor.

Estende-te
Entende-te
em esperança
 É chegado o tempo de eclodir-se em flor.

Não mais a dor do nada ser
do não saber quem és!

Sois agora,
milagre e mistério,
o cerne da radiante e merecida alegria.

Estás a transformar-te,
verde orquídea,
micro, porém, única em esplendor.
Em breve, resplandecente em amor,
explodindo em pólen,
espalhando em mil flores!
 Terás construído o teu jardim.

Nele habitam todos os seres amados que tanto sonhaste em ter.
Serás flores deste jardim.
Feliz!

Maria Izabel Viégas


2 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Izabel
Sim, meu jardim é florido e cheio de encanto mas deu bastante trabalho pra cultivá-lo, rs...
Bjm fraterno

Lúcia Soares disse...

Que dia teremos um livro para ler e reler tantas lindezas?
Pense nisso, Izabel.
Beijo.