Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

De alma ...entende o poeta ? Só ele a entenderá?



"Não sei quantas almas tenho"


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuadamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo.
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só.
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
releio e digo: "Fui eu?'
Deus sabe porque o escreveu."

Fernando Pessoa


Emociono-me ao ler o poeta, pois numa só vida se fez muitos, pois era preciso. 
Um era pouco para a luta, vários poetas poderiam vencer. E ficar na memória ancestral,
 na memória do povo que o soube entender.
Muito se fala nos heróis, filósofos, grandes mestres... 
esquecidos de que hoje eles cultuados o são. 
Mas nem sempre assim o foi...
Quem hoje aplaude o poeta, o mestre, o filósofo pensador, o herói - suportaria as críticas mordazes, o abandono em que na sua época foram relegados?
Tomaria a cicuta com Sócrates? 
Ser hostilizado pela sociedade, pela Igreja assim como Galileu Galilei?
Louco era Francisco - o de Assis - pois suas posses, seus trajes abandonou!


Cada pensamento, cada descoberta científica, cada modelo de sociedade 
não é sucedente linearmente no tempo adverte-nos Foucault. 
Muitas décadas, séculos separam paradigmas.
Hoje reunimos num só bloco - todos - de Aristóteles a Einstein,
 como se tudo que tivesse sido dito ou inventado, partisse de uma única fonte. 
Parece que todos se conheciam.

O que nos faz ou nos traz esta idéia atemporal?
O que será?

Eis que a verdade sempre foi trazida a nós por vários mestres.Entretanto, muito atraso houve pela religião e pelo poder que não permitia aos menos afortunados a gnose, o conhecimento; constituindo-se assim um dos "piores instrumentos de tortura": 
o véu da ignorância, o aculturamento do povo.
A triste e eficaz vulgarização de crenças que submetem o pensamento do homem ao não raciocínio, ao materialismo cruel. A um poder que se submete por inocência ou por astúcia -

 para cada lobo, mil cordeiros.

Vivemos numa época em que a alma não é mistério, ela existe. 
Adoecemos por dores d'alma 
e somos tratados  com fortes remédios, com psicotrópicos,  
pelos doutores que da cura da alma nada sabem, 
apenas a entorpecem. 
Cuida-se do corpo, não da alma.

Precisamos acreditar que novos paradigmas estão aflorando, 
eis aqui o Homem Holístico: corpo e alma necessitando de cuidados.
Paradigmas científicos newton-cartesianos são necessários, muito há a aprender com eles. 
Apenas se deve dar voz a novos paradigmas que surgem, não só na religião, 
mas nas ciências....
Há novas descobertas, a química, a neurociência, a Física Quântica... 
o Universo não é mais "invisível aos olhos" 
e o homem é mais corpo.
É mais, é alma!
E alma, entende-a os loucos, os místicos , os poetas e uma nova gama de cientistas que têm olhos e a visão aguçada e lúcida, transcendentais..

De alma entende o poeta, 
o Fernando, o Pessoa - os Pessoas!
Todas as pessoas que dialogam com a alma.

E porque ao ler este poema de Fernando Pessoa me reporto a tais "viagens"?
Estou lendo alguém que nos fala de uma luta civil, contra a ditadura da ignorância.
Estou frente a alguém que descreve a Alma do homem de modo soberbo.

Ao lê-lo lembrei-me de como me senti ao fazer regressões a minhas vidas pretéritas. 

Somos viajantes em muitos eus no aqui e no agora, 
pois somos o somatório de muitos personagens vividos pela nossa própria alma. 
Muitas vezes no retorno das "viagens", reconheci aqui e ali, falas , pensamentos, ações que tenho desde pequena onde eu nada sabia, só sentia.
O feliz ou o doloroso conviver com pessoas que foram partes marcantes de outra vida e que era necessário o reencontro.
Aparar minhas arestas, não as do outro, eis que a vida é minha, o condutor desta alma sou eu. 
A mim cabe mudar , não consigo mudar o outro. 
Posso sim, pelo meu comportamento, meu poder decisório nesta vida, 
transmutar incompreensões em momentos de harmonia.

