Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

domingo, 18 de novembro de 2012

Não julgues pois será pelo outro julgado




"Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter…
Calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri,
viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e minhas alegrias.
 Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz.
E então, só aí poderás julgar.
Cada um tem a sua própria história.
Não compare a sua vida com a dos outros.
Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida."

Clarice Lispector



Existe uma interessante imagem que deveria vir à mente dos recalcitrantes julgadores e donos das verdades que bem se aplica:aquela em que quando aponta-se  o dedo indicador para alguém, o polegar fica ali, apontado para a própria pessoa. Alguns usam a metáfora de "assemelhar-se à uma arma".

E pensando sobre o polegar, como ele é um dedinho interessante,
e explico os meus devaneios acerca do mesmo: é o mais diferente dos outros, o que o torna um estranho no ninho, diríamos uma ovelha negra na família,
é gordinho (fora dos padrões da moda), 
é um dedo que já condenou à morte ou salvou pessoas na época das arenas terríveis de Roma e outras arenas de verdugos insanos, representando  a insanidade mórbida coletiva em que a platéia se comprazia com  a maldade dos poderosos sanguinários, transformando seres humanos em peças de um jogo inertes e passíveis à morte por nada valerem.
Julgavam e matavam os 'diferentes', os ímpios, os cristãos, igualavam os malfeitores dos justos.

Bem, fazendo-lhe justiça, esse dedo bem que simplifica e muito nossos diálogos.
Se concordamos é Sim, OK, Valeu! Se discordamos, para baixo diz Não, Nem pensar!
Para que perder tempo ouvindo opiniões, já temos nossos julgamentos pré-concebidos.
Simplifica as coisas, nesse mundo apressado em que temos que ser mais velozes que a velocidade da luz, um salvador o dito polegar.
É personagem de histórias do imaginário infantil, quem não se encantou com o Pequeno Polegar?

E no mundo virtual, como faz bem à alma dos internautas. É rápido, vai lá, leu, ou nem leu(acontece, ó) 
e CURTE!!!



Pronto, fez um amigo feliz. E passa-se a curtir outros pois temos muitos amigos virtuais, aceitamos as solicitações de amizade mas, gente, não temos tempo!
Pior são os que não curtem nada, esse são muito maus! Como se atrevem? Serão espiões, pensa 'já' aflito o 'já' neurótico internauta.

Voltando à Clarice, a genial Lispector, 
se enxergamos o mundo através de nosso foco do olhar 
e se nossos olhos corpóreos não conseguem captar todas as imagens na plenitude de suas infinitas possibilidades, somos limitados por nossa própria história da vida.
Temos olhos que não distinguem nada na escuridão e a escuridão é extremamente reveladora. 
Os simplistas que me perdoem, mas ao nos aprofundarmos nos mais escuros mistérios 
conseguimos compreender melhor a luz e são poucos 
os que conseguem mergulhar no fundo do poço e voltar sem perder a razão.
Alguns xamãs em suas "iniciações" enlouquecem para sempre, sendo cuidados por toda a vida pela sua tribo. Existem aqueles que já têm guardadas a moedas do barqueiro e não se amedrontam com a visão do nada, 
que já foram mutilados nos seus mais simples desejos e que ainda têm coragem para sorrir para a vida... 
como falar daquilo que nunca conseguiram, nem quiçá, conseguirão captar da experiência vivenciada pelo outro!

Somos todos maravilhosamente diferentes, 
somos infelizmente diferentes, 
somos aqueles que vivem muitas e muitas vidas, 
reencarnando sempre 
e quem se julga ser aqui sua última reencarnação 
que compre um chapéu de louco 
pois se assim o fosse não estaria aqui nesta matéria densa, 
neste mundo em guerras, 
neste caos non sense. 

Nada sabemos nem de nós quanto mais dos outros.
Como um ariano corajoso apressado pode julgar um lento e construtor taurino?
Como um geminiano entretido em seus mínimos e objetivos detalhes pode criticar um  sagitariano subjetivo e com visão do muito mais longe?
Como julgar na nossa diferença?
Só sendo tristemente indiferentes.

E terminando aqui minhas divagações acerca do tema:
E buscando o que em mim é o mais belo como lição, 
ensinamento maior, 
incontestável pela preciosidade do autor da obra,
volto ao Evangelho de Jesus, Novo Testamento,
às palavras do Mestre dos Mestres:

"Não julgueis, a fim de não serdes julgados;
porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros;
empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros.

- Mateus, capítulo X , versículos 7:1 e 2 -



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