Minhas Memórias

Eu.
Sou feita de todas as lembranças de todos os instantes desta vida.
Sou refeita em todas as tomadas de decisões e ações investidas.
Sou construída pelos sonhos de outrora.
Existo pela insistência em declarar-me viva.
No pensar invado a razão.
No sentir mergulho e banho-me em sentimento.
Nas dúvidas extasio-me nas redescobertas.
Nas certezas confronto-me com a complexidade.
Nas emoções reacendo-me em amores e alegrias.
Infinitamente disposta a existir.
Participar ativamente da memória
deste mundo em que escolhi escrever
e ser a minha história.
Aqui é o meu tempo agora...
- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Amigos Caminhantes...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Triste é perder seu corcel, seu rumo


"Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...

Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:

Quebrei as minhas lanças uma a uma!  
...
Perdi a minha taça, o meu anel.
A minha cota de aço, o meu corcel,

Perdi meu elmo de ouro e pedraria...
 
Olho assombrada as minhas mãos vazias...

- Florbela Espanca - in "Perdi Meus Fantásticos Castelos"


Ando cada vez mais ensimesmada com o mundo que me cerca.
Fico em silêncio.
E percebo que não há silêncio...
há sim vozes, risos, gargalhadas e gritos.

Percebo a dor no tom das vozes.

Sufocam o silêncio as vozes insanas.
A fala parece que explode antes do pensamento.
Ninguém ouve e nem presta atenção aos sons que emitem. 
As pessoas me intrigam.
Quedo-me perplexa perante seus atos.
Intento compreender o que se passa
com um homem, com a massa,
com um mundo.
 
Quantos disfarces usam nas máscaras das faces...
de quantas cascas é feito o homem?
Não descubro...
E entristecida sinto em mim a dor do mundo...

A canção da terra urge soar nestes ares! 
Pois só a voz da terra
conseguirá fortalecer o homem,

despi-lo das cascas antes da sua morte...
para que ele viva em Vida...
para que o homem preso à matéria que nada vale,
não vire um mero depósito do Nada.

- Cala-te, voz do homem, pára!
Cessa os risos fracos e fortalece tua alma
Cresce em sentimento e olha o chão que pisas,
para que não percas teus castelos
acumulados na tua louca e vã fantasia. 

Quem perde castelos, anéis, todo o seu ouro... 
Quem perde seu corcel sagrado,
perde seu norte,
mata sua sorte,
anoitece seu dia,
acaba mais cedo do que devia a sua viagem.
Morre... em vida. 
E não percebe que nunca teve nada,
pois não se perde aquilo que se conquista
com a alma, com o coração...

A alma do homem de nada precisa,
só anseia que o homem se aquiete,
silencie e ouça de verdade
tudo que tem real valor na vida!

Ah.... e eu preciso tanto do silêncio para escutar a minha voz quando ela me chama!


- Maria Izabel Viégas -

2 comentários:

William Garibaldi disse...

Mainha!
Maria Izabel, que poetisa és tu!

Linda, Sensível!

Amei!
"Sufocam o silêncio as vozes insanas.
A fala parece que explode antes do pensamento.
Ninguém ouve e nem presta atenção aos sons que emitem.
As pessoas me intrigam.
Quedo-me perplexa perante seus atos.
Intento compreender o que se passa
com um homem, com a massa,
com um mundo. "

Bejus!
William

Clara Lúcia disse...

Que lindo, mainha!!!!!

Eu preciso tanto desse silêncio também, mas não do silêncio do tempo, de ouvir o nada, mas do silêncio de minha voz.... necessito ficar calada por um tempo, pra ouvir meu eco, e seguir em frente....

Beijos, beijos, beijos.....