Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Para aqueles que se arriscam...



"A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre."
.- Clarice Lispector-


Lembro-me, não com nitidez, mas no meio de  confusa luminosidade, do instante místico em que retornei.
Transformando-me em pequenino ponto no útero materno.
Da luz à escuridão,
metamorfose de ser espírito consciente em ser embrionário..
Um cone afunilando-se, jorrando-me ao pulsar de uma outra vida.
Aos poucos a coragem e a alegria se transformando num sonolento medo ...
Como me receberiam?
Lá no outro lado, meus pais se comprometeram  a me receber
e senti um leve dual: 
uma certa doce alegria e  certo medo da responsabilidade.
Receber um filho de volta é um redemoinho de emoções 
em que o Amor prevalece,,
mas não se exclue o receio de errar 
pois gente erra 
e é assim mesmo,
é o risco de conduzir mais uma vida...
Mas, eu jurei a mim mesmo
que tudo faria para que amassem muito.
Num de repente, mais que de repente,
me vi naquele cone,
velho conhecido de outras vidas,
Caindo num precipício tenebroso, 
me esquecendo cada vez mais de quem seria eu no amanhã.
Já nada mais sabia. 
Num primeiro instante
entrei num Oceano escuro.
Perdi-me totalmente de mim... 
Despertei com um coração pulsando.
Percebi que aquilo que se chamava Vida!.
Ouvi tua voz -  Maria.
Senti tua mão me procurando -  Alberto.

Cada minuto, cada segundo, mais medo sentia.
Eu estava ali tão presa, afinal, 
quem eu seria?

Disseram que eu era um "bater de asas de borboletas".
Seria esse o resolver do meu grande enigma - eu uma borboleta?
O que viria depois?
Tudo tão preso, calado e quieto.
O tempo parecia ter parado no tempo.
Decidido:
eu seria um ser alado,
borboletearia pelos caminhos.
Devia  assim sendo borboleta
ser fácil nascer...
era só abrir aquele casulo e voar,
voar bem alto.
Ah... eu voltaria lá para o lugar de onde vim.
Se as  vozes disseram que eu tinha asas... eu voaria!
Como sempre o nada vira tudo,
Numa noite quieta, de lua cheia,
 eu já estava tão acostumada,
tão quietinha no meu casulo- conchinha...
eis que jorrou em mim uma cachoeira!
Um mundo de águas,
novo redemoinho.
Arremessada numa veloz descida,
acordei chorando 
nas mãos de um estranho branco ser 
humano, ele era humano
e eu, uma humana- menina!
E a dona do ventre estava la, estava comigo, 
sorvi seu néctar, era a minha Maria!
E o dono da mão-carícia - Alberto - de pronto me pegou no colo 
e amou-me por toda a vida!

Nascer é um risco, uma perigosa aventura!
Mas o que seria de minha alma
se eu não assumisse 
esse adorável e temerável risco?
Nascer, chorar, crescer, ter medo, 
Tomar consciência de que se é humano.
Relembrar sempre de algum lugar que nem se sabe onde..
Tudo é risco...
Ainda bem que ultrapassei a barreira entre os dois mundos.
O que seria de nós sem a honra de vencer a nós mesmos.
De aprendermos a extrair dos medos a coragem para enfrentar todos os perigos.
Tudo é risco. 
Nada é fácil. 
Tudo é possível.
Pois a Vida é um milagre, sim!
Um milagre...
vale pena ser assumida a vida!

- Maria Izabel Viégas -



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