Muitos me perguntam: por que encontrei tal pessoa, 
se ela não faz nem deve entrar mais no meu palco; 
já estão a postos e bem afinados todos os atores. 
A peça faz sucesso e sou feliz!
Por que exatamente agora ele ou ela apareceu?
Pense...
reflita... 
se este personagem não te faz falta , ame-o, sorria para ele 
e deixe-o ir, ao encontro da felicidade assim como você a encontrou. 
Ele talvez seja o passado que você reconheceu como tal;
ele simplesmente não te reconheceu. Deve partir, um olá e adeus!

Por tal a astrologia é para mim, com seus trânsitos planetários e ciclos de vida, uma revelação do autoconhecimento e reforma interior.
Ela nos mostra que num determinado trânsito, tipo de Netuno ou Urano,

 é melhor não tomarmos decisões, há possibilidades infindas de estarmos envoltos em névoas ou, irresistivelmente, propensos a rupturas.
Mas as mudanças e rupturas são descritas no nosso mapa, não afirmada ou confirmada no de outrem.
Cautela e paciência são alguns antídotos para precipitações.
A culpa de nossos desatinos não está nos planetas e sim, na nossa releitura da vida.
Só se acaba aquilo que "realmente" aconteceu. 
Só morre o que nasceu...
ou então era falso e se acabou. 
As escolhas são sempre nossas.
Os astros apenas abrem oportunidades cármicas para que nos testemos na nossa convicção ou não. Ou para que tomemos nossas decisões mais acertadas e firmes para novos começos e finais.
Amo a astrologia.
Assim como amo a crença nas reencarnações.

Como diz o poeta:
"Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo..."

Ao nascer vestimos um envoltório que nos faz 
e traz memórias que precisam ser recordadas pois é este o carma a ser trabalhado. 
Ao morrermos nos despedimos e partimos , novos aprendizados; 
e assim sucessivamente, vamos indo e vindo, com o objetivo maior 
de nos tornarmos uma alma pura. 
Liberta de imperfeições.
Nosso destino?
Ser parte da centelha divina que nos criou e subir sucessivamente 
a dimensões mais etéreas , mais sutis.
Ser mais próximos da Criação.
Ascensionar.
Ser um ponto de Luz!

*** Post buscado nas memórias do Blogue Memórias de Vidas Passadas. 

Anteriormente publicado em maio de 2009.

3 comentários:

Essencialma disse...

Muito parabéns pelo seu texto, pela sua reflexão! É realmente impressionante a quantidade de conhecimento que já vinha com os mais diversos autores, filosofos na história...uma coisa que parece agora mais seguida, tem anos de mensagens e criação. Eu própria nesta semana postei um texto relacionado com albert einstein!

Outra coisa que não podemos deixar de constantar é a sempre resistência á mudança, e contra mim falo. Cada novo conceito, ou como vemos não é assim tão novo, é mal recebido...não conseguimos manter uma mente aberta.
Quanto À astrologia tive um primeiro contacto que me despertou muito interesse...mas ainda não tive oportunidade de aprofundar...nomedamente astrologia karmica, estou desejosa de saber mais e mais. Até que como você adoro este mundo...parece que fica sempre um bichinho para saber mais e mais!
Obrigado pela luz da sintonia e da reflexão!

Beijinhos

Anônimo disse...

Informação:

A autora dos blogs «Dimensão Interna» e «Monólogo Amoroso» [Eu Sou Você / Adriana Canova] concedeu uma entrevista ao meu blogue «Cova do Urso», e menciona o seu blog, como um dos que ela mais aprecia na blogoesfera.

A entrevista será publicada amanhã, terça-feira, dia 26, às 10 horas (horário de Brasília) - 13 horas (horário de Portugal.

Cumprimentos

António Rosa


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Li com muita atenção o seu texto. Gostei muito.

Anônimo disse...

Cheguei!
E que Texto Querida Amiga!
...as belas palavras.
Tereza Ferraz